sexta-feira, 31 de outubro de 2014

E AINDA DIZEM QUE JESUS ERA COMUNISTA

O bom pastor dá a vida pelas ovelhas


Há muitos defendendo que a mudança na sociedade ocorrerá por uma forma e regime de governo. Há os que demonizam o capitalismo, outros, o comunismo e socialismo. Mas todas as formas de governo ou regime tem, em sua composição, ideias e valores humanos, com base em seu caráter e suas experiências. Ao longo da história observa-se o fracasso na tentativa de muitos para mudar os rumos da sociedade pela imposição, pelo cerceamento das liberdades, pelas lutas armadas.  Não importa o regime, a finalidade é o domínio e o  controle.
Neste ponto chamemos a atenção para cada um de nós. O que representamos diante desse contexto? Quem somos nós, diante das escolhas que fazem em nosso lugar, ou que somos induzidos ou obrigados a aceitar por não apresentarem outra saída, que contrariam os valores que aprendemos e os princípios que incorporamos?
Alguns consideram que Jesus foi um grande comunista, até mesmo para defender que os comunistas defendem os pobres como fez Jesus.
Jesus não só multiplicou pães mas despertou a consciência

Mas o mesmo Jesus que alimentava ao faminto, também ensinava: “Vocês não devem me seguir por causa da comida; vocês devem trabalhar pelo pão que permanece para a vida eterna.” Jesus não desejava o reino do mundo, mas que seus ensinos reinassem no coração dos homens.
Não podemos rebaixar o ensino do Mestre ao campo da defesa política, pois o propósito dEle era libertar as pessoas do jugo da pobreza espiritual que se refletia em todos os demais comportamentos, seja o de preconceito nos relacionamentos ou de classes sociais. Prova disso foi que uma vez algumas pessoas tentaram impedir que crianças se aproximassem dele, e foram repreendidas. Jesus, como um Judeu, conversou com uma mulher Samaritana, quebrando todo o preconceito de raça: Judeus tinham intriga com Samaritanos. Jesus perdoou os pecados de uma prostituta dando a ela a orientação para que não pecasse mais. Ao corrupto Zaqueu, estendeu seu perdão e foi capaz de visitá-lo em sua própria casa - e essa aproximação de Jesus converteu o coração do cobrador de impostos ilegais a ponto de ele sentir a vontade de devolver tudo o que havia roubado. E não foi por força da lei que o publicano foi obrigado a isso, mas pela força do poder do amor de Cristo que fez com que o corrupto Zaqueu, odiado pela sociedade oprimida, despertasse a consciência do que havia feito com a população. A obrigação por força da lei ou imposições não resulta em atos produzidos pela mudança do entendimento, que é o que Deus considera. É possível praticar coisas boas, porque se tornam uma sugestão coletiva, mas os motivos do coração são mais importantes. 

Não é forma nem regime de governo que fará com que as pessoas sejam solidárias umas com as outras. Não é pela força de lei ou imposições, ou intrigas que fomentam o separatismo e alimenta o ódio, que tornará as pessoas conscientes de seu compromisso de amor ao próximo.
Os escribas e fariseus eram os políticos dos tempos de Jesus, e por diversas vezes foram repreendidos pela maneira com que agiam. Foram chamados de hipócritas, porque não praticavam o que diziam.
E não é assim ainda hoje com os políticos modernos? Os que vivem criticando os ricos, mas vivendo no mesmo luxo que eles, comendo da mesma comida, bebendo da mesma bebida.
Não é isso que vemos hoje? Políticos que se fazem amigos dos pobres, mas deles só querem o voto para permanecerem no poder, e para isso os iludem com coisas que não passam da superfície, da aparência?
Os que chamam Jesus de comunista, talvez não entendam que o propósito dEle aqui na terra foi despertar no homem o espírito do amor, da compaixão, da solidariedade, do perdão. 
Ainda hoje, grupos políticos fazem separação de ricos e pobres, mas Jesus tratou a todos em sua essência como seres humanos.
Seus profetas agiam em conformidade com suas orientações.
Quem se lembra do episódio da viúva endividada que estava prestes a perder tudo o que tinha, quando o profeta Elizeu invocou o milagre e ajudou aquela senhora? Ela tinha apenas um pouquinho de azeite numa botija. O milagre foi tanto que ela juntou com a vizinhança uma grande quantidade de vasilhas para que o azeite fosse deitado. E o azeite não parou de jorrar de sua botija enchendo as demais, enquanto havia vasilha para encher.
Jesus não ajuda ao pobre com migalhas. Ele não faz política para tornar pessoas escravas ou dependentes de seus benefícios. Jesus dá em abundância, e liberta o ser humano.
Jamais foi preconceituoso. Andava em meio a multidão, e discorria com os doutores. Aos grandes e pequenos sua mensagem era a mesma. 
Paulo, seguidor de Cristo, orientou a seus irmãos sobre o preconceito e o julgamento pela aparência, ao dizer-lhes para não fazer acepção de pessoas, convidando os de anel no dedo para ocupar lugar de destaque e desprezar os humildes. 
Jesus chamou a atenção dos fariseus que se mostravam superiores, no momento em que exaltou a oferta da viúva pobre, que deu tudo o que tinha no templo, enquanto os maiorais davam um pouco do que tinham e se vangloriavam.
A mensagem para aquele homem rico e abastado que tinha bens e comida em seu celeiro para se fartar, é uma reflexão importante: Se você morrer esta noite, para quem ficará?"
Jesus não disputava cargos políticos

Mesmo assim, alguns consideram que Jesus foi um grande político. Na verdade Jesus era, em sua essência, o amor personificado. Não atraía as pessoas por “estratégias” manipuladoras. Ele era o amor. Não tinha interesse em poderes terrenos, nem de subir a algum trono feito por mãos humanas. 
Nenhuma forma de governo ou sistema pode mudar a sociedade. Homens no poder, escravizam homens em troca da liberdade de outros, por seus próprios critérios e referências egoístas, partidaristas. Mas cada indivíduo pode ser transformado  pelo amor de Cristo, não sob o comando de um outro homem, falho, fraco, pecador. 

