A geração passada aprendeu que é com trabalho que se avança
na vida. É com boas ações que se alcança mérito; respeitando que se dá ao
respeito e de que cada indivíduo é responsável por suas ações; o respeito aos
professores, aos mais velhos; a responsabilidade sobre compromissos assumidos. Essa era a educação recebida dos pais sem
questionamentos pois os filhos entendiam que os pais eram autoridade sobre
eles. Esse mesmo princípio as crianças levavam para a sala de aula, onde a
professora era considerada a “segunda
mãe”. A qualidade da educação pública nem se compara com a dos dias atuais
enfraquecida pela forma imbecilizada de tratar a capacidade dos alunos, refreando
seu avanço no desenvolvimento do senso crítico. Muitos conseguiam se realizar
financeiramente como fruto do trabalho. Não era raro pessoas, até mesmo de pouca
escolaridade ficarem ricas por sua disposição e desempenho em suas atividades.
Mas havia também os que não tinham “tino”
para o trabalho e amargavam a miséria, ficando sempre a espera de ajuda alheia.
A nova geração avança por outros caminhos. O poder público se coloca como o "tutor" dos pobres e acaba fazendo sua política para dar assistência social e, por ela, se faz
merecedor da confiança da sociedade; estimula o consumo e aquisição de bens
materiais como uma expressão de melhoria de vida; interfere nos valores de
família e muda o conceito sobre ética, honradez e cidadania. Concede demasiados direitos para crianças e
jovens, como se pudessem responder por
si mesmas - sem considerar o pátrio poder de seus responsáveis a quem cabe o
direito de educar e imprimir valores. É sob esse contexto que crianças e jovens
são notícias em páginas policiais por agressão ao professor em sala de aula por
chama-los à responsabilidade. É sob esse atual contexto, que pais processam
professores em sala de aula por adotarem o ensino tradicional; é essa mesma
mentalidade que acaba desconstruindo o senso do que é justo e correto, tornando
as vontades pessoais e comportamentos individuais acima das regras de
convivência no coletivo. O ataque à família, a célula Mater da sociedade, causa
perturbações e desordens de toda sorte.
Se por um lado os programas sociais ajudam pessoas sem oportunidades de trabalho e
educação a terem ao menos o que comer, é muito pequeno um governo com todas as
atribuições a que o cargo impõe, deixar desassistidas outras áreas de tão
grande importância como o pão que alimenta ao faminto. Para se ter uma ideia da
supervalorização dessas ações patrocinadas pelo governo, é só observar o que
exploram em suas campanhas eleitorais, como o carro chefe de suas conquistas,
repetindo a frase de que tirou milhares da pobreza e ascenderam outra parte
para a classe média.
Como estratégia de marketing eleitoral esse formato tem dado
bons resultados, porém, o governo vem patinando em outros setores importantes
como a infraestrutura, ciência e tecnologia, controle inflacionário, ganho real
do salário mínimo; saúde, educação, segurança.
O que parece mais cômodo são os discursos triunfalistas de
realizações isoladas e localizadas que passam a ser o carro-chefe de sua
prestação de contas. O país não pode crescer e avançar com políticas
superficiais que atendem a necessidades momentâneas que passam a se tornar
permanentes quando as ações visam conservar essas necessidades com objetivos
eleitorais e é cada vez maior o número de pessoas que aderem aos programas
sociais do governo e isso é um sinal de que a miséria continua e que ainda
representa grande interesse do governo.
Ao olhar de maneira superficial, pelo menos levando em
consideração os números que o governo apresenta, parece que de fato o Brasil
melhorou, mas foi melhor para os que não tinham um pão para comer, e agora tem
dois. Para os que trabalham pelo próprio sustento não houve mudanças
consideráveis. As aquisições materiais tem muito a ver com o planejamento que
os trabalhadores puderam fazer após o controle inflacionário desde a época do
plano real. Muitas das mudanças que o atual governo atribui ao seu trabalho são
reflexo de políticas anteriores.
Enquanto levarmos a discussão política exaltando o fato de
que o povo tem mais comida na mesa, ainda não teremos saído da base da pirâmide.
O que há no Brasil e poucos querem enxergar é uma campanha
para mudar a estrutura democrática do país, em que o governo pretende controlar
todos os setores como as comunicações, as instituições públicas, ocupadas por
militantes do partido sem conhecimento técnico, como parte de uma estratégia
protecionista; uma nova doutrina educacional; os valores de família e o fomento
para a divisão de classes sociais. Essa ânsia para a continuidade no poder e o
desespero que leva um governo de 12 anos no comando da Nação convocar a luta de
sua militância pode revelar, também, que o governo está desgastado por ter se
mantido na defensiva sobre muitas ocorrências que partiram de dentro de casa,
como a corrupção, os escândalos envolvendo gente diretamente ligada à
presidência da república, que tentou se valer do que pensavam ser a ignorância
do povo e sua defesa cega do “governo amigo dos pobres.” Essa visão, aos poucos
está sendo desconstruída e o povo começa a ver a real face da governança.
Essa
deve ser a maior preocupação de cada cidadão, não com o número de pontes
construídas, não com comparações de quem foi mais ou menos corrupto, mas o que deixam
escapar, e de que maneira se colocam diante das denúncias capazes de estremecer
suas bases e comprometer seus projetos de poder. É a maneira de lidar com
situações que merecem explicações e elucidação que mostra o caráter de cada
indivíduo que exerce o poder. Aqueles que vivem na defensiva, repetindo o
discurso de que acusações é intriga de opositores e “dor de cotovelo de quem
gostaria de estar governando” além de ser um discurso provocativo e raso, é um despropósito que leva ao descrédito quem
o diz. É argumento muito pequeno em relação à importância dos acontecimentos. É
preciso deixar de fazer da política uma queda de braço com torcidas organizadas.
É importante maturidade para considerar o que há por trás da cortina de fumaça
que se formou. E quanta maldade há nos bastidores. O espetáculo que todo mundo
vê, pode esconder as mazelas disfarçadas por trás das máscaras.
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