As apresentações de supostas curas e milagres tornaram-se verdadeiro espetáculo na tela da televisão. É assim que líderes religiosos chamam atenção para levar pessoas a seus templos em busca da solução de seus problemas. Para eles, "a mão de Deus" tem um lugar certo para operar, e cada qual diz que é nas reuniões que realizam. Parece haver uma disputa entre eles para mostrar onde Deus estaria verdadeiramente operando sinais e prodígios, passando a ideia de que Deus inclina-se para uns, e vira as costas para outros, ou numa visão mais agressiva, Deus seria um objeto de uso exclusivo daqueles que gritam mais alto, que alardeiam sob demandas agressivas que foram escolhidos para aquela missão, mas escondendo a intenção de fazer do evangelho e da exploração da fé, um meio fraudulento em busca da riqueza material de seus líderes.
Multidões vão em busca da cura de enfermidades físicas |
Sofredores buscam o alívio de seu mal |
Mas essa prática já era comum que eu me lembre. Já nos anos 1970, uma de minhas tias passava quase o dia todo ouvindo o programa de rádio “A Voz da Libertação”, do Missionário David Miranda, que diferentemente dos milagreiros atuais, nunca teve programa de televisão. Ela não era frequentadora da igreja, mas era ouvinte assídua, inclusive atendia a todas as sugestões do pregador, como o pedido para colocar o copo com água em cima do rádio e bebê-la após a oração. Assim tornou-se colaboradora do programa, através de um carnezinho. A Igreja Pentecostal Deus é Amor, se autodenominava o “pronto socorro de Jesus”. Até mesmo na vinheta cantada do programa, na voz das filhas do Missionário, ouvia-se o refrão: “Igreja Deus é Amor, pronto socorro de Jesus, surdo ouve, mudo fala e o cego vê a luz”. O missionário atraía a todos pelo programa de rádio, onde se ouvia obreiros convidando os ouvintes para suas igrejas, divulgando os endereços onde eles receberiam a bênção. Grandes eventos eram anunciados. Caravanas vinham de todos os lugares. O líder da igreja chegou mesmo a ser acusado de charlatanismo. Houve até denúncias de que os "paralíticos" que andavam, na verdade não eram paralíticos, mas pessoas que representavam durante o evento. As "divinas" revelações, suspeitava-se que era algo combinado. Mas, muitas vezes, a cura se processava mesmo. O milagre acontecia mesmo e havia pessoas que receberam essa bênção. Mas o que mudou na vida delas? Ouvi certa vez o testemunho de uma mulher que disse ter sido curada de hipertensão. Segundo o que declarou, não podia comer sal. O médico a orientou a cortar o sal de sua comida completamente. "Agora eu como sal a vontade, posso comer sal quanto eu quiser" - disse ela, sendo aplaudida pela igreja. Ou seja: Ela foi curada, mas continuou usando sal em demasia, que segundo especialistas, retém líquido no organismo, podendo levar a problemas renais e a hipertensão. O que mudou? Recebeu o milagre para viver do mesmo jeito. Onde está a orientação: "Vá, e não peques mais" como Jesus disse à pecadora?
Mas era por promessa de que Deus estaria operando em suas reuniões, que muita gente sofrida, sem esperança, doentes e aflitas, iam em busca da solução de seus problemas. Hoje, mesmo com a “concorrência”, a Igreja Deus é Amor segue a mesma linha: “cura e libertação”. Pelo que acompanhei, todos os outros movimentos de cura e libertação modernos, seguiram o estilo David Miranda, tanto por seu carisma, quanto pela linguagem simples que se identificavam com as pessoas comuns.
Por um lado, percebemos a grande necessidade das pessoas, seja na área material ou espiritual. Não se pode negar que uma porta que se abre convidando a todos que sofrem e que querem ter uma vida próspera e abundante, certamente atrai os que não encontram mais saída. Por outro lado, a exploração de líderes religiosos com a boa fé dessas pessoas. Eles se confrontam na tentativa de provar qual é o Deus que opera em sua igreja, como se Deus fizesse acepção de pessoas ou tivesse um representante exclusivo que intercedesse diante dEle. A verdade é que nessas igrejas, “milagre” virou produto e, o nome de Jesus, garoto propaganda.
Jesus nunca alardeou as curas que realizava |
Ao olhar para a Bíblia e os milagres que Jesus operava, eu
nunca li que Ele abria um salão para convidar pessoas para serem curadas. Nunca
li que Ele pediu dinheiro, bens ou recursos de alguém para custear suas viagens
ou manter seu ministério. Jamais
alardeou que resolveria os problemas das pessoas, mas fazia isso em silêncio
por onde passava. Muitas vezes com a palavra, com o toque, com o olhar.
Acautelai-vos dos falsos pastores que tosqueiam as ovelhas
sem nenhuma piedade, mas que fazem do evangelho fonte de lucros e negando a
verdadeira fé.
A Biblia diz que nos fins dos tempos apareceram falsos profetas, na verdade já estamos vivendo essa afirmação. Igrejas, pastores fizeram de Deus um bom negócio. Se no seu tempo Jesus expulsou os vendedores da porta do templo, hoje ele teria que destruir as grandes empresas revestidas de igrejas. João Paulo II publicou uma carta que chama A razão e a fé, onde diz que a fé precisa andar ao lado da razão, para que não sejam enganados. Precisamos ter fé em Deus, mas agir com racionalidade, pois precisamos fazer nossa parte, quando doentes procurar médicos, quando endividados parar de gastar e se equilibrar etc. É lamentável o que vemos. Sou católico e vejo isso acontecer, também na minha Igreja. Padres artistas, empresas de viagens disfaraçadas em comunidades e muitas outras atitudes lamentáveis que nos afastam da INSTITUIÇÃO IGREJA. Vendo tudo isso, o melhor é seguir o que está escrito na biblia, se queres algo, entrar para o teu quarto e ora a Deus que está no céu e ele segundo sua fé, concederá o que precisa.
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