Quando isso ocorrer, muitos serão capazes de abandonar a política e praticar o bem, de verdade. É bem provável que as pessoas que amam, governam-se a si mesmas, sob a orientação do amor de Deus, sem bandeiras de luta, sem separatismo. 

Não é forma nem regime de governo que fará com que as pessoas sejam solidárias umas com as outras. Não é pela força de lei ou imposições, ou intrigas forjadas que fomentam o separatismo e alimenta o ódio, que tornará as pessoas conscientes de seu compromisso de amor ao próximo. A mudança do indivíduo não resulta de uma luta por bandeiras, subjugando a uns em favor de outros. São erros combatendo erros; são dedos sujos apontando a sujeira do outro. Assim, essa batalha não terá fim, pois será uma disputa de forças, que vencem e que perdem; que sobem e descem, que alternam suas posições em questão de tempo, mas que não promove a mudança necessária que deve começar no coração dos homens.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

NÃO SOU RICO, APENAS TRABALHO!

Falta de dinheiro e pobreza são paralelos que não se encontram.
Quando eu era criança vivia lendo as frases de para-choque e nas traseiras das carroças puxadas por cavalos. Num caminhão: "Deus ajuda quem cedo madruga." Uma das frases me chamou a atenção: "Não tenha inveja de mim porque não sou rico, apenas trabalho." Mais curioso é que a frase estava escrita a pincel, com letras borradas na parte de trás de uma carroça carregada de areia lavada. Ao olhar na superfície, vem o pensamento: "Quem poderia invejar a vida de um carroceiro" se existe outras profissões de mais status? 

Hoje parece que a cobiça por coisas maiores e melhores segundo um novo contexto social, tem feito muitas pessoas invejarem sem ao menos desprenderem esforços necessários para alcançar aquilo que desejam. O estímulo para o alcance do status e poder de consumo que é sugerido como "realização" na vida, deve ser feito com a devida orientação para que a busca pelas coisas seja apenas um fim que deve ser alcançado sem os critérios do respeito e solidariedade para com o próximo e suas conquistas por mérito de seu trabalho. Muitas pessoas cresceram na vida com esforço e o suor de seu rosto, que resultou de planejamento e sonhos. Ao olhar a vida de pessoas realizadas, muitos não conseguem enxergar o sacrifício que tiveram para essa realização.
Mas ao olhar a vida daquele carroceiro depois, era possível perceber que ele não tinha uma vida miserável, apesar de aparentemente seu trabalho não ser "invejável." Morando em um bairro pobre, sua casa era diferente das outras. Seus filhos pequenos matriculados na escola pública. Em sua mesa não faltava alimentos. Não vivia no "luxo", mas tinha o essencial para viver. No quintal de sua casa, tinha um carro velho, bem antigo, mas levava a família para a igreja e de vez em quando passeava com os filhos. Mais tarde, aposentou a carroça e comprou uma velha caminhonete e foi crescendo aos poucos, com planejamento. Parecia ter objetivos claros. Era um homem que acreditava que tudo na vida se adquire pelo trabalho. Apesar de não ostentar grandes posses, estava longe de ser um homem pobre. Pobreza é estilo de vida.

Mais que isso é importante desenvolver espírito solidário

Ele trabalhava desde o amanhecer. Seus filhos cresceram vendo o exemplo do pai, estudaram e se formaram.

Era comum perceber que alguns tinham certa "inveja" do pouco que aquele homem possuía, mas com honestidade.

Mas isso acontece até hoje. A diferença é que esse comportamento tem sido estimulado pelo governo, que em vez de promover oportunidades e governar para o desenvolvimento do país, protagoniza críticas ao que chama de "elite" adotando atitudes "paternalistas", superprotegendo àqueles que deveriam ser estimulados ao trabalho, mas acaba suscitando a inveja e a cobiça por coisas, sem cumprir o que é necessário para esse fim. 
A "elite" de hoje, foram os trabalhadores de ontem que se esforçaram e produziram, inclusive, riquezas para o nosso país. 
Observe a história de vida de grandes empresários consolidados no mercado; os concessionários de empresas de ônibus; redes de supermercados entre outros. 

É preciso saber separar carência da pobreza.
A miséria e a pobreza devem estimular a força do trabalho, da motivação, não a dependência. Mas para estimular o trabalho e oportunidades, o governo precisa promover o necessário para que isso ocorra, desde a cultura e educação até o desenvolvimento econômico e social. 
Com o atual comportamento adotado pelos líderes da nação, a sociedade continuará dividida entre a "elite" e os miseráveis; entre os que comemoram sua ascensão na escala social por méritos pessoais, capacitação, esforço e trabalho, e os que vivem olhando a esses como inimigos e usurpadores dos pobres; que vivem cobiçando, invejando e nutrindo sentimento de ódio, manobrados pelo poder oficial, como se também não pudessem mudar de vida com métodos semelhantes. Parece que é isso que ultimamente muitos tem aprendido. E esse comportamento não colabora para a mudança social, pois se respalda nas diferenças como um meio de sustentar uma política usurpadora do bem maior  do País. A preguiça não deve ser afagada, pois custará caro. O preguiçoso ambiciona e nada alcança, mas os desejos daquele que se empenha na obra serão plenamente satisfeitos. (Provérbios 13:4) 

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

NOVOS CARAS PINTADAS?

