terça-feira, 27 de dezembro de 2011

SONHANDO ALTO


Há muitos termos motivadores que ajudam muitas pessoas a conquistarem seus objetivos. Mas, até que ponto isso funciona com todos?
A águia que se renova, símbolo de poder,
também é predadora

A questão de “sonhar alto”, não vem por motivação estimulada por exemplos dos outros. Dificilmente sabemos, de fato, os métodos utilizados. Alguns são nítidos. Mas há algo essencialmente imaterial que nos motiva a fazer alguma coisa. Os que são considerados grandes sonhadores que conseguiram realizar grandes feitos, teriam mesmo sonhado alto, ou à altura de suas possibilidades? Na esfera das possibilidades, tudo é possível. Daí não é o fato de sonhar alto que poderá trazer altas realizações. Todos os sonhos que sonhamos, são realizáveis, porque conseguimos sonhar. O autoconhecimento de nossas capacidades é que dará esse “combustível” para a continuidade na busca pela realização.  Por outro lado, podemos considerar que, se dentro da esfera das possibilidades, todo sonho é realizável, o sonho deixa de ser sonho, para tornar-se um plano. Naturalmente no plano, estabelece-se os meios para viabilizar o que pretendemos alcançar. Nesse caso, sonho passa a ser mais uma palavra abstrata, até mesmo poética, sem um sentido real. Não existe sonho inalcançável.
Cada vitória, tem a ver com sonhos individuais,
não por sugestão formatada em larga escala.
O que penso é que os que “sonham alto”, conseguem fazer sua história, sem a necessidade de ser “empurrado” pelos outros, porque tem foco, objetivo e com ele, os planos.  Este é o motivo que me deixa pensativo, quando, goela abaixo  tentam nos empurrar uma motivação, que de fato, não surte efeito, na prática. São coisas muito relativas, que ocorrem na verdade, com os que, de certo modo, desenvolvem a vontade para determinadas ações. Não é o sonho que motiva. É a vontade.  
Mas nem  todos conseguem as mesmas coisas, mesmo utilizando as mesmas fórmulas. Se abandonarmos o princípio vocacional, apesar de vivermos numa sociedade que apregoa que tudo se aprende, nem todos se desenvolvem da mesma maneira na mesma atividade. Nesse ponto, subentende-se que de modo geral, vivemos uma interferência sugestionada até nas escolhas  das profissões.
Por mais exemplos que podemos  citar, o Brasil não tem outro Silvio Santos, que criou um império de comunicação, iniciando como vendedor de canetas. Não houve um outro vendedor de canetas, pelo menos conhecido, que tenha se espelhado no empresário.  
Assis Chateaubriand recusou estudos
 que apontavam a inviabilidade
da implantação televisiva no Brasil no início
dos anos 1950
É preciso aprender a olhar para nós e para as nossas potencialidades natas, e sonhar o nosso sonho, não aquilo que nos tentam fazer sonhar., os fatores determinantes que despertam a nossa vontade. 

A maior liberdade que temos é a nossa vontade, o que naturalmente alimentamos na vida; a intuição.

Em todos os aspectos da vida, muitos vivem em torno de formatações tendenciosas, levando a uma situação frustrante por não conseguirem adequar-se à fôrma.

Não é raro ouvirmos comentários como “Eu fiz tudo o que me pediram; tudo o que me sugeriram, mas não foi satisfatório para mim”.

Não trato de termos utilizados para motivar. Devemos dar atenção aos nossos  próprios motivos. É fato que as pessoas não mudam por causa das sugestões. Ainda que elas sejam até orientadas orientadas a fazer algo  e  persistir em determinada área, há questões muito particulares que os leva a tomar decisão pela continuidade ou não de sua busca. Daí explica-se o fato de muitos pararem pelo caminho, e outros prosseguirem. Os que pararam, por vezes entenderam que sua motivação é outra, isso não signidica necessariamente uma estagnação. Quem deixa de fazer uma coisa, passa a fazer outra. O ser humano não deve ser tratado na escala dos prognósticos e estatísticas,  nem seus comportamentos avaliados por teorias de estudos comportamentais, levando em conta o que ocorre com a maioria, ou o que se define sobre comportamento padrão. Os estigmas são criados, em muitos casos, por esta visão generalizada. Isso compromete a nossa aceitação do indivíduo com suas particularidades. Quem determina que o normal é normal, e o anormal, anormal? Há coisas comuns a todos,  mas cada indivíduo tem algo particular que o torna único, insubstituível.


