Buscar o Senhor enquanto se pode achar e invocá-lo enquanto está perto deve ser comportamento diário. |
O período de
carnaval exerce grande interferência na vida das pessoas, até mesmo em relação aos
crentes. É comum o esvaziamento dos templos em que muitos se retiram para
passar os momentos do feriadão fora das grandes cidades, para, de alguma
maneira, fugir das agitações que essa
festa popular sugere. É comum, também, o planejamento para essas viagens que
mesmo sob a justificativa de fugir do carnaval e dos barulhos e incômodos que
provoca, nem sempre o tempo é utilizado mesmo para a meditação, a reflexão
sobre as condições espirituais que o mundo atravessa, até mesmo em questões
pessoais diante de nossos comportamentos e decisões na vida.
Em épocas como páscoa em que os cristãos exaltam o
cordeiro de Deus, em vez do coelhinho da páscoa e seus ovos de chocolate; como
no natal, em que aproveitando a data utilizamos para chamar a atenção para o
verdadeiro sentido da data, no carnaval não é diferente. Os apelos são sempre
os mesmos. Utilizamos o discurso de que “como nos dias de Noé” as
pessoas estavam distraídas com as coisas da vida até que veio o dilúvio e a
todos consumiu. Não são apenas os
divertimentos ou momentos de euforia que levam-nos à distração. Hoje, as possibilidades
para a distração são bem maiores, mas não importa a realidade. A distração
passa a ser um estilo de vida e, esse estilo escraviza. Somos distraídos e
absortos por aquilo que damos mais importância e vivemos em torno disso, até
mesmo por causas que julgamos necessárias. O caso de Maria e Marta e
o comportamento que adotaram diante de
Jesus, nos traz à luz a essência da mensagem. Jesus não era um estranho entre
elas.
É importante, sim, acentuar as mensagens de advertência
ao mundo e levar pessoas à reflexão. Mas o que o nosso recolhimento pessoal
pode significar para a vida daqueles que preferem se divertir no Carnaval? De
que maneira esse recolhimento que fazemos mostra, de fato, a nossa necessidade de uma
aproximação com Deus?
Cada um pode fazer de seu momento de comunhão um estilo de vida, mesmo longe dos templos. |
Aprendemos que o nosso momento de comunhão, reflexão
e meditação precisa ser diário. E, se isso não ocorrer no nosso dia a dia,
dificilmente poderá ocorrer num momento em que nos retiramos em grupo. Mesmo
diante da programação elaborada para esse fim, é preciso que a mente esteja
preparada para esse propósito, senão, de algum modo, o retiro será também
um momento de divertimento e passatempo, mesmo diante de atrações que consideramos saudáveis dentro da proposta que defendemos; do mesmo modo como os que encontram na
festa carnavalesca um motivo para se divertir, brincar entre amigos e realizar
o que gostam dentro de sua realidade. Ou seja: nada de novo acontece: cada um
na sua, buscando fazer o que sempre fizeram. E Deus e sua mensagem continua a mesma para todos.
Talvez seja cômodo da parte dos que não compactuam
com a “festa da carne”, adotar um pensamento crítico, mas não é isso que
pode operar a mudança que necessita ser operada. Ainda que nos afastemos das
grandes cidades e das agitações comuns, isso também não trará a mudança de vida
buscamos, assim como somos orientados pela revelação Bíblica. Parecemos viver
de certo modo, “orquestrados” pelo sistema secularizado cujas ações
ativas e propositivas ocorrem por esses estímulos, que tem prazo de duração
definido. A vida “espiritual” não
é robustecida por alimentos temporários como os compartilhados em
palestras, exposições e testemunhos que ouvimos normalmente nesses encontros. Tudo
tem sua validade, não necessariamente como algo que venha interferir numa
mudança de vida. A questão vai além daquilo que ouvimos ou das sensações que
temos diante de determinada mensagem ou exposições que impressionam em
determinados momentos.
Assim como a festa da carne dura alguns dias, do
mesmo modo o retiro “espiritual” tem seu período determinado. Assim como os
carnavalescos voltam a sua vida normal após a folia, os retirantes espirituais
também voltam à sua rotina após o feriadão. E a vida continua. Como? De que
maneira? Assim como foi nos dias de Noé, tem sido em nossos dias. Isso é fato.
Tanto para os que estão ajudando a construir a arca, quanto para os que debocham e
caçoam da mensagem de diversas maneiras. Poderemos estar adotando o mesmo
comportamento daqueles que continuavam sua vida normalmente e indiferentes com
o compromisso que temos de ajudar a levar pessoas ao caminho da salvação. Preferimos
viver em tribos, em células, compartilhando nossos pensamentos; nos confortamos
pelo fato de termos encontrado a verdade;
compartilhamos nossa literatura, nossas músicas entre o nosso grupo e
continuamos alheios. Nos satisfazemos em criticar aos de fora e, internamente,
aplaudimo-nos uns aos outros; fazemos a nossa própria festa; produzimos a nossa
própria comida; dançamos a nossa própria música.
Hoje, como em qualquer outra época ou dia da
semana, precisamos nos despojar da nossa
própria justiça e permitir que Jesus entre em nosso coração para realizar a
mudança e operar a conversão. A conversão não é diária como pensamos. A
perseverança, sim. E ela só é possível quando aceitamos definitivamente O
Caminho, A Verdade e a Vida. De outra sorte, viveremos uma vida penitente em
todos os momentos, apresentando-nos como miseráveis por reconhecer o nosso
estado, deitando nas cinzas e nos vestindo com pano de saco, mas sem uma
entrega real do coração, pedindo a Jesus o que ele já nos ofereceu; “buscando”
uma verdade que já encontramos mas não a
praticamos. Se assim ocorrer, seremos
multiplicadores dessa mensagem, refletindo em nossa vida a ação do Espírito
Santo e ajudando a outros encontrarem esse caminho, mesmo que necessitemos ir
onde o pecador está.
Precisamos adotar a missão de “pregar a tempo e
fora de tempo” e não sermos motivados apenas como mensageiros reacionários,
mas propositivos. Que não falemos apenas em momento oportuno, motivado por ações coletivas de grande repercussão, mas que a
transformação de nossa vida seja contagiante em todas as situações.
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