Campanha contra o presidente Collor que renunciou antes
do processo de cassação do mandato. 
Clima de golpe no ar? As manifestações na internet que estimulam eleitores a assinarem uma petição de apoio à ideia de Impeachment da presidente Dilma Roussef, vem crescendo aos poucos. No site Avaaz há mais de 1 milhão e 300 mil adesões. Grupos nas mais diversas cidades convocam os insatisfeitos com o governo da presidente Dilma a saírem às ruas em protesto.
Um dos grandes temores que pairam sobre grande parte da população do país, é a política comunista que o PT pretende implantar, muito mais preocupante do que os casos recentes de corrupção. Políticos de oposição dizem que os desvios e lavagem de dinheiro, mensalão e outros casos de corrupção, são meios de o governo se fortalecer, comprando apoio e abrigando apaniguados políticos em diversos órgãos estatais.
Material distribuído sugere impeachment de Dilma

Mas de que valeria o Impeachment da presidente Dilma à essa altura? Nesse caso, quem assumiria a presidência por  impeachment ou vacância é o vice, que é do PMDB, partido estratégico para manter a governabilidade, assim como fez em outros governos, por meio do fisiologismo e barganhas. Não se sabe até que ponto o PMDB é sincero em sua defesa ao governo, ou se aquieta pela zona de conforto que conquistou, mas esperando um estímulo maior para agir. Pode ser que o “golpe” não venha de fora. É de se estranhar como um partido forte não lança candidatura própria à presidência da república. Talvez por estar ganhando muito mais apoiando o governo. Há um clima de suspense no ar. Há um descompasso entre o Congresso e as ideias da presidente Dilma em muitos pontos que precisam ser esclarecidos. A bancada de oposição acredita num golpe do governo contra a democracia, adotando o que se pratica em países comunistas, acusando o governo, inclusive, de forte aproximação com governos ditadores que controlam o Estado, a mídia, o aparelhamento de estatais, entre outros, com o objetivo de se perpetuarem no poder.
Parece que Dilma baixou o tom e fala em dialogar, o contrário do que veio fazendo até aqui, sendo acusada pela oposição de “apequenar” o Congresso, onde muitos partidos fazem parte dos planos do governo e se “ajoelham” diante de suas “ordens” como revelou recentemente o Senador Mário Couto do Estado do Pará. Ele criticou o silêncio do Congresso diante de tantos escândalos ocorridos no País, levantando suspeitas de que muitos estão “comprados.”
Um pedido de Impeachment nesse momento, seria viável sob esse ponto de vista? Ou seja, se a presidente tem a maioria em sua base, não haveria em maior escala a tentativa de barrar, assim como fez isoladamente o  Deputado Roberto Jefferson que criou a tropa de choque para poupar Collor do Impeachment em 1992?
Collor não tinha maioria no Congresso. O país passava por algo novo e o povo foi, de algum modo, manipulado a aceitar a saída do presidente que mal havia entrado. E até hoje muita gente ainda não sabe qual foi o verdadeiro motivo do Impeachment de Fernando Collor.Mas naquele tempo, corrupção parecia um tema novo no governo, havia um repúdio maior da população. Não ficou claro se era o povo mesmo que foi para as ruas, ou se grupos de militantes políticos falando em nome do povo. O que se sabe é que muitos dos que participaram das manifestações foram abrigados sob as asas do PT quando chegou ao poder, como sindicalistas e representantes de movimentos estudantis e sociais. Aqueles que eram pobres, ficaram ricos com a ascensão do partido. 

Agora fala-se de impedimento de uma presidente que faz parte de um partido que está há 12 anos no poder. Os escândalos de corrupção e CPIs não foram suficientes para responsabilizar o presidente Lula, nem a presidente Dilma. Há uma rede de proteção para evitar suas citações nesses escândalos mesmo que indiretamente, como chefes máximos da Nação, responsáveis diretos de sia administração. Essa proteção vira os holofotes para os delatores que são desacreditados, colocando-os na mesma situação dos corruptos. Assim foi feito com Joaquim Barbosa, que julgou o caso e condenou os envolvidos, mas foi desacreditado pelos petistas, que o atacaram frontalmente.Assim o governo reage contra a mídia que divulga para a população, escândalos que por outro meio não saberia. A livre expressão das pessoas pelas redes sociais e o impacto dessas opiniões sem interesses pessoais, não é bem vista pelo governo a ponto de discutir a regulação das mídias. 
Capa de revista reportava ao escândalo
do mensalão e a defesa de Lula para o ocorrido

Os tentáculos de sustentação do governo atual são grandes, e alcançam os poderes paralelos. É preciso saber até que ponto a pressão do povo será capaz de fazer o governo aceitar passivamente esses rumores, sem se preparar, usando suas prerrogativas com respaldos e brechas legais para se proteger de um golpe.
O governo emplacou a ideia de que corrupção sempre existiu e a tática de apontar as corrupções de outros governos, tem servido de defesa de seus desmandos. E a ideia tem sido aceita por grande parte da população. “Os erros não são do presidente”, dizem, são dos aliados, que mesmo assim, continuam exercendo posições privilegiadas dentro do partido e protegidos como “heróis nacionais.”

Não é fácil derrubar esse governo. Mesmo com suas bases corroídas pela corrupção, tem um palanque oficial que é usado para acusar parte da sociedade como uma “elite” que quer destruir os pobres e miseráveis. Essa ideia ainda está colando! Manter a sociedade dividida é uma tática importante para se estabelecer o caos, e se apresentar as possíveis soluções. Fazer isso do lado de dentro, com as prerrogativas oficiais, escudados pela legitimidade do voto popular é muito mais fácil. Na maioria dos casos, é estratégia imbatível. A acusação de corrupção é tirada de letra: “não sei, não vi, assinei sem ler, a culpa não é minha”...

O PAPA TAMBÉM FALHA

Recentemente o Papa Francisco flertou com homossexuais e agora corteja a teoria evolucionista que trata sobre a origem do Universo, temas que dividem posições, se confrontadas pela Bíblia. É possível que essa aproximação do líder religioso esteja mais interessada em tornar a Igreja Católica mais bem aceita no mundo pós-moderno por manter uma postura mais permissiva e menos protestante aos comportamentos sociais, opções ou crenças que fogem dos princípios Cristãos. 
O discurso do Papa sobre os homossexuais não representou nada além do que os cristãos já praticam: o respeito, a aceitação do ser humano. Mas não é isso que está em jogo nesse tema tão sério, que vai além da questão das relações sociais, mas relaciona-se aos "frutos da carne", as "paixões baixas" sobre as quais Deus vai intervir. "A prostituição, a impureza, e o apetite desordenado; a cobiça e a idolatria."