Por mais que desejamos algo mais elevado, a nossa satisfação ocorrerá de maneira espiritual. Há quantas pessoas aparentemente realizadas, que sentem o vazio de não fazerem exatamente o que gostariam de estar fazendo? A questão de realização de sonho precisa ser avaliada além das conquistas materiais e do alcance dos patamares que desejamos alcançar. É preciso que essas realizações e conquistas estejam associadas à disposição, vontade e inclinação espiritual para toda e qualquer atividade.


Eu penso ser grande oportunismo, utilizarmos realizações de figuras populares para a motivação de outras pessoas, com o objetivo de vendermos uma idéia. Na prática, o resultado não ocorrerá da mesma maneira e com a mesma intensidade com todas as pessoas. É deste modo, que muitas pessoas acabam por colocar sobre os ombros uma carga que não as pertence. Com o passar do tempo, essa "carga"  torna-se insuportável. Cada indivíduo é único. Todas as realizações mencionadas na história da humanidade, nasceram de espírito empreendedor e desbravador por uma motivação particular. As motivações pessoais que temos, podem motivar a outros que tenham os mesmos objetivos. Ou seja, os exemplos dos outros só farão despertar desejos comuns, ora adormecidos.  Há co,provações que muitos realizadores sequer ouviam opiniões contrárias, que poderiam ser interpretadas como desmotivadoras, mas, pelo contrário, foram avante confiantes em sua intuição, de que daria certo, pela dedicação, pelas tentativas; pela visualização mental de seus projetos concluídos utilizando-se de  fórmulas que criaram.

Por este motivo, a “fôrma” social na qual querem nos prender, rouba-nos a criatividade, a auto confiança, e a possibilidade de tentarmos realizar com os próprios sonhos, desenvolvendo nossas reais potencialidades.  Passamos a viver uma escravidão funcional na dependência da realização dos outros, para buscarmos os motivos para a realização de nossos "sonhos".
As vezes, o caminho já foi aberto;
outras vezes precisamos
abrir os nossos.

Quando desejamos o que não  nos pertence, e querer o que não podemos, corremos o risco de viver uma vida frustrada. Nessa questão, precisamos olhar para o nosso potencial, o que temos nas mãos e, caminhar o nosso caminho. Certamente, quando assim o fazemos, não corremos o risco de atropelar, nem sermos atropelados nessa caminhada.

Na vida espiritual, de muitos personagens Bíblicos, há muitos relatos que nos fazem perceber a persistência de alguns, diante dos desafios.  Noé pregou mais de uma centena de anos para que o povo se arrependesse. Não houve outro Noé. Jó foi provado, perdeu bens e filhos. Mas não houve outro Jó. A experiência dele foi única. A tentativa de equiparar vitórias ou derrotas, passam a desviar do nosso olhar o nosso chamado, a nossa vocação. Procurar entendermo-nos diante da nossa luta individual.
Deus, mostrava com isso, que quando Ele escolhe alguém que aceita o seu chamado ppara determinada atividade e/ou até mesmo representa-lo diante do Universo, como foi a prova de Jó, quando assim o faz,  promove os meios  para que seja bem sucedido. É essa sensibilidade que devemos desenvolver. Sensibilidade, que outros sentimentos como a ambição, a inveja, a cobiça, o egoísmo,  nos roubam. Passamos a ser marionetes da "sorte" e a viver uma vida vazia, apesar de “agitada” pelas buscas que fazemos.

Nunca vi algum vencedor reclamar dos obstáculos, pois cada um deles sabe os desafios a enfrentar, quando está disposto a atender o seu chamado. Mas somos nós mesmos  quem reclamamos por ele, choramos por ele,  desenvolvendo até mesmo uma maneira diferenciada de trata-lo, colocando-o como referência de alguma coisa. Mas, de fato, o vencedor estava apenas no caminho do cumprimento de sua missão. O sonhador que realizou, estava apenas sonhando seu próprio sonho.  Para mim não existe o "sonhar alto". Todo sonho realizável, é aquele que sonhamos à nossa própria altura.

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