Enquanto nos esforçamos para evitar uma queda, o desprendimento de energias é tanto que esse esforço torna-se apenas um meio de proteção temporário que só retarda o inevitável. É impossível viver bem sobre uma "corda bamba" por mais habilidade que alguém desenvolva para equilibrar-se. Muitas vezes a "operação tapa buraco" que realizamos não é suficiente para alcançar a periferia onde pode estar a raiz, o começo do problema.
Atacamos aquilo que é visível aos olhos; começamos a rejeitar coisas que interferem em nossa integridade moral, física e espiritual, mas a atração dessas coisas podem ser fruto de nossas ações imateriais, que podem estar na nossa maneira de pensar que interfere em nosso condicionamento emocional, até mesmo por questões educacionais, a maneira como fomos educados, o juízo de valor que fazemos das coisas que nos cercam.
Em muitos casos, seu valor e potencialidades são percebidos apenas por você, com base em seus esforços interiores e não consegue manifestar suas competências, porque canalizou de maneira errada o que é humildade; aprendeu que dinheiro é apenas fruto do trabalho (consequência) e, trabalhando, não vê o resultado esperado, mas não lhe ensinaram a sonhar, a planejar; não ensinaram que perder e ganhar faz parte da vida, e quando você perde, culpa-se. A vida torna-se cansativa e um fardo difícil de carregar porque não se permite a queda para um recomeço.
É bem verdade que temos medo de passar uma imagem de fracasso diante da comunidade da qual fazemos parte. Mas o maior fracasso é viver uma vida toda sem maiores resultados.
Permitir-se cair, é deixar que o fracasso seja visto; é pedir socorro; dizer que precisa de ajuda. O silêncio em meio a crises só depõe contra você, contra sua integridade moral, quando seu sofrimento começa a se manifestar em sua saúde, comprometendo sua disposição que passam uma imagem distorcida sobre sonhos e desejos que você insiste em guardar para si mesmo, sem alardes, pela crendice de que quando sonhos são revelados, espíritos negativos podem impedir que se realizem; quando assumimos que fazemos bem determinado trabalho atraímos a inveja, e você prefere desenhar em sua mente a solução mas desprovido de iniciativa, diante dos bloqueios que construiu.
Por que não pensar o contrário: Quando compartilhamos os sonhos podemos atrair amigos para ajudar a construí-los; quando assumimos que fazemos bem o nosso trabalho, admitimos nosso conhecimento e ganhamos respeito no trabalho - e isso não pode ser confundido com falta de humildade.
Essa libertação só ocorrerá primeiro pela admissão, depois pelo caminho que precisa seguir e o planejamento para que o fim seja alcançado. Mas em todos os casos, é preciso buscar ajuda. Esse comportamento não é algo que se escolhe como se fosse algo numa vitrine. Ele é construído e ganha espaço em nossa vida por diversas vias, que vai do ambiente em que vivemos, os hábitos, cultura familiar, crenças e costumes. Chega um momento em que é importante um encontro consigo mesmo para rever suas atitudes; o porquê das coisas não darem certo como imagina em sua mente; as ações, se são proporcionais e adequadas ao que deseja que aconteça. Seria vergonhoso admitir falência, ou às escondidas viver sofrendo em silêncio contando moedinhas para comprar o pão?
Enquanto os "fracassos" que alimentamos estiverem entre as quatro paredes que construímos em nossa vida; enquanto as máscaras cobrirem as manchas do nosso rosto, não vamos experimentar a libertação e a consequente renovação. É preciso fazer a limpeza do ambiente para que novidades tenham espaço; abrir mão das quinquilharias que ocupam espaço sem nenhuma utilidade considerável.
É importante lembrar que só se levanta quem cai; só cai quem está em pé. São dois extremos. Quando procuramos por meios artificiais o retardamento da queda, já é sinal que reconhecemos que estamos prestes a despencar. Muitas vezes as bases estão tão ruídas que não dá mais para remendar. O recomeço pode resultar do "fundo do poço". Nem sempre o fim do poço é visto, mas sentido. É um estado de espírito, nem sempre é o que os outros vêem. É por isso que muitos criam raízes dentro dele, tornando sua vida estagnada e sem motivação; fria, escura. Há momento na vida em que é preciso deixar de lutar. A "entrega" pode refazer as forças; a trégua é momento de estabelecer planejamento para começar de novo. "Cair" pode ser uma decisão quando você desiste de "empurrar com a barriga" sem uma alternativa definitiva. Levantar-se da queda, é uma decisão diante da única alternativa de quem deseja viver. De verdade.
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