Ao falar para os que defendem a teoria evolucionista, o Papa pôs em xeque a crença cristã do criacionismo e da literalidade como a Bíblia descreve sobre a Criação do Mundo. O Papa considerou o Big Bang, a explosão cósmica que, segundo a teoria da evolução, teria criado o Mundo. "Deus não fez mágica."  - disse o Papa.
Mas a Bíblia considera que Deus falou, ordenou, e tudo se fez. (João 1:3). Aí aparece o verbo fazer. A Bíblia fala de um mundo Criado. Negar a criação, seja qual for a força de expressão que se utilize, é negar o Criador. 

O reconhecimento de Deus como o Criador é fundamento da fé cristã. O Deus criador não aparece no Gênesis, mas também no Livro do Apocalipse, cujo verso chama a todos à adoração àquele que fez o Céu, a Terra, o mar e as fontes das águas." O cristão que crê na Bíblia não pode negar que também é "feitura" de suas mãos. 
Esse é o ponto que torna estranha a posição do Papa. Um equívoco teológico, ou atitude proposital visando outros interesses. 

Abrir mão da influência no mundo, para ser influenciado pelo mundo. "...não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus." (S.Tiago 4:4).

Não se trata de odiar, guerrear contra pessoas. Significa não compactuar com os erros e seus desejos e cobiças contrárias aos propósitos de Deus. O líder religioso tem um papel fundamental na instrução e condução das pessoas, despertando-as da necessidade de um encontro com Deus pela comunhão com Ele.
Esta pode ser uma nova falha da Igreja Católica como "representante de Deus na Terra" como se autointitula. 

O discurso em cima do muro vindo do Papa, tem confortado corações que pretendem viver conforme seus conceitos e paixões, fazendo com que essas práticas não configurem "pecado" contra Deus. Isso pode causar mais dano à sua própria vida, pois pela representação que é diante do mundo, deixa de cumprir seu papel de reconciliação do homem com Deus. A Igreja não deveria perder sua identidade segundo os planos de Deus avançando em estratégias humanas para torná-la popular e menos rejeitada. 

"E digo-vos, que todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus. Mas quem me negar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus." 

O Papa é falível, sim.  E como tal, precisa reconhecer seus erros e sua responsabilidade sobre a maneira de crer dos povos. Como haveremos de ter uma só fé, se "a fé vem pelo ouvir, e o ouvir a palavra de Deus?"  Como ter um só senhor, se ele se divide e se desconecta de sua palavra?


A Igreja Católica pelo Papa João Paulo II no ano 2000 reconheceu várias falhas cometidas no passado,inclusive contra os Judeus. A postura do novo Papa em relação a temas pós-modernos, com respostas relativistas, pode ser as falhas da modernidade, das quais poderá não ter tempo de se arrepender. 

"Temei a Deus e dai-lhe glória, pois vinda é a hora do eu juízo, e adorai aquele que fez o céu, a terra, o mar e as fontes das águas." (Apocalipse14: 7).


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

VIVA A SOCIEDADE "EMBURRECIDA"

Há muitos que exaltam o favoritismo do governo e sua maneira de "tutelar" os que são tidos como "menos favorecidos."
De algum modo, traz benefício, por outro, causa uma extrema dependência e cobrança de que alguém faça sempre alguma coisa, deixando de assumir que é papel individual o crescimento social e financeiro por meio do trabalho e competências. 
Há um certo temor sobre a qualidade dos profissionais do futuro quanto à competência e aptidão para o exercício de sua atividade. 
A geração de autodidatas passou. Aqueles que tinham interesse pelo saber, pela pesquisa, pelo estudo. Por conta própria. Esses gabaritavam em provas e concursos. Havia um interesse, um estímulo para ser melhor, para cumprir os requisitos, para vencer por méritos. E valia a pena. 

As facilidades hoje vão desde a aprovação automática nas escolas, em que alunos não mais repetem de ano por não alcançarem o necessário para aprovação e assim ser promovido a uma outra etapa. O ensino é "light." Não precisa ensinar gramática nem suas nomenclaturas. O importante é se comunicar, cada um do seu jeito. O aluno aprende a ler no tempo dele, quando tiver interesse. 

Aos poucos, a sociedade está sendo emburrecida e os confrontos com os desafios, é mais motivo de briga por seus "direitos" do que pela vontade de se adequar às exigências. 

Já foi-se o tempo em que estudantes tinham que se esmerar nos estudos para ingressarem numa universidade pública, sem favoritismo, sem cotas. Tinham que ter nota. Tinha que saber. Os que assim hoje fazem, são exaltados à escala de gênios. 
Os cursos técnicos eram oferecidos, e eram vários, desde o SENAI, até os oferecidos por correspondência, como o Instituto Universal Brasileiro, Padre Réus, que oferecia uma variedade de cursos, desde desenho à eletrônica; corte e costura à mecânica de automóveis. Quem queria, podia. 

O problema é que hoje, muitos podem sem querer, por isso o resultado é tão assombroso. Muitos são "empurrados", sem vontade própria. O resultado disso se vê a longo prazo, no momento em que se depara com a dura realidade da vida.
O favoritismo governamental torna-se uma verdadeira ilusão que não pode ser percebida a curto prazo, mas no momento em que o jovem se depara com a realidade lá fora. 

Mas, a tendência é nivelar por baixo. O que se exigia do gari, não se exige mais. Ele precisava ter estudo, agora não. Se o presidente da República que não tem diploma governa um país, não seria justo cobrar de um trabalhador comum um curriculum escolar.  E assim caminhamos nós. O que tinha valor, deixou de ter. O que era honesto, agora não precisa ser. 

