As aquisições demonstram prova de poder |
Essas palavras podem condicionar o pensamento a trabalhar para determinado fim, porém, dizê-las esperando que as coisas aconteçam, sem ao menos fazer uma análise prévia do que queremos ou podemos conseguir, talvez não teremos os resultados que esperamos alcançar. Certa vez pude dizer em público, num discurso que proferi, que se quisermos apenas o que podemos, não viveremos uma vida de preocupações nem frustrações. Quando passamos a querer apenas o que podemos, nossa vida se torna mais leve. Mas vivemos diante de sugestionamentos, que nos fazem pensar que aquilo que possuímos revela o que somos. O valor é transferido para as aquisições materiais - e como queremos fazer parte do "meio", passamos a girar a nossa vida em torno da concretização daquilo que nos fazem pensar ser o melhor. O contentamento é algo importante a ser cultivado. Não podemos viver a vida planejando o amanhã, sem desfrutarmos cada momento que o hoje nos proporciona. É notório que muitos dos importantes problemas vividos pelo ser humano tem a ver com suas ambições desordenadas. O imediatismo, que pode levar a tomar atitudes precipitadas, impede que pratiquemos o exercício da perseverança.
As realizações devem ser planejadas passo a passo. |
Na maioria dos casos que evolui para a frustração, há sempre um desejo que não podemos satisfazer: queremos o que não podemos, pois o nosso querer pode ser formatado por querências sugestionadas; muitas vezes também, podemos, mas não queremos. Quando dizemos: "ah, se eu pudesse!" expressamos um desejo que no momento não podemos satisfazer, porque se pudéssemos, não haveria o desejo frustrado, e assim executaríamos a vontade, pois o querer seria apenas a primeira manifestação de uma possibilidade real de possuir algo. O "ah, se eu pudesse!" revelaria um querer interrompido por falta de possibilidade. O ver, ouvir ou pensar determinada coisa que nos leva a querer, é o que se torna o “gatilho” do desejo. O que impede muita gente de avançar é a vontade ou a necessidade por algo, não necessariamente a capacidade de conquistar. Todos são potencialmente capazes. As experiências ensinam muito.
Meu filho está na fase de pedir tudo o que vê. Dia desses fomos ao supermercado e ele pediu um brinquedo: pediu porque viu. Se não tivéssemos ido ao supermercado, certamente não depararia com aquele brinquedo a ponto de querer. Na verdade, nós crescemos, mas o desejo que nasce por meio dos sentidos nos acompanha a todos. Mas como podemos decidir, passamos a " filtrar" a considerar até que ponto o que vemos, ou a publicidade que ouvimos será mesmo necessário para nós. Se formos racionalizar aquilo que desejamos, é possível descobrir que não precisamos tanto daquilo que nos é sugestionado.
Trabalhar para buscar o que queremos de maneira desenfreada e egocêntrica, sem as possibilidades naturais, partimos para o caminho da demanda que pode desenvolver uma crise existencial ao depararmos com as circunstâncias naturais que impedem esse avanço. Observar a necessidade real daquilo que buscamos, e estudar um planejamento para avançar é um passo importante a ser dado.
É preciso cuidado para não agirmos movidos pela ambição desmedida, a inveja, o sentimento de cobiça e o desejo incontrolável de possuir o que imaginamos, apenas com base nos sinais e estímulos externos. No sentido contrário desse sentimento, a culpa, a estagnação do ânimo, a sensação de incapacidade e inutilidade. Nem todas as realizações dependem do nosso querer, mas da vontade auto-determinante, que nos leva a trabalhar de acordo com nossas potencialidades.
Toda conquista é saudável, quando a alcançamos de maneira leve, digna e planejada. |
O sucesso na vida não dependeria apenas do exercício mental, (eu quero, eu posso, eu consigo), se paralelamente o indivíduo não se conscientizar de suas verdadeiras querências, sonhos e motivações. Se trabalharmos dentro do campo das possibilidades, jamais viveremos a vida desejando algo que queremos, sonhamos ou imaginamos, pois já os teríamos alcançado, usufruindo tudo aquilo que necessitamos. Digo necessitamos, pois nem tudo o que sonhamos, imaginamos e perseguimos é realmente necessário para nós, a não ser para a satisfação do nosso ego.
Num mundo onde as aparências são a referência para se classificar o indivíduo, deixamos de lado as percepções em relação a nós mesmos e lutamos para nos identificar com as expectativas impostas pelo meio. É preciso parar para ouvir a voz da razão, diante dos burburinhos gerados pela sociedade moderna, que cada vez mais retrocede nos princípios do que realmente tem valor para o ser humano.
A realização é uma possibilidade real, quando temos inserido em nosso caráter a consciência do que somos, o que não somos e o que podemos ser; o que fazemos, o que não fazemos e o que poderemos fazer. Através dessa consciência é que realizamos mais, em vez de viver apenas em torno das expectativas. Poderemos sentir-nos realizados, independentemente do que esperam de nós.
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