Esses dias me deparei com
postagens repercutidas na rede social de uma frase que o Papa Francisco
pronunciou ao falar sobre o caso de mães que tiveram filhos sem um compromisso
de casamento. A frase do papa que foi compartilhada dizia o seguinte: “Não existe
mãe solteira. Mãe não é estado civil.” A frase do Papa foi elogiada e, mais
ainda, muitos comentários diziam ser ele “o cara.”
E não é para menos. O Papa
Francisco tem se mostrado um bom articulador, conciliador, um bom frasista, por
sinal. Se não fosse Papa, poderia ter sido um grande profissional do
Marketing. As frases que diz, são muito bem aceitas, porque é uma expectativa
das pessoas, soam bem aos ouvidos e, assim, o Papa torna-se como um garoto propaganda de si mesmo, atraindo consumidores daquilo que estão acostumados a consumir.
Mas até que ponto essas palavras
de constatações daquilo que todo mundo sabe e espera tem mudado a vida das
pessoas ou as tem levado a refletir sobre uma mudança de olhar ou uma necessidade de conversão?
O fato é que, o "remédio" não está
fazendo efeito. Alguma coisa precisa
fazer mal, para despertar o bem. Por mais discutível que seja essa afirmação,
pontuemos o fato de que, se o remédio não fizer mal à doença, não surtirá
nenhum efeito de cura; se o sapato não produzir o calo, que necessidade há de
trocá-lo?
Vivemos numa sociedade em que as pessoas se
acostumaram com o que é “politicamente correto” e isso tem sido prática comum em todos os setores
dominantes do sistema, produzindo um comportamento e uma disposição mental de
que “as coisas para serem boas, precisam ser confortáveis para si mesmas.”
Não é algo relevante ouvir de um
líder religioso de que, "mãe não é estado civil" pois, quem poderia contrariá-lo
nessa afirmativa? Uma afirmativa óbvia não mexe com o comportamento das pessoas, não promove
nenhuma reflexão a respeito dos fatores que levam uma moça engravidar antes do
casamento, sem uma orientação sobre o que pode ser um drama futuro de educar esse filho e
encaminhá-lo com segurança.
As estratégias de conquistar
popularidade do Papa, tem dado certo pelo olhar superficial. E para ele, é importante que assim o seja.
Poucas frases e pensamentos ditos pelo Papa são levadas para o campo da polêmica ao se tratar do óbvio, previsível, esperado.
Poucas frases e pensamentos ditos pelo Papa são levadas para o campo da polêmica ao se tratar do óbvio, previsível, esperado.
Olhando um pouco lá atrás, quando Jesus disse que "veio ao
mundo para trazer espada", na essência, Ele falava de cura. Quando dizia que "veio trazer guerra, e não paz", Ele falava de mudança de vida. A zona de
conforto não leva o homem a refletir sobre a sua condição de vida. O que Cristo
veio trazer ao mundo, foi uma espécie de sacudidura individual daqueles que tinham acesso à
sua palavra e mostrava a eles a saída para seus dramas e conflitos.
Levando em consideração o que as
pessoas passavam em sua vida, as palavras de Jesus que levavam conforto, ao
mesmo tempo, despertava perplexidade nas pessoas que estavam acostumadas a outras
práticas.
“Bem aventurados os que choram,
porque serão consolados”; Bem-aventurados os pobres de espírito porque eles
verão a Deus”... entre outras.
Aos nossos olhos parecem palavras
amáveis e confortadoras, mas dizer isso aos
que esperam resolver tudo do seu jeito e pagar com a mesma moeda suas
ofensas ou explorações, é uma espada; em vez de trazer paz, perturba, porque é o
contrário das expectativas e da realidade que os homens aprenderam viver. Essas palavras eram como "chicote" para os poderes que imperavam, pois mostravam as pessoas um futuro além do que podiam imaginar. Por isso Cristo não foi visto com bons olhos pelos poderes dominantes, nem ovacionado e atraído pelos que se punham nos pedestais de sua própria glória.
Mas é essa espada e essa
perturbação, que promoverão a cura e a paz.
As palavras de Jesus é alento
apenas a quem o conhece. Será conforto para quem se dispuser a conhecê-lo; será
paz a quem a praticar. Aqueles a quem não é permitido conhecer de fato os seus planos, suas palavras serão sempre um desconforto. E ao invés de buscar conhecê-las, buscarão um paliativo para suas perturbações em outras fontes.
Em muitos casos, é preciso ferir
para restaurar. Declarar guerra para mudar. Senão, ao invés de remédio, estaremos
administrando “placebos”, que confortam a mente pela crença de que está tudo
bem, mas o efeito não é sentido plenamente.
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