SOU LADRÃO PORQUE TODO MUNDO ROUBA


Esses  dias  dei uma palestra numa escola e falava de valores com os alunos, considerando que na vida nós temos que fazer escolhas. Mas por causa disso, muitas vezes escolhemos algo que não dá o resultado que esperamos, porque nem sempre olhamos os exemplos à nossa volta e desejamos ter as nossas próprias experiências. Falei sobre as referências de honestidade, de falar a verdade; de não ser complacente com as coisas erradas.
Fui surpreendido por um aluno que levantou a mão pedindo a palavra e o concedi. Ele perguntou:
-Mas todas as pessoas não cometem erros? A Dilma disse na televisão que todos são corruptos!
Sim. É  um  outro tipo de referência.  E aquela que ganha maior destaque na sociedade, acaba tomando o lugar de outra. Passamos a justificar-nos diante dos erros que cometemos, porque o outro também erra. Aos poucos, essas reações se tornam tão comuns, que admitimos aquela frase de muito tempo atrás: “Ladrão que rouba de ladrão, tem cem anos de perdão.”
Se  temos a consciência de que podemos cometer erros, é essa mesma consciência que deve ser usada para avaliarmos nossas tendências e refrear nossas atitudes errôneas.

O que pesa nesse ponto são as referências e em que baseamos nossas escolhas. Há sempre o outro lado da moeda que precisa ser considerado.
Onde a injustiça opera, quem erra é quem busca a justiça; onde a desonestidade impera, o inimigo é o honesto; onde a mentira tem lugar, a verdade é rejeitada; para o ladrão, errada é a polícia que atrapalha seu "trabalho."
Que  referências  temos sobre os valores com os quais fomos instruídos e sobre as quais a sociedade foi construída? 




Há muita gente cansada de nadar contra a maré. Mas há outros conformados a ponto de dizer: “O que não tem remédio, remediado está,” ou: “ruim com ele, pior sem ele.” E assim caminha a humanidade.

Em se tratando de governo, é possível que a sociedade seja nivelada por baixo, quando não existe vontade de resgatar esses valores já com suas bases estremecidas. É mais fácil deixar que cada um seja entregue à própria sorte; que crie suas próprias leis e que cada um brigue entre si mesmo por seus "direitos" com base em suas referências, de acordo com sua própria realidade. 

A proposta é desqualificar a verdade, desacreditar a honestidade; pôr em dúvida a decência. O propósito é acusar de inimigo todo aquele que contraria seus interesses.  

É esse tipo de pensamento que leva a presidente da república dizer para uma senhora formada e qualificada em sua profissão, fazer um curso técnico para encontrar vaga no mercado de trabalho. 

É o tipo de mentalidade que levou o ex-presidente Lula criar preconceito contra outro ex-presidente pelo muito estudo que tem, criticando-o por ter um extenso curriculum. Essas são as referências de hoje para a nossa juventude. "Não preciso falar inglês para ser presidente da república", entre outras pérolas que desconstroem a ideia de capacitação, desvalorizando os que buscam o conhecimento e o mérito pelo esforço pessoal. 
Para onde estaremos caminhando se concordarmos com  as explicações e justificamos nossos erros, só porque todo mundo erra? O que dizer para uma criança que roubou o lanche do colega? Que ele pode roubar sim, se está com fome, e porque o pai do colega tem mais dinheiro? Basta ter uma explicação do erro para torná-lo menos errado?
Parece que hoje não precisa ser bom, competente, correto, basta mudar a regra do jogo.

Nossos jovens tem aprendido que o crime compensa e que criminosos são exaltados ao mais alto grau da sociedade e tidos como "heróis" respaldados por uma geração de valores desconstruídos. Nunca houve tanto esforço dos pais para apontar os bons exemplos a serem seguidos. 

As coisas erradas não devem ser aceitas como regra, só porque admitimos nossa tendência para errar.
Nossa sociedade vive uma crise moral nunca vista na história. Os escândalos de corrupção, enriquecimento ilícito de governantes, já não chocam. De cima para baixo acaba se tornando uma referência, legitimando seus atos, sob o argumento de que assim outros fizeram.
Caminhamos para um abismo moral. Este é bem pior que as necessidades sociais, pois sem a referência do que é moral, justo e decente, tornamo-nos escravos e manipulados. Somos fisgados com a isca que usam para obterem o poder sobre os mais fracos.


sábado, 25 de outubro de 2014

CONTE ATÉ DEZ

A paciência obedece a um comando, e é requerida nos momentos em que deparamos com situações nas quais perdemos o controle do objeto e passamos a controlar os impulsos que nos remetem a extrapolar as emoções, na tentativa de esvaziar a sensação de impotência. Entre o momento em que ocorre algo que nos deixa no limite entre a paciência e a reação contrária, o intervalo pode ser o tempo para refletirmos sobre a situação, que depende, principalmente, da nossa disposição em negar o que o ego nos sugere que façamos, e o que as nossas razões respaldam.
Recentemente passei por um teste de paciência quando fiquei impossibilitado de sair do estacionamento por um outro veículo ter sido estacionado logo atrás, interrompendo a passagem. Quando cheguei ao local, a primeira atitude foi olhar em volta para ver se o dono do veículo estava por ali. Perguntei a um e a outro, e ninguém sabia de quem era o carro estacionado. 
Pensei comigo: Como uma pessoa pode fazer uma coisa dessas, sabendo que parou atrás de um outro carro estacionado interrompendo a saída? Comecei a julgar em meu pensamento o que podia levar alguém a fazer o que nunca eu seria capaz de fazer com o outro? Fiquei aborrecido, nervoso, mas pensativo.Vi dois policiais numa esquina à frente, fui ao encontro deles e os abordei perguntando qual seria o procedimento naquele caso. Foram mais de 40 minutos de espera, até que o policial, olhando pelo vidro do carro, encontrou uma pista. A tensão aumentava à medida em que o tempo passava. Muitas embalagens de produtos para PetShop. Bem na rua de cima havia uma loja do ramo. Um dos policiais foi até o local e localizou o motorista do carro, e o problema foi resolvido.  Ele apenas pediu desculpas, quando o perguntei: "Se você estivesse no meu lugar, o que você faria?" 
"Não sei te responder" - disse ele. 

