domingo, 31 de janeiro de 2016

QUAL É O SEU CHÃO?

Os colegas de trabalho pregaram uma peça no faxineiro, escondendo sua vassoura. Ele começou a procurá-la insistentemente mas não a encontrou. Foi então que teve a ideia de fazer uma vassoura. Ele era tão responsável com seu serviço, que a perda da vassoura não o impediu de fazer o trabalho. Quando estava quase terminando de colocar o cabo na vassoura que havia feito, os colegas surgiram com a vassoura que haviam escondido. 
"Vocês podem me tirar a vassoura, só não podem me tirar o  chão" - disse ele. 
Há muitas coisas na vida que podem ser substituídas, construídas por uma pessoa com base em suas experiências. Porém, ela precisa de uma referência que a motive, para onde canalize suas habilidades.
Essa referência pode ser o que chamam de "chão." Você pode ter semente para plantar, mas precisa de um chão. Por melhor que seja sua semente, por mais cobiçada e valorizada que seja, de nada valerá sem um chão para ser cultivada. Uma profissão, por exemplo, não é um título alcançado. É uma função. Sem uma função, a profissão não tem razão de existir. E para funcionar, as ferramentas não bastam. É preciso o "chão."
Quando pessoas perdem suas referências, começam a experimentar o que é a morte da esperança, que por muito tempo ouvem dizer que "é a última que morre." Sem o "chão", essa sensação é inevitável. É como se uma árvore cheia de frutos fosse cortada, ainda nutrida e saudável. É como finalizar um ciclo sem permitir sua volta completa, passando a experimentar perturbações num vácuo sem fim a procura de um novo lugar. 

Apesar das ferramentas e grandes possibilidades e valores agregados, sem esse "chão," ninguém é capaz de produzir e sentir-se útil. É por isso que o grande motivo do homem, é encontrar lugar ao sol. Observe o que é o seu chão, aquilo para o qual emana todas as suas energias e dedica todas as suas capacidades. Comece a imaginar quem é você sem esse chão, e como seria a sua realidade, mesmo com todas as ferramentas e habilidades para manuseá-las. 

Muitos passam grande parte da vida pensando que aquele é o único ou último chão que pisou, onde se dedicou sem reservas. Mas quando esse chão lhe é tirado, amarga a triste sorte de ter que procurar outros "chãos" e nem sempre suas ferramentas e habilidades são úteis em outras terras. É nesse ponto que muitos descobrem que na vida não existe novas oportunidades. O que há, são recomeços dolorosos, de um outro aprendizado por um período em que parece não haver mais tempo para viver e desfrutar plenamente da nova seara. 


A vida é uma ilusão. A ilusão é bela; aguça os sonhos, constrói planos; faz acreditar. A morte é verdadeira, com ela ninguém se engana. A fraqueza é mais forte que a força, pois a fraqueza derruba a ponto de ferir. A morte é mais forte do que a vida, porque ela faz cessar os sonhos. A mentira é mais forte do que a verdade, porque a queda que ela provoca por sua propagação dura o tempo suficiente para destruir uma reputação. 

Qual é o seu chão? 

Observe. Sem ele a vida se torna muito mais difícil. Com ele, também, não há muita certeza de que um dia não lhe será tirado. Mas uma coisa é importante saber. Esteja atento se está no chão certo, no lugar certo, com as pessoas certas, ou pense se você é a pessoa certa no lugar onde dedica as suas forças. Confie tão somente em Deus. 

sábado, 30 de janeiro de 2016

MOTIVAÇÕES HUMANAS


As motivações humanas não devem ter como espelho os exemplos humanos. Pois se o humano precisa de motivação, é possível que essa motivação se esgote. Quando o ser humano é colocado ou se põe como espelho de conduta, pode estar trilhando o caminho da frustração e desapontamento. 
Muitos exemplos do passado fazem com que "costuremos" nossos argumentos; busquemos ou discutamos as razões de alguém considerado tão justo ter tropeçado. Foi assim com Davi, considerado um homem segundo o coração de Deus, mas que cometeu pecados, não como um homem segundo o coração de Deus. Quando alguém peca, ele não o faz segundo o coração de Deus. Quando criamos expectativas, por melhores que sejam, sobre um simples mortal, corremos o risco futuro de nos confortarmos ao dizermos: "Ele foi segundo o coração de Deus, e pecou. Isso quer dizer que somos iguais a ele."

As referências humanas são falhas. E não devemos nos apegar as falhas humanas como um conforto quando falhamo também. 
Mas parece ser assim que aprendemos. Olhamos alguém como uma referência aceitável. E quando essa referência falha, recorremos a algum mecanismo para defesa e nos confortamos. 

"Mas Eu, quando for levantado da terra, atrairei todas as pessoas para mim.” João 12:32. 

Nenhum mortal herdou de Jesus essa condição, nem ao mortal Cristo passou a responsabilidade de assumir o seu lugar. Aos seus discípulos, Cristo afirmou que eles seriam suas testemunhas. 

