O governo brasileiro ao mesmo tempo em que endurece a
penalidade para os motoristas que dirigem sob o efeito de álcool, instituiu o Dia Nacional da Cachaça em 13 de Setembro. A data foi aprovada em Outubro
de 2010 pela Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados.
A força do comércio de bebida alcoólica é tão grande no
Brasil, que foi liberada nos estádios de futebol durante os jogos da copa,
depois de muita polêmica criada sobre a permissão das vendas.
O alcoolismo é considerado doença pela Organização Mundial da
Saúde, mas parece que o tema não tem sido tratado com a seriedade que requer,
no momento em que a bebida alcoólica, especialmente a cachaça é eleita como um
bem cultural do país. Mas a verdade é que o álcool é uma droga tolerada
socialmente e economicamente viável, por isso, dificilmente teremos
estatísticas corretas sobre o número de vítimas que o uso de bebidas alcoólicas
causa no país. Não há estatística exata, nem por parte de órgãos do governo,
nem de órgãos independentes. O que se tem são números de vitimas de acidentes
de trânsito, muitos dos quais atribuídos ao uso de bebida alcoólica. Mas é
provável que a vitimação não ocorra somente nas rodovias do país. A violência
doméstica e casos de doenças provocadas pelo álcool; o número de pessoas que
perdem seus empregos por causa da bebida; a desestruturação familiar por conta
da bebida, não entra nas estatísticas, pois não é de interesse econômico: Mais da metade do imposto pago pelo consumidor sobre a bebida alcoólica vai
para os cofres do governo.
O alcoolismo não afeta apenas a camada mais pobre da população. Foto mostra presidente Dilma sendo amparada ao entrar no carro supostamente embriagada. |
Por outro lado, o endurecimento da lei que impede motoristas
de dirigirem alcoolizados, sugere que o governo está preocupado com a vida das
pessoas nas rodovias e avenidas das cidades, mas que ao mesmo tempo, deixa de
tratar o caso como deveria. Se alcoolismo é doença, deve ser tratado como caso
de saúde pública e o governo tem por obrigação promover políticas que auxiliem
o alcoólatra a buscar tratamento para esse tipo de doença, que segundo
especialistas surge de uma tendência genética, mas dificilmente o governo
investirá contra as grandes indústrias e os grandes produtores dessa droga por
seus interesses econômicos. Estudos
comprovam que filhos de alcoólatras são mais propensos ao alcoolismo. Ao
experimentar o álcool pela primeira vez, é possível que o indivíduo desenvolva
a doença por não ter equilíbrio para conter a compulsão.
De nada vale o trabalho superficial de comunicar em peças pela
televisão após a propaganda da cerveja, que
o indivíduo não deve dirigir se beber. Para o alcoólatra o recado não funciona.
O caso não deveria ser tratado de maneira superficial como tem sido. As leis
são apenas uma mostra de que o governo supostamente está fazendo alguma coisa,
mas por outro lado, lava as mãos de responsabilidades maiores como a de
recuperação do doente alcoólico e a proibição da propaganda de bebidas nos
meios de comunicação e sua ostentação em novelas e atividades culturais e
esportivas. Se é uma droga de malefício tão grande e cientificamente
comprovado, sua divulgação e amparo legal de comercialização é mais um
incentivo para que mais pessoas tenham acesso e desenvolva a dependência. Mantendo
a mesma política, tudo o que se faz para combater o uso de bebida
alcoólica é hipocrisia.
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