Martin Lutero e as 95 teses |
Reforma que não é mantida,
deteriora-se. Algumas reformas feitas no passado, para a nova geração tornaram-se entulhos. Se a reforma não trouxer consigo elementos que
levem à mudança de vida do ser humano,
fazendo-o sentir a necessidade de buscar
na fonte a renovação diária, jamais terá força para manter-se inabalável. E o ciclo vai se repetir: reforma precisando
de reforma.
Um dos maiores motivos da Reforma protestante foi a venda de indulgências pela igreja Católica
Romana em que parentes de mortos eram amedrontados pela mensagem do purgatório.
Era o pagamento que faziam, com sacrifício físico e recurso financeiro que “livraria”
seus entes do ‘fogo do inferno’. Outro motivo, foi o fato de a Igreja pregar que fora dela (Igreja
romana) não havia salvação. A Reforma Protestante excomungou Lutero da Igreja
Católica e foi considerado um fora da lei pelas autoridades por perturbação à
ordem pública. Ele poderia ter ficado calado, se levasse em consideração apenas o apoio que teve de sua própria igreja que custeou seu curso de teologia. Era mantido exatamente pelos recursos provenientes das vendas das indulgências, das quais tornou-se grande crítico. Sendo mantido pela igreja, falava contra os erros que seus líderes defendiam. Ele poderia ter ficado calado, mas preferiu a verdade ao conforto e suas credenciais.Diferentemente do julgamento pela inquisição do Tribunal do Santo Ofício, hoje já não existe o julgamento, mas sugestões apresentadas por apelos psicológicos e 'lavagem' cerebral, fazendo com que o indivíduo fique preso segundo o entendimento que aprendeu, de que sempre deve oferecer mais, caminhar mais do que caminha, para demonstrar amor à obra de Deus; por mais que se faça ainda é insuficiente.
Se hoje há mais esclarecimento
sobre a salvação pela graça, e de que a salvação é estendida a todos os povos,
raça e língua e nação, ainda somos amedrontados com a sombra do que assustava
os que entendiam precisar sacrificar-se ou a pertencer a determinada igreja para receber o perdão de Deus. Hoje, a venda de indulgências ganhou outras faces e
quase todas as religiões se mascaram com essa prática. Hoje o discurso é mais
brando, não tão aterrorizante como antes, pois a porta que Lutero abriu levou
luz aos olhos de muitos, mas fiéis são sugestionados por seus grupos religiosos
da mesma maneira como fazia a Igreja Católica naquele tempo.
Fiéis são
amedrontados por pastores que ameaçam
com a ideia do ‘devorador’ que consome tudo que pertence de quem não devolve os
dízimos, nem oferece suas ofertas ao Senhor, contanto que seja em sua igreja. Isso, certamente, cria um sistema de escambo com Deus,
quando as religiões fazem apelos psicológicos a ponto de despertar em seus
fiéis, sentimento de medo e culpa, alguns até dispondo-se de algo que lhes fará falta para cumprir a obrigação que sugerem ser cumprida. A
mentalidade do dizimista e do doador torna-se distorcida exatamente porque é construída por
essa base que parece servir apenas para sustentar as estruturas das
instituições e enriquecer seus líderes que vivem confortavelmente, em contraste com as dificuldades que vivem os fiéis que lotam seus templos. O dizimista aprende com seus pastores a sentirem-se no direito de
cobrar de Deus as promessas que eles os sugerem, de acordo com seus
interesses de arrecadação. Outros são sugestionados a serem fiéis dizimistas e
ofertantes por meio de testemunhos apresentados em programas de televisão daqueles que dizem ter sido abençoados
porque tornaram-se fiéis na devolução do
que pertence a Deus, que pagou todos os dízimos atrasados, etc. Ou seja. Um ensinamento
Bíblico que deve ser praticado, sendo canalizado de maneira errônea, para
atender aos interesses de líderes religiosos fraudulentos, não exatamente à causa de Deus, e com isso,
roubam dos fiéis o direito de entenderem claramente a função daquilo que
oferecem, pois a informação os levaria à consciência e entenderiam o que seria
uma exploração desmedida em desacordo com a palavra de Deus. O despertar da consciência é sempre uma ameaça a algum sistema
manipulador e opressor.
Suntuosos templos são construidos com dinheiro dos fiéis |
Supostas curas em seus templos justificariam o pedido de dinheiro para a obra continuar |
Os argumentos de Martin Luther
foram incontestáveis, pois quando ele apoiava sua argumentação na Bíblia, a
Igreja rebatia pelo entendimento de que o que fazia era preciso e que não
precisava ser necessariamente a verdade. A mensagem do purgatório e a expiação
por sacrifício humano, era um meio que a Igreja utilizava, segundo seu
entendimento, para dar esperança às pessoas; assim como é hoje a doutrina da
reencarnação e de que a morte é uma passagem. São mensagens que confortam e
alimenta esperança nas pessoas, mas não é a verdade. O princípio é o mesmo
utilizado pelas igrejas que fazem as pessoas terem esperança de conseguir algo,
doando bens materiais. Mas não é este o princípio da verdade.
Se Martin Luther não tivesse tido
a coragem de lutar contra o sistema religioso em sua época, certamente outros seriam despertados diante
de tanta exploração em nome da fé, como existe hoje os combatentes anônimos que
naturalmente são excomungados de suas congregações. A mesma cena se repete. A instituição religiosa torna-se
representante de Deus na terra, não a igreja sendo a imagem de Cristo em seus seguidores. A
instituição torna-se infalível pelo seu
conhecimento e riqueza de conteúdo, sem
despertar em seus membros a certeza de que só com a prática do evangelho de
Jesus na vida, é possível atender ao apelo de ser perfeito como Ele é. Protestantes não protestam mais, estão calados por vários motivos.
É assim que acontece com Martins
Luteros modernos, que querem reparar brechas e levar os fiéis a beberem da
fonte que satisfaz, não em fontes rotas. Mas sua voz seria ameaça ao projeto de poder das religiões. É preciso despertar a mensagem que leve o cristão a exaltar o Criador, não à
criatura, e que o testemunho pessoal seja mais importante que as ferramentas, e a pensar que a igreja de Deus é representada por todo aquele que
lavou suas vestiduras no sangue do cordeiro, que guardem seus
mandamentos, e, sobretudo, sejam testemunhas de Jesus por suas práticas. É a
libertação do jugo do homem, pela submissão ao jugo de Cristo, permitindo-se a
sua guia. Então teremos descoberto a religião verdadeira, que não se resume à defesa cega de uma denominação, como uma paixão capaz de cegar o entendimento, nem a líderes dessas agremiações, mas ao verdadeiro serviço do mestre.
O que assistimos hoje está longe de tudo o que Lutero combateu, na verdade os "evangelicos" nem sabem quem foi Lutero, suas teses, sua ideologia. As igrejas de hoje são estelionatárias legalizadas, que não se envergonham de enganar os leigos.
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