Quando o mundo religioso-cristão usurpa a condição de Cristo, atraindo pessoas para o que diz ser a representação dEle, cai em grande armadilha e acaba se perdendo em meio a remendos de argumentos para justificar seu papel, afundando-se cada vez mais, quando deveria admitir seu erro e voltar ao caminho. A autoafirmação religiosa em seu afã de provar suas verdades a seus próprios olhos, tem endurecido o coração humano e vendado seus olhos para as afirmações divinas, que consistem na observância das orientações de Deus para a humanidade. 
Os profetas traziam a mensagem de Deus, em nome de Deus. Eles jamais se colocavam como "a mensagem." Por diversas vezes eles começavam a dizer: "E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:" 

O mensageiro de Deus, peca. A mensagem de Deus é imutável. Cristo é o verbo eterno de Deus, ou seja, a palavra de Deus. Ele é a mensagem de Deus para todos os homens. 

Mas os homens se fizeram deuses, ou construíram seus próprios deuses, manipularam as verdades e contaminaram as mentes do povo. Fizeram para si mestres, segundo sua própria cobiça. Se autoentitulam "a mensagem" e, quando cometem erros, defendem-se, apontando profetas que erraram e que Deus usa a quem quer. 


Muitos se colocam como um novo caminho para a salvação, como um novo conceito; colocam-se como uma luz diferente, estabelecendo nova religião que não religa a Cristo, mas a seus próprios conceitos.

Quem será atraído à Jesus com suas mentes embotadas, cauterizadas pela mensagem humana, tendo como referência os próprios homens que se tornaram seus guias espirituais? Quem tem realmente sido atração no mundo religioso-cristão muito mais nos dias modernos de grande poder midiático em que cada vez mais cresce o número de personagens carismáticos, pop-stars e personalidades atraindo multidões para suas mensagens e lotando suas reuniões?
Onde está Jesus nessa multidão? Como Cristo será levantado entre os homens, senão por sua própria atuação pessoal na vida dos que o buscam?




sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

A LUZ DO MUNDO

             
Cristo disse a seu próprio respeito: "Eu Sou a Luz do Mundo. Quem me Segue não andará em trevas." A palavra de Jesus é pontual, definida, sem margem para discussão. Ou o homem acredita nisso, ou busca "luzes" que encantam. 

A luz que Cristo traz ao mundo, desilude. Quantos há que no passado se tornaram desiludidos quando se depararam com a luz da verdade? Ao invés de aprenderem com a desilusão e aceitarem que seus conceitos eram um equívoco, rejeitaram a verdade e criaram suas próprias luzes que não os libertaram das trevas. Viver na luz de Cristo é negar-se a si mesmo e a seus confortáveis conceitos de vida aprendidos do mundo secular, que afaga o ego, que estimula o egoísmo, tornando o homem mais amante dos prazeres do que amigo de Deus. O conceito da vontade humana sobre todas as coisas, tem construído gerações que ignoram as orientações de Deus porque essas orientações espirituais, chocam-se com os interesses humanos. A vinda de Cristo na Terra causou grande celeuma ao sistema político e religioso que imperava, porque sua prática e seus ensinos rompiam as estruturas que os homens instituíram segundo seus próprios conceitos e, assim, o perseguiram até a morte. 

Esses interesses permanecem até os dias modernos. A verdade não encontra lugar porque, a Luz de Jesus, ofusca os olhos daqueles que ainda vislumbram posições neste mundo, usando seus talentos, dons e ministérios para erigirem seus impérios pessoais ou manterem seus status. Eles criam outras luzes, luzes mais fracas; outros preferem a penumbra, onde com mais facilidade guiam o povo para a cova. 
A luz de Jesus liberta. A escravidão da penumbra torna homens dependentes de outros homens; de guias segundo os interesses humanos; formam escravizadores e escravizados. 

Certa vez, um pregador disse em seu sermão: "Igreja não Salva, quem salva é Cristo."

Esse é um discurso politicamente correto, exatamente para antecipar-se a esse questionamento que muitos pensadores poderiam observar. 

Mas, do lado de fora, uma pessoa chamou o pregador e perguntou:

-O Senhor disse em seu sermão que Igreja não salva, e que quem Salva, é Cristo?
-Sim - respondeu.
- Então para quê existe a igreja? Ou qual a diferença de pertencer a uma ou a outra igreja, e por que há tantas igrejas? 

A política e a religião ainda temem Jesus, pois se os homens fossem guiados à libertação que Cristo dá, suas estruturas se romperiam; seus castelos ruiriam. A rejeição que Cristo teve no passado, de seu próprio povo, manipulado e carcomido pelos poderes que imperavam, continua em evidência hoje. O nome Jesus é apenas usado como um atrativo popular, estratégia de marketing, e seus ensinos citados apenas como frases de efeito para confortar; não para ensinar, corrigir, libertar. 
A Luz do Mundo (espiritual), ao contrário da luz física que invade e provoca seus efeitos instantâneos, precisa ser compreendida e aceita. A Luz do Mundo (Cristo) não é invasiva. Essa luz necessita de homens sinceros e comprometidos com a palavra de Deus que não tenham outro interesse a não ser revelá-la ao Mundo, apenas revelá-la como ela é, sem temer por suas posições. 

Romanos 1:25 Pois mudaram a verdade de Deus em mentira,e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador.
II Timoteo 4:3 Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; 

E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.

