“Acho
horroroso ser um velho de Copacabana. A sociedade não aceita o velho; tudo tem
que parecer saudável, vigoroso”. (Walmor Chagas numa entrevista à TV Cultura)
Walmor Chagas |
Com a apresentadora Hebe Camargo foi a mesma coisa. Sempre
sorridente e otimista na maneira de encarar a doença, mesmo de peruca por causa da perda de cabelo pelo tratamento quimioterápico e mais
magra, apresentava seu programa de televisão. O mesmo não aconteceu com o grande astro do teatro, cinema e
televisão brasileiro Walmor Chagas - que
segundo laudo pericial residuográfico havia vestígios de pólvora na mão do ator - cometeu suicídio dentro de casa, atirando contra a própria cabeça com um revólver que mantinha para sua segurança numa fazenda onde
decidiu viver solitário em Guaratinguetá, no interior de São Paulo, distante da agitação da cidade.
Quando não estava em gravações - que segundo o que declarou só aceitava
participações em poucos capítulos – era para lá que se recolhia. “Acho
horroroso ser um velho de Copacabana. A sociedade não aceita o velho; tudo tem
que parecer saudável, vigoroso”.
Apoiado em bengala, dava mostras de sua debilidade |
Uma repórter perguntou a ele faz algum tempo: "O que o senhor diria para os novos atores, os que estão começando agora?" - E ele respondeu: "Tudo o que eu disser não vai adiantar nada. Eles dirão: isso é pensamento de velho". Ele não escondia sua admiração pelo teatro e pelo cinema. Sua maneira de expressar, mostrava seu senso crítico e grande
exigência consigo mesmo. Na solidão, recolhido, talvez passasse por sua cabeça
todos os momentos de glória que viveu em sua carreira e, agora, tendo que
conviver com uma doença que estava debilitando sua saúde. Informações dão conta
de que ele
já estava com dificuldade para andar, e
quase cego. Fumante inveterado, o que demonstrava em suas aparições, sempre fumando um cigarro, sua doença pode ter sido agravada pelo vício.
Diabetes prejudicou a visão do ator |
Dele, não se ouviu nenhuma notícia de internação, nenhum boletim médico falando sobre seu estado
de saúde; nenhum de seus fãs e admiradores puderam orar por sua melhora ou recuperação.
Ele mesmo, em silêncio, deu fim à própria vida. Assim como recluso e silencioso
viveu seus últimos anos, assim foi sua despedida. Em seu velório, apareceu
apenas a atriz Lucélia Santos, representando a classe artística. Talvez por sua morte ter surpreendido a todos. Foi tudo tão rápido, num fim de semana, e fora do eixo que naturalmente gira os artistas. Walmor Chagas morreu em sua fazenda, numa cidade do Vale do Paraíba, velado e cremado na cidade de São José dos Campos.
O que se passa na cabeça de um artista quando a doença o
aflige ou quando não está mais em evidência na televisão e nos palcos de
grandes espetáculos? O que se passa na cabeça de velhos atores, experientes,
competentes, quando são substituídos por uma nova geração sem muito talento?
Seria vergonhoso ou constrangedor um “herói” aparecer
debilitado para os que torcem por ele? Seria vergonhoso ou constrangedor um guerreiro permitir-se à substituição na guerra por dar sinais de cansaço? Seria um ato de covardia ou de coragem admitir que não podemos mais lutar? Talvez assim pensemos porque aprendemos que temos que ser guerreiros o tempo todo e não admitimos que também podemos fracassar, mas isso não significa que fomos vencidos.
Infelizmente, todos vivemos numa sociedade de aparências. Criam-se padrões e critérios exigentes. Essa escravidão ideológica tem destruído a muitos, pois a tendência e a celeridade dessa mentalidade é muito maior do que a reflexão serena da importância da vida em detrimento das coisas que se cria e dos conceitos dominantes. Esses conceitos, acabam despertando dentro de nós, o monstro do orgulho e do egoísmo, que nos fazem morrer silenciosamente, por não querermos admitir que não conseguimos, que não podemos mais. Por outro lado, não queremos aceitar o fato de retomarmos o conceito simples da vida; de viver a nossa real verdade; encarar nossa realidade, nossas rugas, nossa fragilidade, nossa transitoriedade.Preferimos nos apegar a coisas ou a pensamentos, ou a conceitos que não nos sustentam na hora da verdade.