Um dos policiais admirou-se da minha paciência, e revelou: "Eu me coloco no seu lugar, imagino o que você está sentindo e são poucos que reagem do jeito que você reagiu num caso como esse." 

Mas o que eu podia fazer a não ser fazer o que fiz?  Nenhuma outra atitude resolveria a situação. O momento do intervalo me fez pensar muito, apesar de muitas coisas terem passado por minha cabeça, até mesmo a vontade de depredar o outro veículo, arrastá-lo de onde estava. Mas de que valeria isso, a não ser criar outro problema?
Agir pelo impulso momentâneo é um perigo à integridade em todos os sentidos. A paciência é a nossa proteção quando não temos mais o que fazer. 
Ser tolerante é exatamente isso. Mas é preciso que tenhamos outras referências que refreiem o nosso ímpeto de reagir. Andar em espírito. Esta é a saída orientada pelo Apóstolo Paulo: 
Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei.
E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito. Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.


Gálatas 5:16-26

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A VIOLÊNCIA DESFOCADA

A superexposição do crime, faz com que atos isolados ganhe
proporções gigantescas a ponto de tornar a sociedade
 refém do medo. 
Há mais de 30 anos, Leonel Brizola, o falecido ex-governador do Rio de Janeiro defendia que há dois tipos de violência: a provocada pela “explosão” juvenil, e aquela que vem de cima para baixo. Brizola não aceitava a ideia de tratar os jovens como criminosos, depois de muitos deles serem mortos por policiais. “São jovens sem amparo e jogados à própria sorte, sem orientação e educação, que se misturam a outros” – dizia. O ex-governador atacou a violência de cima para baixo, sobretudo a divulgada pela televisão. Para o político,  é preciso entender que há o crime organizado, e a cultura da violência no país começou a partir da revolução de 1964. “Há grupos criminosos que se sustentam do crime.” Á época Brizola chegou a atacar: "O Rio de Janeiro não fabrica armas, não fabrica drogas; as drogas do Rio vem de São Paulo, que vem da Bolívia". A fala de Brizola é, de fato, uma denúncia sem ressonância há muito tempo. Levanta-se suspeita de que há algo muito maior, grandes interesses por trás da falta de fiscalização e repressão no núcleo do problema, deixando transparecer que todo o trabalho de combate é apenas um bem elaborado faz de conta. 
Homem é imobilizado após arrastão em praia do Rio de Janeiro

Esses dias me surpreendi com a pergunta do meu filho: “Pai, por que os criminosos não acabam, se a maioria das pessoas quer o bem?”
Essa pergunta me fez lembrar um pensamento que se passava em minha cabeça quando assistia a umas cenas de crimes e guerras de tráfico explorado pela televisão durante muitas horas, de cenas repetitivas. Parecia que não havia outra saída; ninguém via o outro lado da cena. As câmeras focavam a guerra do tráfico, dando a ela uma dimensão extraordinária, supervalorizada. Olhando em volta, as pessoas iam e vinham para o trabalho; a vida do outro lado parecia continuar em uma suposta paz. Mas as cenas de terror e o alardear de atos criminosos, espalhavam o pavor colocando as pessoas umas contra as outras; ninguém ousava olhar em direção do outro com medo do que podia acontecer. É quase comum que pessoas se sintam inseguras num ponto de ônibus, por exemplo, quando alguém se aproxima. 

É verdade que o bem deixa de influir porque destaca-se demasiadamente o mal e os erros. Volto a citar Brizola: “O perigo da televisão é o foco. Foca uma pequena parte de areia e diz que é o deserto.”São cenas isoladas que correm o mundo inteiro. O crime organizado é um "mundo paralelo" ou um submundo, dentro de nossa sociedade e obviamente afeta diretamente a quem está ligado a seus interesses e indiretamente aos cidadãos comuns que são atingidos sem terem participação ativa ou responsabilidade sobre as ocorrências.  
A TV aberta encerra o dia com notícias de violência
Hoje em dia há a necessidade  de  as autoridades mostrar serviço para a população em geral, afetada por essa minoria criminosa que provoca estragos sociais consideráveis, prendendo criminosos, tirando-os de circulação e nada mais que isso. O governo fala em construir presídios e aumentar o policiamento nas ruas, mas verdadeiras causas não são combatidas paralelamente. Quando se fala em segurança pública, defende-se mais equipamentos e armamentos e a contratação de mais policiais. É o mesmo que contratar médico e não ter hospitais. A redução da maioridade penal defendida por muitos para evitar que menores pratiquem crimes, poderá ser apenas um atestado de responsabilização, sem nenhum efeito preventivo.
Apesar de importante, a ação é apenas paliativa. O combate ao
transporte de drogas não é o combate da produção. 

A violência não deve ser tratada apenas pela ótica das consequências e dos traumas sociais – pois discutir o efeito pode desviar o olhar de algo mais profundo-, mas observar os diversos fatores desencadeantes de atos violentos e criminosos tão explorados pelos programas policiais (que não tem outra função a não ser de fomentar a revolta de quem assiste),  a crítica à justiça acusada de não cumprir seu papel diante das novas tipificações, diferente do que se praticava no passado.
Se há novas modalidades de crimes, vale salientar e observar, como o avanço da sociedade tem estimulado a prática cada vez mais horrenda de crimes, estampadas nas páginas policiais. A supervalorização do crime acaba passando a ideia de que há uma generalização pelo enquadramento que as câmeras de televisão mostram, gerando uma sensação de pânico, tornando pessoas de bem reféns de seus próprios medos. A espetacularização de crimes bárbaros, que exaltam a periculosidade de um assassino, parece não chocar tanto e não ser tão abominável, pelo aparato e a proteção policial que é dada ao criminoso com grande escolta, um prato cheio para apresentadores de televisão sensacionalistas que reivindicam sua exclusividade na veiculação de suas reportagens.  O foco é o criminoso, não as vítimas que ele fez, o histórico de cada uma delas; o impacto do crime sobre a família, entre outras coisas. Não existe nenhum aconselhamento ou orientação sob o ponto de vista comportamental no que tange à importância do papel da família na criação dos filhos, o ensinamento de valores e o estabelecimento de limites. É a notícia pela notícia do jeito que querem mostrar. A sobrevivência pela miséria humana.
Certa vez um criminoso que foi preso pela polícia foi entrevistado por um desses repórteres policiais e surpreendeu quando disse ao jornalista: “Vocês devem me agradecer porque eu estou dando trabalho para vocês.”
Ação da polícia mostra o descontrole do Estado no trabalho real
de combate ao crime. 