A "Luz" do Mundo (Cristo) é a revelação da verdade. Essa verdade desconforta, exatamente por causa das raízes do engano que já se aprofundaram há milênios, e tem se propagado com muita rapidez  nos últimos dias. 

Ao ler o Evangelho de Jesus, todos nós temos a oportunidade de conhecer a verdadeira cartilha para aprendermos a fazer a vontade dEle. 

A Luz do Mundo diz: "Vinde a Mim; aprendei de Mim." Isso mostra que nada, nem ninguém representa a Ele, a não ser Ele mesmo. Isso mostra que o aprendizado que temos sobre Ele, é Ele mesmo quem ensina. 

Leia os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas, João... e compare tudo o que Cristo viveu e ensinou, com o que é vivido e  praticado pelos homens. Ele desconstrói a nossa verdade ilusória, superficial e passageira, para nos ensinar a verdade eterna. 
É essa luz que nos libertará de luzes que nos levam aos homens que exaltam seus feitos como guias espirituais, apresentando como prova da presença de Deus em seu ministério, sua prosperidade material e, sua aprovação, tendo por base os números apresentados em seus relatórios.   




quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

O SELF SERVICE DA FÉ

O velho Pedro Campos caminhava comigo e com meu irmão, ainda adolescentes depois do culto de domingo à noite até o ponto do ônibus. Em passos lentos por causa da idade e fala pausada, dizia: "As igrejas hoje são como restaurantes. Oferecem comida para todos os gostos." Se você não gosta disso, pode escolher aquilo; se não gosta de um jeito, pede para lhe servir de outro jeito. "O cliente tem sempre razão, e o bom comerciante torce para todos os times, não discute política nem religião."
A conversa prosseguia quando chegamos à padaria para comprar pão para o dia seguinte. 

Mesmo na adolescência consegui entender bem o que ele dizia metaforicamente, mas disse a ele uma frase, em tom de brincadeira: "E se a igreja tiver para oferecer os frutos do espírito?"

Muitas igrejas tratam os crentes como clientes. E os mais especiais tem ala VIP. 

Andarilhos são expulsos das portas dos restaurantes para não espantar os clientes. Que valor também teriam esses nos "self services da fé", que não podem dar nada em troca, a não ser receber?


O irmão Pedro Campos tinha razão? Pelo entendimento dele as igrejas estavam se descaracterizando para servir aos gostos pessoais. Mas com que finalidade, se a igreja foi instituída para orientar e guiar pessoas à Jesus?

O assunto não girou em torno do bom trato com as pessoas, das boas relações entre os membros, pois como representante de Cristo, a igreja, que é personificada em cada indivíduo, deve agir como Cristo agiu com os todos os pecadores.  A igreja enquanto instituição de Deus na terra, feita por pecadores arrependidos de seus pecados, de igual modo, precisa solidarizar-se com o pecado das pessoas, mas sem perder de vista o seu propósito de instruir, ou seja: não deve ser condescendente com o pecado. 
A igreja é um lugar onde pessoas compartilham sua vida, seus anseios, seus medos, suas preocupações, assim como em todos os lugares onde se relacionam. É um lugar onde pessoas buscam ser amadas e respeitadas. O diferencial é que a igreja apresenta um rumo, uma direção aos indivíduos; ajuda a aperfeiçoar o caráter e a viver uma vida com esperança. E essa responsabilidade será cobrada de toda igreja enquanto instituição que assumiu a missão de orientar, ensinar segundo os planos de Deus. 

Igreja, de fato, não é restaurante para servir comida ao gosto do freguês, como disse o velho Pedro Campos, há quase 30 anos. Pode ser que essa ideia de conquistar "clientes da fé" tem levado muitas igrejas a se estabelecerem a fim de explorar um "nicho" de mercado. "Aqui você pode isso ou aquilo; pode vir, porque a mão de Deus está aqui; só aqui você vai encontrar Deus; aqui não proibimos nada", etc. Atualmente há universidades convencionais oferecendo curso de Teologia em sua grade, deixando de ser uma exclusividade de instituições ligadas a igrejas. A ideia é formar pastores teóricos, em série, como se fosse para atender a uma demanda de mercado. 

Assim como Deus é eterno, seu amor é eterno, sua palavra é eterna; seu ensino é para a eternidade. Isso se caracterizou no próprio Cristo quando esteve entre nós. Ele esteve junto aos pecadores, indo até eles, amando-os com a missão de ajudá-los, de transformar a vida daqueles, cujos traços de caráter os faziam sofrer. Com amor compadeceu-se dos pecadores, mas ensinava que eles deveriam deixar de praticar tais pecados para terem a vida. Ele não se aproximava dos pecadores para aplaudir ou fazer coro aos seus discursos, mas tinha a palavra que mudava o modo de pensar e viver daqueles que lhe davam ouvidos. Cristo mostrava uma outra direção, porque Ele era essa direção. Ele é o Caminho. "Ninguém vem ao Pai, senão por mim" - afirmou. 

Há uma receita, um modo de fazer. "Mas quem perseverar até o fim, será salvo" - Mateus 24:13. 
Perseverança requer um preço a pagar. Não há perseverança sem confrontos, obstáculos a serem vencidos. Perseverança requer fidelidade a Deus. É esse o ponto crucial. O exemplo bíblico da mulher que sofria de hemorragia nos dá uma luz sobre perseverança. Ela teve que enfrentar o cerco da multidão que a impedia de chegar ao Mestre. Se submeteu a um sofrimento para obter o alívio, que por sua fé, recebeu. 

