Uma marca de refrigerante postou uma enquete perguntando o
que as pessoas gostariam de ter no ano novo, entre as opções: paz, saúde e
alegria.
Fiquei observando a estatística da enquete, que na
verdade não tem valor científico, mas, de algum modo, aponta o que as pessoas
de um modo compartilhado desejam.
Alegria vem em primeiro lugar; seguido de saúde; a paz vem
em última colocação, segundo a votação da enquete.
Alegria é imaculada |
Isso mostra o grande interesse que temos pela alegria. Podemos
até perguntar: mas como alcançá-la,
sem paz e sem saúde?
É bem verdade que o desejo maior é pela alegria, mas seu
alcance depende de elementos dos quais não temos o controle. É por tentar
controlar a alegria por nossos métodos, que deixamos de vivê-la
essencialmente. E também é verdade, que momentos alegres poderemos viver diante
do que gostamos de fazer ou sentir. Nesse
ponto é que devemos dar atenção. Quando busca-se a alegria como um fim, apenas,
desprezando seu princípio, poderemos sim, viver uma alegria fugaz. E parece que é essa alegria que todos nós
conhecemos, e é esta que é sugerida. Passamos, com isso, viver em torno de uma ideia coletiva de que ela precisa ser provocada de alguma maneira. Criamos situações e elementos que estimulem essa alegria. A alegria de momento. Sim, essa alegria é aquela produzida pelas
sensações imediatas, no momento em que pensamos unicamente em nossa satisfação.
Aliás, ninguém pode sentir sua alegria. A satisfação é
sua. Se o motivo da sua alegria é a alegria dos outros, poderá em certo
momento, sentir-se desmotivado. É algo pessoal. Você pode até contagiar aos
outros, mas dificilmente os outros sentirão essa alegria como você sente. Podemos ser alegres, até por
uma sugestão externa, mas cada indivíduo, de acordo com suas sensações e
percepções, decodifica os signos (sinais) conforme a maneira de identificá-los. Há
alegria coletiva. Essa vem por sugestões. Mas nem sempre ela alcança a todos de
maneira uniformizada. Cada indivíduo tem seus motivos particulares. A alegria
solitária dificilmente poderá ser entendida pelos outros. É aquela sensação que
sente o coração com a imaginação de boas lembranças; de uma frase de alguém; dos
gestos de um filho. As vezes rimos sozinhos, e ninguém tem noção do que isso
significa.
A vida tem seus próprios motivos para alegrar |
Mas essa é a alegria que fica. Alegria é algo
espiritualizado, que se impregna no coração da gente. Podemos viver essa
alegria, em todos os momentos, porque já faz parte da nossa vida. São as
impressões positivas que sobrepõem àquilo que podem causar tristeza. Alegria é
um foco. Nela devemos mirar para desviar
o olhar das coisas que nos machucam. É algo inexplicável, alheio às questões físicas.
Não é como o conto de uma piada que precisamos entender
para rir. Não são as gargalhadas da platéia orquestrada por um animador que
acaba contagiando a todos.
Alegria não se discute. Alegria se vive. E vivemos essa
alegria, simplesmente porque estamos presentes. Alegria é preexistente. Ela é essência,
não um resultado – é como o desabrochar da flor e o nascer do sol, que não
regem em si mesmos a força vital. É como o brotar de uma semente, que por si
mesma não tem controle.
Em busca de alegria criamos mecanismos para provocá-la |
A alegria que temos só toma outros rumos, quando tentamos
controlá-la. É o mesmo poder regente do Universo, que rege a alegria de viver. Porque
alegria, é a vida em sua essência. Quem
poderá explicar?
Controlamos a alegria, quando tentamos buscar um meio para
abrigá-la. Fazemos à nossa maneira.
Provocamos do nosso jeito. Alegria é pura, como
a pureza de uma criança que nasce.
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