Parece um absurdo, mas a criminalidade, o tráfico de armas e drogas sustenta muita gente. O crime acaba compensando para alguns, até que não sejam diretamente afetados.  Não é possível que um fato repudiante pela população em geral, continue em plena atividade como uma máquina. E nós, nos tornamos apenas espectadores reféns,  manipulados pelo que a televisão quer mostrar em seus noticiários, desviando o olhar de outras necessidades ignorando o contexto que explica determinadas situações, sem que haja trabalho conjunto para o combate ao crime e à violência em sua causa mais profunda. 

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

SABIÁ NA ARAPUCA

O criminoso "mais digno" em sua indignidade é aquele que surpreende com sua ação direta. Não deixa dúvida a seu próprio respeito. Certa vez assistia a um programa policial em que uma golpista se misturava com pessoas nas filas dos bancos, conversava, fazia amizade. Acabava saindo da agência acompanhando a futura vítima, pegava o mesmo ônibus, oferecia um bombom com sonífero. A vítima dormia enquanto era roubada. 
É assim que ocorre em diversas áreas. Primeiro a confiança, a manipulação e o golpe. 
A primeira vez que tentei colocar cabresto no potro que meu pai comprou para mim e o meu irmão foi desastrosa. O potro resistiu, correu; para eu chegar perto dele de novo foi um outro desafio. Tive que esconder o cabresto e me aproximar devagar, sem assustá-lo. Meu pai orientou que eu não fizesse movimentos bruscos e aos poucos ir tentando colocar o cabresto novamente.

A insistência tinha um objetivo. Queríamos ter o controle do animal. Levá-lo para onde queríamos que ele fosse. E assim aconteceu. A estratégia deu certo. Amansá-lo primeiro; anular sua resistência. 

As sabiás visitavam todos os dias os pés de pitanga do sítio de meu pai. Eu queria vê-la de perto, senti-la na mão. Assim fizemos uma arapuca. Mas com o que atrairíamos a sabiá?  Com as pitangas? Ora, ela tinha por perto o pé de pitanga carregados da fruta madura. 

Mas pensando no propósito, armamos a arapuca em outra parte do sítio para que a sabiá alcançasse primeiro as pitangas na entrada da arapuca. E assim aconteceu. Bem próximo havia um pé de pitanga carregado de frutas, mas ela caiu na arapuca. Finalmente matei minha curiosidade e soltei o pássaro que voou rapidamente para o galho da pitangueira. 

A sabiá não sabia da minha intenção. Mas eu sabia o que estava fazendo. 
As galinhas e os franguinhos corriam ao meu encontro todos os dias que eu chegava pela manhã e ficavam ao meu redor, porque era eu que levava seu milho. Eu adentrava e as aves iam atrás de mim.  
Mas é assim: o peixe para ser fisgado precisa morder a isca do pescador. 
Para mim isso foi lição prática de que para conseguir o que quer, precisa usar métodos. E são vários, levando em conta os variados interesses. 

Quantos há que agem assim, não com animais e passarinhos, mas com pessoas desprovidas de malícia ou de experiências anteriores que as tornem mais cautelosas? 

Manipuladores tem o perfil de se aproximar, criando inimigos "ocultos" para justificar seu discurso de proteção e amizade.  O rival do inimigo imaginário tenta derrubá-lo numa arena ilusória, para obter, de verdade o que deseja; levantar suspeitas; colocar dúvidas, sem querer parecer, no fundo, que é ele o inimigo.  

É provável que pessoas com intenções escusas, primeiro trabalha para "ganhar a confiança." Com a confiança, a vulnerabilidade torna-se um elemento importante para a próxima investida. Para isso, usa-se máscaras. A máscara é apenas uma "ferramenta" que trabalha a favor de quem se disfarça para conseguir o que pretende. Isso pode levar tempo, mas é uma ação contínua, insistente e em muitos casos quando a ficha cai, é tarde demais. 

Mas uma coisa é importante: os que vivem se desculpando de erros cometidos, fazendo-se de vítimas do sistema; os que tentam manipular pessoas a seu favor, desviando o olhar de seus atos errôneos para minimizar suas responsabilidades, podem estar escondendo intenções piores a longo prazo. 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

NÚMEROS QUE IMPRESSIONAM


Eu ainda era criança quando no programa dos Trapalhões perguntaram ao Didi, que dizia saber de tudo: - Então me diga quantas estrelas tem no céu...
Didi colocou a mão no queixo como que fazendo o cálculo e respondeu um número que chegava a milhões e milhões. 
Quando um dos personagens duvidou, Didi disse:
-Você não acredita? Então vai lá e conta. 

Há quem diga que para impressionar é bom apresentar números mas para a sorte dos que alardeiam números de coisas supostamente feitas que os beneficiam, as pessoas não "sobem lá para conferir." 

Números estão sempre associados a sucesso ou fracasso quando se apresenta quadros comparativos. O jovem para se gabar, muitos deles, gostam de dizer quantas namoradas já teve. O profissional na tentativa de impor respeito, fala de seu tempo de experiência - e há quem faz questão de apresentar até o tempo não oficializado comprovadamente-, mas do que fez antes.