Cada um julgue-se a si mesmo sobre o que busca, o que procura e o que quer. Mas diante de tudo o que pensamos- como seres livres-, de tudo o que buscamos e queremos, a vontade de Deus deve prevalecer em nossa vida. A salvação ou a perdição não está relacionada apenas à aceitação ou não da graça de Cristo, mas de viver em Cristo, de querer estar em Cristo. Ser nova criatura.  

"E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou".
Pode ser que a preocupação de muitos não é a maneira como estão sendo servidos, mas de que maneira estão dispostos a servir à Deus. 

DUVIDANDO DE DEUS

Como você reage diante de uma pessoa que duvida de Deus? Você diria: como um simples mortal poderia sequer se sentir no direito de pedir uma prova dEle?

O absolutismo de Deus não o leva a ser arrogante, "dando de ombros" sem se importar com o que o mundo pensa dEle. O seu amor fê-lo manifestar-se aos homens para mostrar o seu caráter longânimo e magnificente. 

A criação humana de um Deus inacessível, temerário, pode levar pessoas a se tornarem mais distantes dEle e aceitarem tudo como se assim fosse. Pinta-se um Deus intocável, que não se permite questionar por seres humanos. Costura-se um véu para O tornar inacessível e  que todas as coisas que acontecem no mundo não ocorrem sem que Ele permita. 

A confiança em Deus tem a ver com a prova de sua existência. Mas só isso não bastaria. Para muitos, é preciso que Ele faça alguma coisa. Quando um tema gira em torno apenas de teorias e de construção de argumentos, é correto pensar que toda teoria tem um fundamento a partir de alguma evidência ou a falta dela. 

Quem desejaria um Deus que observasse de longe suas criaturas caindo no abismo e que não as protegeu porque não pediram a Ele proteção? Que pai veria seu filho caminhar para o buraco passivamente, sem intervir de alguma maneira? E se esse filho tivesse sido avisado do perigo? No aspecto humano, avaliamos que "os filhos são criados para o mundo", e que o pai não pode ficar o tempo todo de olho nos filhos. E quando se fala de Deus nosso Criador e Onipresente? Aprendemos que somos livres e que, Deus não pode intervir, quando escolhemos fazer coisas erradas. 
A existência de Deus é algo que ainda se discute hoje em dia, porque a discussão passa para o aspecto subjetivo, ligado a fé e "relacionamento" pessoal com Ele. Tem a ver com a "fé" de cada pessoa. Ou seja: se você não acredita em Deus, Deus não existe para você. Assim a discussão se esgota. E cada um com a sua posição. 

O crente orou a Deus dizendo que rasgaria a Bíblia e deixaria de acreditar em sua existência, se as promessas que leu não acontecessem em sua vida. É assim para muitos. Crer que ele existe, requereria a operação de algo a seu favor, do jeito que aprendeu sobre Ele. Por outro lado, as religiões ensinam que é preciso fazer a sua parte.  

Mas nesse ponto, esbarramos noutra questão: não haveria aqueles fazendo sua parte e sendo bem sucedidos em sua vida temporal, sem pedir nada a Deus? A ação de Deus em benefício do homem, não exige contrapartida. Deus não é manipulado para agir segundo o querer dos homens, porque Ele é Deus e o que faz é bom, justo e perfeito. 

É natural que alguém recorra ao sobrenatural quando já se esgotou todas as suas possibilidades. E diante desse quadro que depende tão somente da resposta de Deus e recebe o silêncio como resposta, ouve alguém dizer: "Você não teve fé suficiente."

Mas é exatamente dessa maneira que muitos tem sido levados a aprender sobre Deus e que suas manifestações distintas somente ocorrem para aqueles que creem de verdade.  E não é assim que também acontece na esfera humana? Os motivadores especialistas em comportamento ensinam técnicas de relacionamento, do mesmo jeito como somos ensinados a lidar com Deus para obter vantagens, e há muitos bem sucedidos na vida pelo próprio mérito, pelo esforço pessoal e dedicação. Onde fica Deus, nesses dois exemplos? 

Na verdade, Deus sempre investiu para que o homem cresse nEle pelos sinais operados no passado. Os sinais de Deus independem do homem; aceitá-los como sinais de Deus, sim. Isso não muda os sinais, mas o homem. O que faz com que as pessoas desacreditem de Deus, não é Deus, são as nossas crenças, a maneira como aprendemos e ensinamos sobre Ele. 

Quando Jesus ressuscitou, a passagem Bíblica menciona que Ele apareceu aos discípulos.Tomé pediu para ver as marcas dos cravos em suas mãos.Tomé nunca teve medo de expor a realidade de sua fé e de sua razão, que queria saber cada vez mais e melhor. Nem por isso foi recriminado. Jesus atendeu e mostrou suas marcas como prova de que era ele mesmo. Na verdade, Deus não precisa se manifestar de maneira especial para aqueles que já creem nEle mesmo sem ver e tocar suas marcas. Os "homens de pouca" fé são aqueles que pedem para caminhar sobre as águas para se certificar que aquele que vinha ao seu encontro era Jesus. Mesmo com a "pouca fé", Pedro foi chamado a caminhar sobre as águas; "Tomé" também pediu um sinal e recebeu. Isso evidencia que Deus não se esconde de nós. Ele não tem nada a esconder. É capaz de submeter-se a interrogatório dos "homens de pouca fé", se preciso for. Deus não possui sentimento arrogante que o leve a não aceitar questionamento. Sua verdade é absoluta. 

