domingo, 5 de agosto de 2012

O ESSENCIAL NUNCA LHE FALTARÁ


O ESSENCIAL NÃO FALTARÁ

O sustento não depende unicamente de nós.
A semente plantamos, mas é Deus quem a prospera. 
Ele era um pai amorável. Um marido exemplar, carinhoso com a família; um bom amigo e companheiro. Para ele, sua família estava em primeiro lugar. Com seu senso provedor, não deixava faltar nada em casa. Seus filhos estudavam em escola da rede particular, uma das mais caras da cidade onde moravam. Os meninos andavam sempre bem vestidos com roupas de grife; calçados caros.

De certo modo, viviam uma vida confortável. Alguns diziam que aquela família vivia uma vida de luxo, ao  compará-la à maioria dos que moravam em seu bairro. Ele não era um homem rico, mas trabalhava duro para conseguir manter seu padrão de vida, por considerar que sua família merecia o melhor, desde o alimento ao vestuário; dos objetos de valor e apetrechos eletrônicos, ao carro. Para obter tudo o que tinha, desdobrava-se em dois empregos; à noite, como professor universitário, lecionava numa faculdade numa cidade vizinha. Mesmo dando o melhor conforto para os filhos - o que julgava importante para eles - sua presença em casa com os meninos era rara.

O tempo era escasso para ele. Parecia viver correndo contra o relógio. Certa manhã, ao levantar-se cedo para o trabalho, como fazia todos os dias, sentiu forte dor no peito e foi levado ao hospital. Ele estava infartando. Internado por alguns dias, começou a refletir sobre sua vida. No leito do hospital não se desligava. Ao mesmo tempo em que se preocupava com seu trabalho, fazia seus cálculos de quantos dias estava perdendo, furtando-se à presença da família devido a sua busca frenética por manter um padrão de vida que avaliou friamente não ser tão necessário; foi ali que ele pensou como ele poderia mudar. E foi alí, se recuperando, que tomou uma decisão. Ele entendeu que sua família poderia consumir menos, sem passar necessidade; que seus filhos e esposa poderiam vestir-se bem, sem ter que usar roupas de marca tão caras por pura ostentação. Por algum tempo ao analisar sua vida e a maneira como estava se desgastando com tanto trabalho, pensou, também, sobre como as pessoas o veriam depois dessa mudança. Passou por sua cabeça pensamentos divididos, ao pensar no choque que seus amigos teriam ao perceber sua mudança no padrão de vida. Mas reconsiderou que mudaria por uma boa causa. Mudaria por sua família, por sua saúde. Era necessário. Foi assim que ele decidiu deixar um dos empregos, o que fez diminuir sua renda.

Os filhos passaram a estudar numa escola mais barata e, nem por isso tiveram mal desempenho. Aprenderam a desperdiçar menos; a esperar menos e a valorizar mais as aquisições. Experimentaram, na prática, a viver uma vida modesta e com mais qualidade. O que tinham era essencialmente o necessário.
É necessário arrefecer nossa ansiedade,
mudando o alvo do nosso
olhar. É possível descobrir que a vida pode ser melhor. 


Os gastos com o supérfluo foram regredindo. A família estava mais unida agora. Ele pasou a ter mais tempo com os filhos e experimentou coisas que nem imaginava. Gastar nos passeios, como faziam, já não era algo obrigatório. Aprenderam a passear no parque, substituindo as idas aos shoppings, considerados agora, como local que sugere consumismo. Bem recuperado da saúde, ele olhou para trás e percebeu quanto tempo perdeu, vivendo uma vida escrava para dar satisfações à sociedade consumista na qual aprendeu viver.


O comportamento consumista tem consumido muitas famílias. Consumido a presença dos pais junto aos filhos; consumido a saúde física e mental. Consumido o tempo para uma boa conversa, o sentar-se à mesa para o jantar. O comportamento consumista tem levado famílias à falência, por um apelo quase que coletivo de que é preciso parecer para ser; ostentar para ser vistos, não importa o quanto isso venha lhe custar no futuro.  Ao colocarmos na balança as decisões que pretendemos tomar, é preciso avaliar o que de positivo poderá nos restar. Muitos deixam de mudar, reduzir, diminuir, pelo simples fato de não querer passar uma imagem que poedria ser interpretada como de fracasso, de perda, segundo o olhar daqueles que estão de fora, que dificilmente sente na pele o sacrifício do outro na tentativa de dar resposta ao que os outros esperam.

Mas não há nada que compense uma vida com mais qualidade. Prosperidade e qualidade de vida precisam andar de mãos dadas, ao contrário disso, significará apenas poder de consumo.  

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