Mas não é isso o que importa. Importa o motivo pelo qual os números são apresentados. O que alguém pretende e que mensagem quer passar quando cita números de suas realizações - que impressionam seus ouvintes?

O ex-presidente Lula comentando sobre sua estratégia de dizer o que lhe é conveniente em um vídeo que circula na internet, ele gaba-se de si mesmo ao superestimar o número de crianças nas ruas do Brasil, em 50 milhões, quando ainda não era um político de expressão, em que o Brasil não tinha muito mais que 100 milhões de habitantes. 

Um grande exemplo disso é que a Vitrine do governo federal nas eleições de 2014, a marca de 8,1 milhões de estudantes no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) pode ter sido inflada com matrículas que ainda não se confirmaram. A Gazeta do Povo confrontou informações repassadas pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e constatou que em ao menos cinco capitais – incluindo São Paulo e Porto Alegre –, os dados repassados pelo governo federal são até três vezes maiores do que os informados pelos municípios.

Números nem sempre são confiáveis, dependendo do motivo de sua divulgação e de quem o faz. É sempre bom desconfiar, principalmente, quando são "números oficiais" do governo, até porque, por trás existe interesse político. Dificilmente esses números são confrontados, mas pelo caráter de sua exploração é preciso manter certa desconfiança. Um político que mente sobre números, apenas para obter vantagem não merece confiança. E quem fez uma vez, certamente mostra desvio de caráter. São esses mesmos que não admitem seus erros, mesmo à clara luz. Repetições de mentiras não confrontadas acabam ganhando sentido de verdade. 

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

A FALHA DO CURSO TÉCNICO

O Brasil nos anos 80 oferecia em suas escolas o segundo grau profissionalizante. Os cursos oferecidos se diferenciavam dos que eram dados nas escolas públicas e nas particulares. Lembro-me que as “normalistas” faziam magistério em nível de segundo grau e já saiam formadas como professoras. O curso técnico em contabilidade era o que tinha disponível. Boa parte dos professores e contabilistas da época ingressavam no mercado de trabalho após a conclusão do segundo grau, hoje, ensino médio.
Os cursos técnicos oferecidos  hoje em dia, não mais em nível escolar, não tem a mesma continuidade como os que tinham quando o mercado não exigia tanta experiência. Muitos contadores e professores formados naquela época, exerciam suas funções sem maiores exigências.
O Instituto Universal Brasileiro foi um famoso curso à distância, e entre as modalidades oferecidas estavam corte e costura, técnico em eletrônica, fotografia; bombeiro hidráulico; desenho artístico e publicitário; silk screen, entre outros, dos quais se exige hoje formação superior. A vantagem desses cursos disponíveis era que o interessado buscava aprender o que mais se adequava à suas aptidões e vocações. E quem não se lembra dos cursos do SENAI? Mas o ingresso no mercado de trabalho com essa formação, inclusive com certificado reconhecido, não era tão fácil. Quem tinha vocação para o empreendedorismo, abria seu próprio negócio ou trabalhava na informalidade. Os mais esforçados e estudiosos conseguiam ingressar em universidade pública, que era referência na época para formar-se em curso superior. 
O mercado de trabalho hoje exige cada vez mais qualificação e os cursos técnicos nem sempre são aceitos sem uma formação paralela e experiência comprovada. Como ocorria na década de 80, os de espírito empreendedor  acabam tentando “ganhar a vida” na informalidade.
A realidade de hoje em dia é bem diferente, apesar de o governo investir em escolas técnicas – que apenas oferecem o curso -, mas sem um sequenciamento capaz de interferir positivamente no mercado para a contratação desses técnicos recém formados, principalmente por não se adequarem à exigência de experiência e não possuírem um curriculum satisfatório ao contratante. Os que conseguem exercem funções secundárias e temporárias. Em muitas empresas, por exemplo, os que assumiam cargos pela experiência técnica de anos, são substituídos pelos que possuem formação superior; outros são obrigados a se formarem para continuar no exercício da função, mais por uma exigência do que por capacidade e desempenho.
Não existe levantamento sobre o número de formados em escolas técnicas que conseguem ingressar no mercado de trabalho efetivamente.

Se não houver um trabalho paralelo do governo com parcerias de empresas, por exemplo, incentivando-as a abrir portas de emprego a esses técnicos, todo o conhecimento adquirido pelos formados, pode não ser satisfatório sob o ponto de vista da realização profissional e financeira. Neste ponto, o governo cai no mesmo vício de apenas “dar o peixe”, o mesmo que ocorre em outras ações na tentativa de melhorar a vida das pessoas mais pobres. Sem adequação ao mercado de trabalho e sem o cumprimento de exigências básicas, dificilmente o indivíduo se tornará liberto para uma vida independente. A ascensão da pobreza e de escala social não se encerra apenas com a formação, mas com diversos fatores decorrentes a partir dessa base, também de responsabilidade do poder público. Para isso, sem dúvida, é preciso crescimento e avanço em áreas estratégicas para abrigar  os  recém saídos de cursos. Isso exige mais esforço do governo, pois não dependerá apenas de aporte financeiro como ocorre com a abertura de cursos e a possibilidade de ingresso em cursos superiores e com os programas sociais, bancados com dinheiro público, o que não exige maiores estratégias. Para avançar para outras escalas é preciso definir planos de negociações, estratégias gerenciais e planejamento. O esvaziamento dos cofres pode, a longo prazo, tornar-se um grande perigo para o país em nível de investimentos em outros setores de desenvolvimento social, humano e estrutural. É assim que acontece quando um jovem formado, com capacitação técnica, não consegue entrar no mercado por falta de outras capacitações exigidas, pois acumulou apenas parte do conhecimento que deveria ter para avançar na vida. O sorriso pelo diploma na mão  dura até o momento em que começa a esbarrar em dificuldades para ser aceito. O risco que se corre a partir daí, é esse jovem achar que o sistema conspira contra ele. Mas é apenas uma inadequação técnica que precisa de ajustes.