Portanto, acreditar ou não em Deus, não muda na essência quem Ele é. Mas tudo começa a ganhar novo sentido quando possibilitamos a nós mesmos a oportunidade de pedir a Ele um sinal, ou mesmo aceitá-lo só de ouvir falar. 


terça-feira, 26 de janeiro de 2016

IGREJA A GOSTO

             O velho Pedro Campos caminhava comigo e com meu irmão, ainda adolescentes depois do culto de domingo à noite até o ponto do ônibus. Em passos lentos por causa da idade e fala pausada, dizia: "As igrejas hoje são como restaurantes. Oferecem comida para todos os gostos." Se você não gosta disso, pode escolher aquilo; se não gosta de um jeito, pede para lhe servir de outro jeito. "O cliente tem sempre razão, e o bom comerciante torce para todos os times, não discute política nem religião."



A conversa prosseguia quando chegamos à padaria para comprar pão para o dia seguinte. 

Mesmo na adolescência consegui entender bem o que ele dizia metaforicamente, mas disse a ele uma frase, em tom de brincadeira. "E se a igreja tiver para oferecer os frutos do espírito?"

Muitas igrejas tratam os crentes como clientes. E os mais especiais tem tratamento VIP. 

O irmão Pedro Campos tinha razão? Pelo entendimento dele as igrejas estavam se descaracterizando para servir aos gostos pessoais. Mas com que finalidade, se a igreja foi instituída para orientar e guiar pessoas à Jesus? 

O assunto não girou em torno do bom trato com as pessoas, das boas relações entre os membros, pois como representante de Cristo, a igreja, que é personificada em cada indivíduo, deve agir como Cristo agiu com os todos os pecadores.  A igreja enquanto instituição de Deus na terra, feita por pecadores arrependidos de seus pecados, de igual modo, precisa solidarizar-se com o pecado das pessoas, mas sem perder de vista o seu propósito de instruir, ou seja: não deve ser condescendente com o pecado. 

A igreja é um lugar onde pessoas compartilham sua vida, seus anseios, seus medos, suas preocupações, assim como em todos os lugares onde se relacionam. É um lugar onde pessoas buscam ser amadas e respeitadas. O diferencial é que a igreja apresenta um rumo, uma direção aos indivíduos; ajuda a aperfeiçoar o caráter e a viver uma vida com esperança. E essa responsabilidade será cobrada de toda igreja enquanto instituição que assumiu a missão de orientar, ensinar segundo os planos de Deus. 

Igreja, de fato, não é restaurante para servir comida ao gosto do freguês, como disse o velho Pedro Campos, há quase 30 anos. Pode ser que essa ideia de conquistar "clientes da fé" tem levado muitas igrejas a se estabelecerem a fim de explorar um "nicho" de mercado. "Aqui você pode isso ou aquilo; pode vir, porque a mão de Deus está aqui; só aqui você vai encontrar Deus; aqui não proibimos nada", etc. 
Atualmente há universidades convencionais oferecendo curso de Teologia em sua grade, deixando de ser uma exclusividade de instituições ligadas a igrejas. A ideia é formar pastores teóricos, em série, como se fosse para atender a uma demanda de mercado. 
Jesus veio condenar o pecado
que faz as pessoas sofrerem 
 Assim como Deus é eterno, seu amor é eterno, sua palavra é eterna; seu ensino é para a eternidade. Isso se caracterizou no próprio Cristo quando esteve entre nós. Ele esteve junto aos pecadores, indo até eles, amando-os com a missão de ajudá-los, de transformar a vida daqueles, cujos traços de caráter os faziam sofrer. Com amor compadeceu-se dos pecadores, mas ensinava que eles deveriam deixar de praticar tais pecados para terem a vida. Ele não se aproximava dos pecadores para aplaudir ou fazer coro aos seus discursos, mas tinha a palavra que mudava o modo de pensar e viver daqueles que lhe davam ouvidos. Cristo mostrava uma outra direção, porque Ele era essa direção. Ele é o Caminho. "Ninguém vem ao Pai, senão por mim" - afirmou. 
Há uma receita, um modo de fazer. "Mas quem perseverar até o fim, será salvo" - Mateus 24:13. 

Perseverança requer um preço a pagar. Não há perseverança sem confrontos, obstáculos a serem vencidos. Perseverança requer fidelidade a Deus. É esse o ponto crucial. O exemplo bíblico da mulher que sofria de hemorragia nos dá uma luz sobre perseverança. Ela teve que enfrentar o cerco da multidão que a impedia de chegar ao Mestre. Se submeteu a um sofrimento para obter o alívio, que por sua fé, recebeu. 