Infelizmente, todos vivemos numa sociedade de aparências. Criam-se padrões e critérios exigentes. Essa escravidão ideológica tem destruído a muitos, pois a tendência e a celeridade dessa mentalidade é muito maior do que a reflexão serena da importância da vida em detrimento das coisas que se cria e dos conceitos dominantes. Esses conceitos, acabam despertando dentro de nós, o monstro do orgulho e do egoísmo, que nos fazem morrer silenciosamente, por não querermos admitir que não conseguimos, que não podemos mais. Por outro lado, não queremos aceitar o fato de retomarmos o conceito simples da vida; de viver a nossa real verdade; encarar nossa realidade, nossas rugas, nossa fragilidade, nossa transitoriedade.Preferimos nos apegar a coisas ou a pensamentos, ou a conceitos que não nos sustentam na hora da verdade.
Talvez a crítica de Walmor Chagas faça sentido neste aspecto:
“A
sociedade não aceita o velho. Tudo tem que parecer novo e vigoroso”.
Isso pode explicar a vaidade e a busca pela “juventude eterna” de atores e atrizes
veteranos; a mudança de linguagem e de perfil de comportamento para se adequarem
à modernidade e ganharem admiração por estarem “antenados” com seu tempo. É preciso que todos nós estejamos preparados, não só para a
velhice, mas para sair de cena também. É o caminho de todos nós, e esse caminho
deve ser trilhado naturalmente com a consciência de que um dia a doença pode
nos afligir, mesmo com os cuidados que tomamos; que o nosso padrão de vida pode
ser alterado; que as portas pelas quais entramos não nos abrigarão por toda a vida.
Na verdade, não queremos viver pensando que tudo tem seu tempo determinado
debaixo do sol, quando o tempo é de chorar, não de sorrir. Quando é de
derrubar, não de construir; quando é de morrer, não de viver. (Eclesiastes 3)
É preciso viver. Não devemos passar pela vida, absortos pela ilusão.
Precisamos viver intensamente, sim, a cada momento, sem ansiedade, mas com pés no chão e olhar na eternidade,
pensando no que vem depois. É preciso aceitar que a vida que vivemos nem sempre
é a que gostaríamos de viver, mas é por ela que aprendemos e tiramos grandes
lições, principalmente quando alinhamos nossos sonhos e projetos com os
propósitos do Criador; é dela que daremos conta um dia quando teremos
que responder: “O que você fez com o seu passatempo”?
Ótimo post, Elias Teixeira!! É pra refletirmos todos os dias no que realmente vale a pena nesta vida.
ResponderExcluirTemos que valorizar o que somos e não o que parecemos ser. É claro que os cuidados com saúde, higiene, vestuário adequado e limpo, alimentação são importantes, mas estamos vivendo uma verdadeira epidemia da beleza, onde todos buscam pela fonte da juventude, e se esquecem que o que deve durar não é a aparência bela e jovem, mas sim o caráter, o amor e a sabedoria que nos ajudam a viver com a mente, o coração e o espírito sempre jovens.
Nós podemos nos achegar todos os dias a Verdadeira Fonte da vida e da juventude que é Cristo, pois Ele nos lava, nos restaura e nos renova a cada dia. Um abraço!
Flavia Pereira
Que pena! Parecia ser um forte, mas pelo contrário, foi um fraco, tirando-lhe a própria vida. Lastimável. Infelizmente perdemos mais um grande ator! Mas, existem "papéis" para velhos, para atuarem também em telenovelas e filmes. Os autores também precisam de velhos para atuarem como personagens.
ResponderExcluirModêlo de vida para todas as vidas: Jesus Cristo.
ResponderExcluirÉ uma pena, heroi não o considero pois que tem Jesus no coração e desfruta da sua intimidade jamsis vai se setir sozinho, e a idade o irá aproximar cada vez mais da patria celestial pois vai ter muito mais tempo de focar na vida eterna.
ResponderExcluirAinda bem que Que Jesus Viveu na terra como homem e conhece nossas fraquesas.
ResponderExcluirSó Deus sabe o que passou no coração desse homem, e o perdão ou julgamento só cabe a ele.