quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

VOLTAR ATRÁS? QUEM TEM CORAGEM?


Hoje ela se arrepende. Reconheceu que foi intransigente, inflexível, apesar de todos os problemas e responsabilidade do ex-marido. Ele era um homem trabalhador, porém muito egoísta e individualista em seus assuntos. Não abria mão de ficar sozinho quando chegava em casa. Mal dava atenção para os dois filhos pequenos, que muitas vezes vinham recebê-lo com alegria. Sua frieza em tratá-los causava-lhes grande frustração, pois esperavam uma reação mais agradável do pai. Era a mulher quem cuidava de tudo. Das crianças, do supermercado; das contas a pagar; o marido se recusava até ir à padaria para comprar o pão para o lanche. Mas assim ele foi criado. Quando era inquirido, dizia para a esposa que sua mãe o servia assim, e fazia de tudo para ele.
O desejo de voltar pode se perder
quando carregamos
sentimento de culpa. Adotar comportamento individualista
seria uma maneira de apaziguar a consciência
diante de decisões que nos prejudicaram,

Mas que de igual modo traz sofrimento.

 


O casamento foi se desgastando sob esse estresse emocional. Com dois filhos de 09 e 07 anos, ela decidiu tocar a vida sozinha. Foi assim que  pediu para passar uns tempos na casa de sua mãe até conseguir um trabalho e alugar uma casa para morar com os filhos. Os meninos começaram a estudar na parte da manhã em escola pública. à tarde, ficavam sob os cuidados da avó.

Ao conseguir emprego, a filha alugou uma casa, e levou os filhos. Juntando o dinheiro do trabalho dela e a pensão que o marido passou a dar aos meninos, dava para as despesas básicas, as vezes com muito aperto.

Mas, agora, sozinha com os filhos, começou a ter problemas por não ter com quem deixar os meninos. Sua mãe já era idosa, e ela não queria que sua mãe se desgastasse com os netos, numa fase tão desafiadora na educação das crianças. Diante da situação presente, ela começou a pensar na decisão que tomou.

Vivendo este drama, ela conseguiu parar para pensar o que poderia ter feito para salvar seu casamento. No fundo, ela sabia que dificilmente seu marido mudaria de atitude depois de tanto tempo de convivência. Aos fins de semana, longe do trabalho, sozinha com os dois filhos, não sabia o que fazer. Em todos os cantos da casa em que olhava, ela via que agora, estava sozinha. Era apenas ela para resolver tudo. Sentia necessidade de alguém por perto; sentia falta de proteção.  Diante dessa realidade, considerou que, mesmo com o marido em casa, nos tempos em que era casada - que não fazia praticamente nada para ajudar - pelo menos era alguém que poderia estar ali por perto,  e era o pai de seus filhos, com suas responsabilidades peculiares. E o pior que ela não imaginava os transtornos emocionais que teria ao encarar a vida sozinha com os filhos. Os olhares de discriminação e até mesmo de pena da vizinhança. As piadas hostis que ouvia quando passava com os filhos na rua do bairro eram sempre desagradáveis. Toda essa situação gerou-lhe uma ansiedade tão grande, que começou a atrapalhar sua vida no trabalho e no cuidado com os filhos.

Hoje ela revela:  “por mais difícil que seja um casamento, depois que alguém foi casado, é mais difícil é recomeçar a vida. O melhor é sempre tentar salvar a relação”. Ela considera que foi precipitada e se arrepende.
Quando percebem que não podem tudo,
a sensação de impotência, em muitos casos,
pode levar à depressão, pessoas que alimentam o orgulho. 


Ela não mudou de opinião a respeito do marido, mas, disse ter amadurecido para entender que seria possível adotar a tolerância, considerando que cada pessoa tem suas limitações e seus defeitos.  Avaliou, também,  que não é fácil recomeçar uma vida depois da experiência de um casamento, ainda mais quando se tem filhos. Há muita coisa envolvida. Não é algo que se descarta sem consequências materiais, físicas e emocionais. Os problemas nas relações humanas são sempre solucionáveis, quando um lado demonstra interesse e compreensão.

É verdade que hoje tentam passar a idéia moderna de relações descartáveis, práticas -, sob o argumento de que se nao der certo tem outra saída. Há até mesmo quem considere que casamento está fora de moda, e que cada um constrói suas relações do jeito mais prático para si mesmo. Mas, seja de um jeito ou de outro, quando o casamento foge de seu propósito ou princípio orientado pelo Criador, há sempre sofrimento. E cada sofrimento ganha a dimensão da importância que damos aos motivos pelos quais sofremos.  Mas, até neste ponto, cabe a passagem bíblica: “no que depender de vós, tende paz com todos”. Não existe a parte mais forte ou a mais frágil nas relações humanas, como se sugere. Quando há respeito, compreensão, solidariedade entre todos, cada um estará cumprindo seu papel e assumindo suas responsabilidades. 

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