Cada um julgue-se a si mesmo sobre o que busca, o que procura e o que quer. Mas diante de tudo o que pensamos- como seres livres-, de tudo o que buscamos e queremos, a vontade de Deus deve prevalecer em nossa vida. A salvação ou a perdição não está relacionada apenas à aceitação ou não da graça de Cristo, mas de viver em Cristo, de querer estar em Cristo. Ser nova criatura.  
"E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou".
2 Coríntios 5:15


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

"A SEGUNDA MILHA DE ABRAÃO"

Quando me pego pensando na fé dos nossos antepassados que se tornaram espelho de conduta diante de Deus e dos homens, lembro-me de Abraão, considerado o "Pai da Fé." Esse título certamente foi dado pelo fato de ele ter ouvido o chamado de Deus, não sabendo para onde e, o mais desafiador ainda, foi o fato de ter se indisposto com seus parentes que adoravam a outros deuses que não o Deus Criador. 
Essa é uma questão crucial para os cristãos de todas as épocas - ainda mais nos dias de hoje - em que as referências são submetidas ao que é razoável; não radical. A decisão de Abraão foi radical. Se ele considerasse as relações familiares e sua vida materialmente próspera que deixaria para trás, poderia impor condições que impediriam o agir de Deus em sua vida.   

Hoje citamos a história de Abraão como se fosse algo ausente e alheio à realidade que vivemos. As configurações mudaram, assim como os interesses humanos. Porém, na essência, aqueles que se submetem à vontade de Deus vivem diuturnamente situações semelhantes. "Viver pela fé", é experimentar, na prática, o cuidado de Deus. Isso é submeter a Ele a nossa própria vontade e permitir que Ele nos guie. 

Mas algo forte me chama atenção analisando esse fato. Quando alguém é chamado para uma missão conhecendo os trâmites e todos os seus direitos, assim como que caminho será trilhado, além das garantias que terá ainda nesse plano terreno, atender a esse chamado não poderia ser considerado um ato de fé. 

Ser convidado a caminhar a segunda milha, quando o termo é  usado como um critério humano subjetivo para promoção na carreira missionária, não se trata mais de fé.  Algo precisa ser conveniente. 

Teria sido um grande "teatro" o ato de Abraão se, ao levar seu filho para o sacrifício, soubesse que na última hora Deus protegeria o menino. 

Uma coisa é saber o que Deus pode fazer. Outra coisa é submeter-se a vontade dEle sem saber ao certo o que acontecerá. 

Assim foi com Sadraque, Mesaque e Abdenego ao serem jogados na fornalha por não se submeterem a outra vontade que não a vontade de Deus. Eles estavam certos de que Deus poderia livrá-los das mãos de seus oponentes, mas não estavam certos de que Deus assim o faria, nem de que maneira. "Deus pode nos livrar, mas se Ele não nos livrar, não nos submeteremos à sua vontade, ó rei" - disseram eles, segundo o relato bíblico.  Mas Deus os livrou.  

Quando agimos com o pensamento de que teremos a recompensa do modo como esperamos ainda aqui na terra, quando perseguimos o sucesso impondo nossas condições, ou cumprimos nossa "missão" seguindo uma cartilha conveniente aos critérios humanos e suas promessas terrenas, e por causa da nossa fidelidade e submissão a Deus sem entendermos os reais planos dEle para nós, não estaremos agindo por fé. A entrega a Deus não exige contrapartida. Não é um negócio. Para o cristão, andar a segunda milha, quando o pedem para caminhar uma, e ser fiel até o fim, é mais que uma condição para conquistas terrenas. É uma questão de obediência e submissão a Deus para o galardão eterno. 


https://www.youtube.com/watch?v=7HvJgge8Lig



O DESAFIO DE GUARDAR A FÉ EM COMBATE NA CARREIRA

Estou combatendo, guardando a fé, mas a carreira ainda não terminou. Essa é uma frase do Apóstolo Paulo que adaptei em sequência desordenada. E é assim que vivemos. "fora de ordem".

Nos condicionamos a fazer as coisas numa sequência lógica, previsível, calculada. Se tudo acontecesse exatamente como planejamos, seria muito mais fácil usar a frase do Apóstolo em sua ordem original. Mas nos combates da vida nos deparamos com aquilo que, apesar de fazermos parte do meio, não temos como evitar. Somos surpreendidos por algo que não estava no plano. Submeter-se ao plano de Deus é a saída. Entender que "todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus," é confortável. 

É nesse ponto que muitos se submetem a situações por uma questão de sobrevivência e, nessa luta, acabam comprometendo sua fé e seus princípios, dando lugar à vasão de seu ponto fraco. Isso é pensar pequeno, se nos colocarmos como "herdeiros do reino celeste." Como completar a carreira - no significado que Paulo menciona - se a fé ficou pelo meio do caminho em troca de uma carreira terrena? Até quando essa carreira duraria?
Rádio Solimões, 1989 - 1994

Quando comecei a me sentir mal com abatimento de espírito ao ter que anunciar, como de praxe, a próxima atração da emissora, após o jornal que apresentava, repensei sobre a carreira que estava iniciando nessa rádio. Um cristão, nascido num lar que ensinou coerência na prática da fé, não poderia se sentir bem ao pronunciar palavras ou fazer publicidade daquilo que não acreditava, apenas para garantir seu emprego. Também não era digno e honesto contrariar o empregador de maneira "rebelde" não cumprindo o papel designado. Comuniquei ao meu chefe de que não me sentia a vontade com o que estava fazendo e que não gostaria mais de fazer, apontando minhas razões. Ele entendeu, porém observou que eu era um profissional, e deveria saber separar a religião da profissão. Esse é também um pensamento razoável, porém, não temos um seletor On/Off, que acionamos no momento em que somos cristãos e no momento em que somos profissionais. A vida pessoal e profissional e religiosa deve estar em harmonia. O desequilíbrio pode comprometer a fé e destruir a carreira a que o Apóstolo Paulo faz referência.

