segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O DIA EM QUE AMEI UM LADRÃO

Ele era um homem aposentado. Morava numa cidade pequena e, todos os dias sentava no banco da praça para ler jornal e seus livros. Tornou-se uma figura conhecida por quem passava frequentemente pelo local.

Foi numa cidade pacata, de pouco mais de 30 mil habitantes. E em mais um dia daqueles, ele estava bem alí, e já começava a anoitecer, quando o zelador da praça começou a acender as luzes.

Do outro lado da rua, em frente à igreja parou um carro. Desceram dois jovens, que adentraram pelo portão de ferro, até que sumiram da vista do idoso, pelo corredor lateral. Ele estava ali, observando tudo. Até que os jovens saíram da igreja com alguns objetos e aparelhos de som; colocaram dentro do carro e sairam, como se nada tivesse acontecido. Eles viram o velho na praça, com aparência inofensiva, não parecendo nenhuma ameaça. Mas, um daqueles jovens foi reconhecido pelo velho aposentado. Era filho de um velho amigo e viu o dia em que aquele menino nasceu e a educação que seus pais lhes dava. Logo em seguida, a polícia chegou ao local.

E ele continuava ali na praça, quando dele se aproximou os policiais, abordando-o perguntando se ele teria visto alguma coisa.
O amor age com sabedoria
pois é sábio em sua essência
Os policiais conseguiram deter um deles, recuperando os objetos furtados. Mas era exatamente aquele menino que viu crescer. Aquele senhor foi chamado para reconhecer o jovem diante do delegado. O jovem ficou assustado, porque conhecia o velho amigo de seu pai que estava ali agora para reconhecê-lo como quem furtou a igreja da praça. O delegado perguntou se o idoso reconhecia o rapaz como sendo o que furtou a igreja. Ele disse que não, que não foi aquele rapaz. E, finalmente, tanto o suspeito quanto o velho aposentado saíram da delegacia.

Naquele momento, o rapaz, desconcertado com o que havia acontecido e ,surpreso com a atitude daquele homem, perguntou o porquê dele tê-lo poupado.  Foi quando o velho respondeu que o conhecia desde criança; sabia do amor dos pais por ele; e do interesse de seus pais em dar a ele o melhor para se tornar um homem de bem. O homem disse ao rapaz, que havia feito isso por amor a seus pais e a ele, pois sendo um jovem ainda, tinha a grande oportunidade de mudar de vida naquele momento, enquanto não criasse raízes no crime futuramente.

Aquele jovem chorava enquanto ouvia as palavras daquele senhor e prometeu ali mesmo mudar de vida. E assim o fez. O menino estudou; tornou-se um advogado renomado em sua cidade; constituiu família. E o velho sempre dizia em sua mensagem de amor: "no dia em que amei um ladrão, ele deixou de ser ladrão".


Na vida, nem sempre deparamos com um velho sábio como este que, mesmo sabendo do crime que aquele rapaz cometeu, não pensou apenas que a justiça fosse executada pela lei que é fria e cega. Ele pensou naquele jovem. Ele o conhecia, assim como sua família; o viu nascer e trazer alegria aos pais.
O errante precisa de um amigo, não de um crítico.
A grande justiça, é a justiça do amor. Aquele jovem foi tocado pelo amor que começou naquele instante motivá-lo a mudar de vida. O amor provoca mudança.
As vezes exigimos amor, mas não reconhecemos que precisamos mudar diante dele. Continuamos a praticar nossos erros contra o semelhante, conscientes de nossas responsabilidades. Nem sempre pode-se enxergar as provas materiais dos crimes que cometemos. Mas assim fazemos, quando maquinamos o mal contra o nosso irmão; mentimos contra ele; o invejamos e o prejudicamos com nossas ações premeditadas e ocultas.

Mesmo assim, Deus conhece e sonda os corações. E, mesmo que as provas dos nossos erros não sejam expostas, enraizadas nos sentimentos do coração, Deus, com seu amor pode perdoar e limpar toda a mancha que temos na alma. Mais um ano se inicia. Permitamos que o amor de Deus transforme nossa vida.


Esse é um fato verídico que ouvi do próprio idoso em 1997, durante uma conversa que tivemos sobre os valores da vida e o comportamento humano diante de situações nas quais somos inclinados a julgar com os métodos que aprendemos. Achei propícia a postagem deste texto e, ao mesmo tempo, fazer uma aplicação sobre o amor de Deus por nós.

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