A campanha eleitoral de segundo turno do PT está diferente, a
luz, a cor, a claridade, a expressão da candidata, o sorriso curto em final de
frases, como que atendendo a uma orientação de especialistas do Marketing Político. Parece que aquela
imagem de “mandona” e o tom de voz ríspido e grosseiro por uma suposta necessidade de parecer imponente
na tentativa de intimidar os oponentes deu lugar a uma postura mais humilde
para pedir uma segunda chance aos eleitores. Mas parece que tudo soa falso;
nada parece verdadeiro e essa mudança brusca e radical no modo de fazer
campanha, até mesmo deixando de lado a cor vermelha e roupas de tons fortes.
Estratégia semelhante foi usada pelos marketeiros do
ex-presidente Lula. O “Lula light.” Adotou o sorriso, o olhar; assumiu cabelo e
barba grisalhos para dar um tom de credibilidade e serenidade. Fizeram do Lula
o menos “casca grossa” possível, como era visto em outras campanhas, assumindo
discurso como sindicalista, do mesmo jeito que fazia nos trios elétricos. Por
fora é possível maquiar, mas o que está oculto só se revela nos confrontos. E é
isso que foi percebido aos poucos.
Certamente os eleitores mais observadores e a população mais
informada veem isso como uma estratégia para passar uma nova imagem com o mesmo
rosto; um “novo governo” com os mesmos personagens, inclusive, defendidos de
maneira incisiva para minimizar o impacto das denúncias de corrupção. Na cabeça
deles - admitir a corrupção de seus aliados e que fazem parte dos quadros do
partido e que ainda recebem apoio do ex-presidente Lula que fora do país diz
que mensalão não existiu e que essa história será recontada – é desestabilizar
o processo eleitoral. A estratégia de por em dúvida as denúncias, atribuindo-as
“a uma parte da imprensa” e usar o discurso
da candidata petista de que “não pode acusar ninguém sem provas” – é mais um
reforço à dúvida. Na cabeça deles, isso pode levar as pessoas menos informadas
a pensarem mais sobre as acusações e até mesmo imaginar que existem “forças
ocultas” querendo tirar o PT do governo, esquecendo-se que essa “força oculta”
é o resultado de seus próprios desmandos, que aos poucos, tornam desgastados
qualquer discurso ou frases de efeito e refrões
repetitivos na tentativa de desviar o olhar do povo para os reais motivos, para
o foco do problema. Já está desgastada a máxima usada de que “todo mundo é
corrupto.” Um Estadista responsável jamais diria isso a um país, senão chamando
todos à responsabilidade de combater os erros.
A autodefesa apontando as falhas dos outros, não é digno de
um governante que respeita a honra, a dignidade e a hombridade.
Percebo um cansaço quase que generalizado por parte das
pessoas que não conseguem ver alguma mudança nesse quadro avassalador que se
instalou no país. O desgaste é grande, e a tentativa de o PT omitir seu nome na
campanha, mudar a aparência para dizer que mudou na essência, torna pior ainda
a situação, pois isso mostra que a grande preocupação do partido é continuar no
poder, que arrebanhou um grupo grande que hoje depende do favoritismo político
para sobreviver. O próprio Lula diz: ”Eles não sabem do que somos capazes de
fazer para Dilma ter um novo mandato.” É um tom ameaçador, destoante daquele
que tenta se vitimizar, dizendo que existe um “ódio” contra o PT. “Eles odeiam;
tem dor de cotovelo porque queriam estar em nosso lugar” – um discurso barato,
que se manifesta pelo “narcisismo político” totalmente fora de tom, quando se espera de um
governante ações práticas de suas propostas.
A oposição atribui essas ocorrências escandalosas ao
aparelhamento do Estado, que visa utilizar essas empresas estatais como o “quartel
general” de seus apaniguados políticos e militantes. Quando mais
abrangente se torna o poder do partido, mais proteção tem em seus atos de
corrupção, pois tudo fica dentro de casa mesmo. Graças ao papel da imprensa de
divulgar esses escândalos, a população fica sabendo, pelo menos, de parte do
que realmente ocorre nos bastidores do poder, do que ocorre a portas fechadas. Não
é à toa que o PT cobiça Estados e prefeituras, porém, cada vez mais desgastado,
o partido, mesmo tendo o Governo Central, não consegue eleger governadores em
Estados estratégicos. O PT tem um projeto de poder bem organizado, porém com
estruturas podres que não se sustentam por muito tempo, pois a corrosão da
corrupção age de dentro para fora. Enquanto permanece entre quatro paredes, a
maquiagem ainda funciona, mas depois da erupção, fica muito difícil restaurar a
imagem de dignidade e decência. Continua a mesma cara com um novo disfarce.
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