Quanto mais exposto e conhecido é um
administrador público aumenta-se tanto a rejeição quanto a aprovação, isso é
óbvio. Dilma Roussef tem o maior índice de rejeição entre os demais principais
candidatos, cerca de 37%, contra 18% de Aécio Neves e 11% de Marina Silva,
segundo o Datafolha. A desvantagem da
candidata do PT em relação ao alto índice de rejeição, pode estar ligado ao
tempo que está no comando do país, onde a população ainda clama por mudanças
essenciais como saúde, educação entre outros pontos como infraestrutura e o
crescimento da Nação. Em sua primeira e última entrevista em nível nacional, o
candidato do PSB Eduardo Campos, morto em acidente aéreo um dia depois de sua
exposição na Rede Globo e no canal Globo News, afirmou que o Brasil paralisou
no governo do PT. Obras inacabadas, o descontrole inflacionário, a incapacidade
de gestão com técnicos e especialistas em áreas específicas, abrindo espaço
para apaniguados políticos, com o apoio de vários partidos sem identidade
própria, mas que reforça o interesse do governo quando precisa votar propostas
de seu interesse.
O principal partido de oposição ficou
desacreditado por ser apontado como corrupto, assim como o PT de Lula, diante
de diversos escândalos sobretudo o
“mensalão” que os petistas consideram ter começado com o mensalão mineiro,
que os tucanos não aceitam. O projeto do governo do PT é um projeto de poder,
que aos poucos vai ruindo os padrões democráticos ampliando suas bases e
presença por todo o Estado, não no sentido de promover mudanças que estejam em
consonância com as expectativas populares, mas com a perpetuação em seus
cargos, aumentando suas alianças e criando ministérios para abrigar partidos
que os apoiam. A ideologia política deu lugar ao fisiologismo, onde a defesa de interesses personalistas estão acima do
interesse nacional.
Sindicalistas e organizadores de protestos e
mobilizações populares que num passado recente estavam nas ruas, foram
abrigados no governo do presidente Lula, gerando conforto e uma aparência de paz
social, sem protestos nas ruas, sem mobilizações, que surgiam essencialmente
dos movimentos que o próprio partido organizava, com o apoio da UNE, MST; CUT e
Centrais Sindicais.
O PT teve 12 anos para mostrar seu perfil de
governança que, sem dúvida, não saiu da base da pirâmide, sustentando e dando
sequência a uma política viciada pelas barganhas e loteamento de cargos para
sua sustentação no poder. Os últimos 20 anos não foram de grande impacto
positivo no país em relação à infraestrutura, e o Brasil vem há muito tempo
vivendo de créditos do passado na Indústria, na infraestrutura. O governo do
PSDB se caracterizou em criar uma nova moeda para dar estabilidade econômica ao
país e controlar a inflação. Foi um trabalho conjunto de técnicos, governo com
o apoio da sociedade que foi informada sobre o que estava ocorrendo e o que
viria após os desdobramentos. O PT conseguiu desconstruir a imagem do governo
anterior pelas privatizações, que o governo defendia como uma maneira de tirar
de sua responsabilidade empresas que precisavam crescer e que teria que dispor
de muito trabalho para gerenciá-las adequadamente. A marca do governo petista
era tirar milhões da pobreza ampliando o programa assistencial lançado no
governo anterior. Lula dizia em sua campanha “que era preciso dar o peixe, mas
ensinar a pescar”, mas é grande o número dos que ainda se cadastram para o
programa. Um dos fundadores do PT, Hélio Bicudo revelou durante uma entrevista
que tinha reservas sobre o programa Bolsa Família por não ter um caráter de
continuidade para que as pessoas pudessem de fato sair da pobreza e andar com
as próprias pernas. O fato é que o Bolsa Família representa 25 milhões de votos
garantidos, como sustentou José Dirceu, retrucando a posição de Bicudo. Pelo
andar da carruagem petista dá para perceber que sua intenção a longo prazo, é a
de enfraquecer cada vez mais a oposição nos Estados, o que dificultaria
alianças de partidos não alinhados com o governo. Assim tem sido pelo
lançamento de candidatos ao governo de capitais estratégicas como Rio de
Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, porém com candidatos fracos, sem expressão
política de relevância suficiente para chegar ao governo. O PT se construiu com
a imagem do Lula, apesar de protegida, já mostra sinais de desgaste por sua não
influência para a eleição de seus indicados nesses Estados. É notório que o PT
não tem em seus quadros um político Estadista, com característica de gestor
competente, assim como não foi o Lula que foi eleito sem esse perfil de
administrador público, o mesmo se repetiu com Dilma Roussef. Mas com o tempo,
as ações se tornam claras. As dificuldades e a incompetência gerencial vão
dificultando os resultados que a população espera. É preciso desconstruir a ideia de escolher o menos pior para escolher propostas diferentes. É preciso despolarizar a disputa num país imenso, com grande potencial de desenvolvimento em todas as áreas.