Ao me despedir da emissora onde aprendi a base para construir um futuro promissor no jornalismo radiofônico, me chamaram de louco. "Para onde você vai? Trabalhar em rádio de igreja é fim de carreira!" - disseram alguns. 
Novo Tempo  Governador Valadares1996-1998

Assim procurei meus irmãos na fé. "Novo Tempo" ainda nem era o nome oficial das emissoras. Em 1994, depois de passar quase cinco anos na rádio onde iniciei a carreira profissional, procurei o responsável pela emissora de Rio Bonito, no Estado do Rio de Janeiro, onde retomei, dois meses depois de sair do primeiro emprego. Em emissora da minha igreja trabalhei por muitos anos. 

Lá cumprimos a ordem de Jesus: "andar a segunda milha." Mas isso não é garantia de "vencer a carreira", pois o galardão que Cristo dará a cada um, ainda está por vir. É preciso guardar a fé.  Há muitas milhas a serem percorridas e vencidas. Guardar a fé, completando a carreira, é o mais desafiador compromisso que todo cristão tem em suas mãos, muito mais em dias de relativização entre o ser e o fazer; entre religião e profissão, carreira profissional ou missão. O importante de tudo é olhar para o caminho percorrido e sentir a mão de Deus guiando até aqui. 

Hoje é difícil se adequar ao trabalho secular e se submeter à escravidão do Egito por causa do pão; ou "vender a primogenitura por um prato de lentilhas".  

Sala de Jornalismo
Rede Novo Tempo Nova Friburgo-RJ. 
"Ninguém pode servir a dois Senhores." A compreensão que tive dessas palavras de Jesus, é de que todo o nosso ser deve estar comprometido de maneira coerente com a nossa fé. "Se baal é Deus, segui-o; se Jeová é Deus, Segui-o". A carreira ainda não terminou. Estamos em combate, guardando a fé atento ao chamado de Deus. 
Equipe Rede Novo Tempo Jacareí - 2010





domingo, 24 de janeiro de 2016

"EU ESTAVA LÁ"


Com alegria ele apontava o dedo indicador para uma fotografia. A turma de funcionários da escola onde trabalhava, havia posado para a foto em comemoração a meta alcançada de matrículas. 
-Onde está você na foto? Não estou achando! - perguntei.
-Estou segurando esse cartaz, não dá para ver meu rosto. Só aparece a minha mão na margem superior do cartaz. 

Certamente a foto não apresentava nada que documentasse a presença dele no grupo, nem seu nome foi citado, mas estava feliz em ter participado. Parecia não se importar em ser reconhecido na fotografia. O importante era ele mesmo saber que fez parte daquele momento histórico.

Apesar de sua importância no grupo, ele estava empunhando um cartaz que exaltava o trabalho de todos que se empenharam naquele ano, inclusive ele. 
Ao ouvir sua empolgação naquele momento, sorridente ao falar de sua participação, peguei-me imaginando: 

"Num mundo em que se busca autoafirmação e holofotes para a imagem individual, ali estava uma pessoa que pouco se importava em ter o rosto reconhecido naquela fotografia oficial que foi publicada numa revista institucional". 

Ele estava levantando um "estandarte" da escola. Para ele o que o que importava era apenas fazer parte do grupo e estar bem resolvido em relação a isso."

Na verdade, quando nos dedicamos a levantar uma mensagem, o que menos deve aparecer somos nós mesmos. Acabamos desaparecendo quando aquilo que fazemos e os nossos motivos são maiores do que nós. 

Lembrei-me da passagem Bíblica da serpente no deserto, e a profecia: "Quando Cristo fosse levantado no mundo, todos seriam atraídos a Ele." 

Essa mensagem é muito pertinente como exemplo da experiência daquele funcionário. Quando levantamos em nossa vida aquilo que é mais importante, nós simplesmente desaparecemos. E mais que isso, não fazemos questão de aparecer. "É necessário que ele cresça e  que eu diminua" - como disse João Batista, o precursor da vinda do Messias. "Quem vem das alturas está acima de todos."(João 3:30) 

Quando assumimos nossas responsabilidades e reconhecemos o nosso real papel no mundo, esse modo de pensar estará norteando toda a nossa caminhada.  

sábado, 23 de janeiro de 2016

A GUARDA DO SÁBADO E O PLANO "B"

É mais fácil aceitar uma situação difícil sabendo que ainda há crédito para ser usado. É mais confortável atravessar uma dura situação tendo uma agenda cheia de amigos influentes com quem contar. Não é tão doloroso enfrentar um desemprego, tendo uma poupança (ou a possibilidade de ganhar uma causa na justiça trabalhista) que dá conforto até que se encontre outra oportunidade de trabalho ou se liberte do patrão. Do contrário, a fé seria a única válvula de escape. Tão somente a fé. 

