“As crianças hoje não
aprendem para a vida. Os jovens hoje só estudam para passar em concurso” –
disse uma entrevistada num programa de rádio.
Será que ela tem razão?
Não se pode trazer um tema generalizado, pois há exceções,
mas as exceções aparecem apenas como
algo aleatório e é comum que haja a exploração generalizada de exemplos que não
deveriam ser seguidos. Discute-se os direitos de crianças e jovens, mas pouco
se fala de seus deveres, que vem sendo esquecido ao longo das décadas. Os
desejos individuais passam a ser “palavra de ordem.” As vontades
devem ser satisfeitas, independentemente de que tipo de vontade e que
interferência ela pode trazer para os direitos dos outros. Ao olhar sua
realidade de vida, seu histórico meritório por suas lutas e conquistas, acaba
passando por cima das realidades alheias e, em muitos casos, subjugando os
outros sem o desempenho semelhante.
A atual geração, por um lado, rica de informação sobre tudo
que a rodeia, que domina a tecnologia e sabe qual é a última moda da terra, por
outro, padece a falta de conhecimento de outras coisas, essenciais, o
desenvolvimento analítico e senso crítico das coisas e educação para a vida e
princípio de cidadania. É quase comum preocupar-se em ganhar dinheiro e ter um bom salário e, para esse fim, estuda,
treina, reza pela cartilha, o molde sistemático, e consegue realizar-se
financeiramente ao passar para um concurso de uma multinacional ou empresas
públicas. Mas é lá, no desempenho de suas atividades, que se manifesta a
educação do indivíduo no trato com as pessoas que a ele se dirigem. Há até
mesmo os que buscam ostentação e riqueza por métodos duvidosos.
Mas de que fontes vem o salário que recebem? O que precisam fazer
para manterem-se em seus cargos ou subir na carreira? Que princípios e valores
norteiam as ações, e que motivações movem suas mãos? Para que finalidade?
Há quem conhece com destreza as operações matemáticas, domina a
química e a física; por outro lado, desconhece o que seria essencial para sua
sobrevivência; o lidar com seus limites, com suas emoções, e com a mente
cauterizada a ponto de não enxergar o outro. É a geração que entende que tudo
se compra com dinheiro, e o dinheiro tornou-se um fim para todas as coisas;
para suprir todas as necessidades e desejos pessoais. É a mesma geração que xinga de fundamentalista e preconceituoso os que procuram mostrar o outro lado da moeda.
Aos poucos, a mente vai passando por um processo de altivez, de auto-suficiência; de cegueira compulsiva; a sensação de poder acaba roubando do indivíduo a possibilidade de gerenciar sua própria vida, não as coisas da vida. Peca-se nos relacionamentos, no respeito ao espaço coletivo; na cortesia. Essas ações ocorrem no trânsito, nas vias, nos bares, em casa. Há até mesmo aqueles que adotam comportamento de não juntar o lixo que produz pelo fato de ter alguém que o faça. Os mesmos que vivem em busca de "direitos" que julgam ter, só porque "estão pagando". Os que exigem tratamento distinto do que é dado aos demais só porque se acham em "patamares" mais elevados economicamente.
Aos poucos, a mente vai passando por um processo de altivez, de auto-suficiência; de cegueira compulsiva; a sensação de poder acaba roubando do indivíduo a possibilidade de gerenciar sua própria vida, não as coisas da vida. Peca-se nos relacionamentos, no respeito ao espaço coletivo; na cortesia. Essas ações ocorrem no trânsito, nas vias, nos bares, em casa. Há até mesmo aqueles que adotam comportamento de não juntar o lixo que produz pelo fato de ter alguém que o faça. Os mesmos que vivem em busca de "direitos" que julgam ter, só porque "estão pagando". Os que exigem tratamento distinto do que é dado aos demais só porque se acham em "patamares" mais elevados economicamente.
O “crescimento” precisa ser proporcional ao preparo para a
vida. Senão é apenas uma “casca” que ao quebrar-se revela o que traz do lado de
dentro. E essa quebra ocorre em muitos casos, quando suas vontades não são
satisfeitas, quando suas verdades são confrontadas; quando se deparam com a
vida real, não a que construíram por sua imaginação e poder de compra.
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