Ao comentar sobre campanhas que ocorrem de maneira sistemática contra quase todas as formas de violência, o radialista Elias Teixeira considerou que nenhuma dessas campanhas é endereçada a quem pratica a violência, mas à violência que não existe.
"Quando ouço gritos de guerra como aqueles do tipo "Xô violência", a criação de jingles e movimentos e peças publicitárias, observo mais esses atos como mote político do que algo objetivo para atingir as causas dessa violência" - observa. "É muito comum políticos usarem essa bandeira de luta como um atrativo eleitoral e eles sabem que esse tipo de campanha não resolve o problema".
Para o radialista, até quem pratica a violência de algum modo, concorda com esse tipo de campanha e não se vê atingido. "Se o cara que é violento não enxerga o seu comportamento violento, ele vai engrossar esse tipo de campanha também. A violência é uma prática; a prática pode se tornar um hábito, um vício".
A exemplo do que acontece com um viciado em drogas que não admite ser dependente, e só se desperta quando chega ao fundo do poço ou dá ouvidos a alguém que sugere a ele um tratamento, de acordo com o radialista, deve também acontecer com quem é violento.
"Eu considero que quando o indivíduo entende que o que ele faz é violência, tem a oportunidade de melhorar, assim como os alcoólatras recorrem ao Alcoólicos Anônimos, que é uma terapia de grupo; assim como o comportamento violento é aprendido, pode ser desaprendido; é preciso desenvolver uma cultura antiviolência."
O radialista também observou que o que chamam de violência urbana, é um misto de ação e reação pela sobrevivência. "Não quero justificar esses atos, mas quando alguém rouba ou assalta por uma questão equivocada de sobrevivência ao subtrair um bem alheio, a violência é empregada por medo das supostas reações; do mesmo modo quando alguém, de maneira violenta, protege seus bens ou patrimônio, ele o faz por uma questão de sobrevivência, por legítima defesa, a um invasor que pode tirar-lhe a vida. O problema é que ninguém quer pagar para ver qual será a reação nessas duas situações".
Para Teixeira, esse tipo de violência urbana é bem diferente daquela que acontece pelas formas e maneiras de como o indivíduo foi educado, muitas vezes num ambiente violento. "A violência urbana é reflexo de políticas sociais e de segurança insuficientes, agravada pela forma como cada indivíduo foi ensinado na família sobre os valores e o respeito ao bem e propriedade alheia".
"É posssível ver até traficantes de drogas protegerem seus animais de estimação; algum bom sentimento existe ali; como ele se perde em outros aspectos é algo que deve ser estudado."
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