É notório um projeto de poder político e
personalista se comparado ao que fizeram pelo país. Depois de conhecido todo
esse trabalho ao longo de 12 anos, o pedido de voto do partido para mais um
mandato pode soar não como um pedido de oportunidade para mudar o Brasil, mas para
garantir sua própria sustentação política e continuidade do discurso
triunfalista que não mostra a verdade como ela é.
Os passos que o PT tem dado no âmbito do
governo apontam para uma mudança de regime no país que lutou por uma democracia
e que se vê aos poucos se aprofundando em projetos e propostas para facilitar o
poder de liderança, sem considerar as leis que mantém a ordem e a justiça, em
questões que contrariam a Constituição. Medidas provisórias editadas pelo
governo em temas de interesse nacional são aprovadas sem o conhecimento da
população, que interfere diretamente em sua liberdade, apenas para atender a
interesses do próprio governo para sua sustentação. Quanto mais tempo no poder,
o PT continua colocando em prática suas intenções, aumentando os tentáculos da
corrupção em todas as esferas do poder, que não possuem independência e
isenção, passando a agir de acordo com os interesses majoritários, mesmo que
para isso tenham que mudar leis ou desrespeitá-las. O discurso da “perseguição“ política é sempre um
alarde quando percebem que seus atos são
descobertos e vazados na mídia, levando-os a discutir e a criar leis que
impeçam a liberdade de expressão, ou pedindo afastamento de jornalistas de
canais de televisão que mostram posições críticas ao governo capazes de
despertar a opinião pública para um outro olhar. Por outro lado ameaçam com a suspensão
de verbas publicitárias de empresas estatais que em grande parte sustentam
essas emissoras. Por outro lado as manobras para evitar cassações de mandatos
de apaniguados políticos das figuras consideradas importantes para a legenda,
que mesmo punidos pela justiça ainda tem o apoio partidário com suas
influências para mantê-los em seus quadros. O embarreiramento da verdade pelos
discursos sentimentalistas de seus protagonistas acabam desviando o foco do que
deveria ser um ponto para ser avaliado e que passa despercebido pela população
que passou a esfriar seus ânimos para a cobrança, pois o governo trabalhou
demasiadamente para que o povo tivesse maior poder de consumo, o que tem levado
a vertiginosos índices de inadimplência e descontrole das contas pelo demasiado
número de oferta e pouca capacidade de endividamento da população que vive a
ilusão de ter ascendido a uma nova classe média, apenas pelo poder de consumo.
Até quando isso vai resultar em voto?
Quando é que o povo vai entender que está sendo
iludido como massa de manobra para legitimar um governo que pensa apenas em seu
futuro político e para tanto usa instrumentos econômicos para maquiar a
verdadeira imagem da sociedade, que na superfície mostra o que não tem no
profundo. A tática do governo de “facilitar”
a vida do povo financiando certos confortos, por outro lado, tem causado
grandes danos nas contas do próprio governo, deixando faltar recursos para
outras áreas como saúde, educação, infraestrutura.É preciso estar atento a tudo
isso. Não basta apenas olhar para a mesa e perceber que há comida, que existe
um carro ainda que financiado na garagem que passe uma ideia de ascensão
social; daquele calçado de marca que antes era sonho de consumo. Uma nação não
pode ter caráter personalista, mas deve responder aos reclamos estruturais que
vai além de um povo bem nutrido, e do jovem com dinheiro na carteira para
curtir as “baladinhas” nos fins de
semana, mas o que esse jovem terá no futuro. Em que se resume suas expectativas
além dos “rolezinhos?” Para isso, o governo de igual modo, precisa pensar o
futuro do país em suas bases, em suas estruturas sem a ilusão mágica do agora.
Um dia a ficha cai. A educação exerce um papel fundamental para que o povo,
esclarecido, eleja um governo à altura e que não reproduza apenas o pensamento
coletivo com medidas populares e eleitoreiras, aquelas que são "jogadas na cara" no período da propaganda eleitoral que desvia os olhares da população para os grandes interesses da nação mas que ensine, na prática, que tudo se consegue com
esforço, trabalho, planejamento e muita honestidade. Por enquanto, não é isso que estamos
vendo. E faz tempo.
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