domingo, 2 de novembro de 2014

PENSE EM VOCÊ

Nem todos tem o equilíbrio de pensar em si mesmo sem deixar o compromisso com o outro.
Há um exemplo clássico descrito na Bíblia que relata a experiência do profeta Jonas. Ele chegou até mesmo a “discutir” com Deus, negando até o último instante a fazer o que Deus pedira: ir até a cidade de Nínive avisar aquele povo que desconhecia o certo e o errado, de que a cidade seria destruída se não houvesse arrependimento de seu povo. Uma cidade idólatra e adúltera, onde a violência era generalizada. Aquele povo nem de Deus era, como teria dito Jonas; tinham outros deuses a quem invocavam como o deus verdadeiro.
A relutância de Jonas talvez não tivesse ocorrido por medo de enfrentar aquela cidade, mas por acreditar que para seus moradores não havia solução. Mas era Deus quem o estava ordenando ir. Por um lado, essa relutância mostrou o lado questionador do profeta, que não aceita uma ordem sem demandar suas opiniões, e que por outro lado mostrava que ele parecia ter um sentimento egoísta de pensar em si mesmo, que se revelou quando Deus perdoou os pecados do povo que se arrependeu. Jonas pensava em sua reputação de profeta: “Como fico eu como profeta? Eu disse o que o Senhor mandou de que a cidade seria destruída e o Senhor muda de ideia e não destrói a cidade?”
Mas Deus foi exaltado até mesmo no momento em que o profeta foi jogado ao mar quando descobriram que ele era o culpado pela tempestade que atingiu a embarcação. Comandante e tripulação reconheceram o Deus criador, o Deus de Jonas, como o Deus verdadeiro. Não é apenas quando tudo vai bem para nós particularmente que Deus se manifesta. Muitas vezes somos como instrumentos dEle para que seu amor se manifeste aos outros. Nem sempre ser lançado ao mar significa derrota, a não ser se nutrirmos pensamentos egoístas e não reconhecer que esse “incidente” pode resultar em manifestação da vontade de Deus para a salvação de outros. Jonas se sentiu humilhado, ridicularizado; por muitas vezes mostrou mal humor, até mesmo ódio contra os que não temiam a Deus, como se tivesse “tomando as dores” de Deus e tentando pensar no lugar dEle.

Mas parece que decretar o fim e a morte dos incrédulos e rebeldes  traz um certo “alívio” para muitos que se apegam ao que Deus determinou. A pregação do juízo pode trazer arrependimento àqueles a quem a mensagem é pregada, mas não é admissível o questionamento a Deus sobre a salvação de quem quer que seja. Parece que a nossa palavra como profetas tem que se cumprir do jeito que anunciamos, sem contar que a misericórdia de Deus pode alcançar o coração que se arrepende até na última hora. Pensamos em nossa “imagem” e reputação como povo de Deus quando profetizamos e a profecia foge ao nosso controle. Não podemos determinar a ação de Deus. Como seus  servos  devemos acatá-las, pois diante da vontade de Deus, nossa vontade nada representa. Jonas tentou fugir da missão, desviando o rumo, argumentando de acordo com sua visão e conhecimento permeado de preconceitos e julgamentos. Mas por fim, a vontade de Deus prevaleceu. Jonas não quis. Deus o fez cumprir a missão, mesmo com todas as observações que tinha. Isso também é mostra de que Deus é soberano até sobre o livre arbítrio do ser humano, quando o faz entender que cada um de nós pertence à Ele e que por isso é capaz de mudar o fim da história daquele que, ao reconhecer seus pecados, de Deus roga o perdão sincero. E não depende exclusivamente de nós. Deus opera em nós também o querer. 


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