Situação assim passou seu José com seis filhos menores para criar. Eu o conheci. Ao entender o Sábado como um dia de repouso solene à Deus, comunicou ao seu patrão da decisão que tomou. Pediu então que fosse liberado nesse dia. O patrão endureceu. Seu José não retrocedeu, e foi demitido da metalurgia onde trabalhava. Ele não era um alto funcionário de grande salário, nem uma pessoa influente no meio, que tivesse como articular um outro emprego com facilidade. Não conhecia nenhum empresário de sua fé ou empresa de sua igreja para pedir um novo emprego. Era apenas um operário, socialmente considerado de classe baixa. Assim, a notícia de sua demissão deixou a esposa preocupada com a situação, ainda mais com filhos pequenos. Mas ela foi forte, decidida a também, junto com o esposo e os filhos, observar o dia do Senhor. Seu José sofreu, pagou um preço alto, colocando em dificuldade toda sua família em nome da fé em Deus que culminava na observância do sétimo dia, como dia de descanso. 

Goleiro Vitor, do Londrina-FC, 
que ganhou destaque nacional
ao se recusar treinar aos sábados 

por causa de sua fé. 

Essa situação levou muitos amigos a dizerem ao colega de trabalho que "a Igreja não pagaria suas contas". Mas seu José havia aprendido que seu caso não era com igreja, mas com Deus. 

E os colegas insistiam: "Deus quer que você sofra com a sua família essa situação? O que você vai comer? Como sustentará seus filhos?"

A questão da guarda do sábado, o homem prático, em seu estado comum, não entende. Quando friamente pensa nos riscos de suas obrigações sociais e familiares ou em sua carreira profissional, sem fé, não é possível que decida.

Mas a questão do sábado não deve ser tratada nesse contexto, pois se choca entre o físico e o espiritual. E, em questões pontuais, um acaba desconstruindo o outro.


Ser fiel não leva em questão as condições sociais. 
A fé a todos nivela.


O que se vê em muitos casos, é a supervalorização da atitude de pessoas que decidem enfrentar seus empregadores, mesmo quando são ameaçadas de saírem prejudicadas em nome da fé. 
Mas a questão da observância do sábado deve superar isso. Não deve servir como instrumento para tornar o sábado importante por causa da importância ou não de quem decidiu observá-lo, nem pela influência social do indivíduo ou a que classe social pertença. Quando assim é visto, a observância do sábado passa a ser vista apenas como uma questão "escolha" pessoal e, assim sendo, cada indivíduo passa a apresentar suas razões para aceitá-lo ou não, ou procurar uma religião que não pratica a mesma fé. Nesse caso, a questão vai além. Não é por escolha. É por entendimento. E é por esse entendimento que indivíduos são capazes de entregar-se à fé, custe o que custar. Como contrariar alguém que diz que não observa o Sábado porque precisa pagar suas contas, e que a igreja não fará isso em seu lugar? Tem razão. É verdade. Como contrariar alguém que diz que Deus não mandaria você colocar em risco a sua família por causa de doutrina? Não estaria falando a verdade? Sim.  Mas é natural que pessoa que diz tal coisa ainda não tenha entendido o que significa a observância desse dia. E não entenderá, enquanto esse assunto estiver sendo tratado entre o "trabalhar" e o não "trabalhar," ou empunhar bandeiras para provar quem está certo e quem está errado. Essa é a maneira humana e superficial. Seria como o "dedo" do homem, tentando dar uma ajuda ao que Deus escreveu com seu próprio dedo nas tábuas dos dez mandamentos que esse dia deveria ser lembrado.   

A questão de fé não leva em conta um plano "B". Significa tomar a decisão mesmo não tendo nada que assegure o indivíduo a cumprir suas obrigações sociais e garantir seu sustento, por mais radical que esse pensamento pareça. Por isso o reconhecimento não deve recair sobre a pessoa que decide assumir a fé, mas sobre o motivo. O motivo é o princípio. Não importa em que condições de vida a pessoa se encontre. A fé é pessoal, e não vem de nós mesmos. Julgar essa questão (fé) é levar sentimento de culpa àquele que ainda não foi liberto pela verdade, pois isso em nada contribui para fazê-lo entender, senão contestar (até mesmo colocar em jogo o amor de Deus pelas pessoas) assim como fizeram os colegas do seu José, operário da metalúrgica com seis filhos pequenos para criar, que foi demitido porque não teve o sábado liberado de suas obrigações com o empregador. "Deus quer o seu mal e o de sua família?" - disseram eles. 

Fé não gera contrapartida.
Não é um negócio com Deus.
É uma entrega. 

A fé de alguém não é algo a ser ovacionado, nem servir oportunamente de base para a pregação da submissão, pois cada indivíduo decide o que entende por princípio e, somente aqueles que passam por tal situação, conhecem seus motivos. Isso não deve servir como medalha de honra individual. A observância do Sábado tem, em sua essência, a adoração e o reconhecimento de Deus como o Criador. E isso faz diferença em nossa vida: a quem servimos e adoramos. De Deus vem o nosso galardão.