Antes de tudo, é preciso que cada um esteja bem resolvido consigo mesmo, assim a tomada de decisões virá por uma condição consciente, não apenas porque foi sugerida.
O que pode te fazer feliz? |
A motivação deve estar além das palavras mágicas, eu quero, eu posso, eu consigo. Essas sugestões podem até
ajudar, mas não se bastam. Este é um assunto que ganha terreno em todas as
esferas, inclusive no mundo religioso. O sucesso na vida não dependeria apenas desse
exercício mental, se paralelamente o indivíduo não estar consciente de suas
verdadeiras querências, sonhos e motivações. Se trabalharmos dentro do campo
das possibilidades, jamais viveremos a vida desejando algo que queremos, mas
usufruindo tudo aquilo que necessitamos.
Num mundo onde as aparências são
a referência para se classificar
o indivíduo, deixamos de lado as percepções em relação a nós mesmos, o que há
de valor em nós e lutamos para nos identificarmos com as expectativas impostas
pelo meio no qual vivemos. É preciso parar para ouvir a voz do coração, diante dos burburinhos gerados pela sociedade moderna,
que cada vez mais retrocede nos princípios do que realmente tem valor para o
ser humano. Os padrões de beleza e moda
são ditados pelo mercado, que se enriquece, estimulando mudança de estética, de
hábitos, de comportamento. Tentam impor que aceitemos o que eles determinam
como nova “mentalidade” sugerindo que faz parte da modernidade.
O que é necessário, torna-se ostentação. |
Em muitos casos, passamos a querer o
que não podemos, pois o nosso querer pode ser formatado por "querências"
sugestionadas. Assim tornamo-nos
"escravos" de um trabalho intenso para alcançar o que aprendemos a desejar, pelo
exercício do sonho, da imaginação. Esse aspecto é bem trabalhado pelas agências
de publicidade que vendem seus produtos, sugerindo não uma necessidade real,
mas imaginária. Outros conseguem adquirir pela facilidade de seu poder aquisitivo, mas como todos, acabam buscando ostentação. Não importa o grau alcançado na escala social, cada um busca adequar-se como pode às sugestões que recebe. Mas qual o problema em sonhar? Na verdade devemos estar cientes
e plenamente convictos de nossa aceitação, por isso é importante olhar para nós
mesmos não com o olhar superficial ou meramente estético. Precisamos sair da
superfície e nos reconhecermos como pessoas plenamente atuantes e capazes de
fazer a diferença numa sociedade embebedada e quase controlada à distância por
controles desconhecidos manuseados por mãos invisíveis. É preciso parar um
pouco, observar, considerar, questionar, para não corrermos o risco de
engrossarmos o coro da ignorância, da subserviência. Um homem é avaliado por
seu status, por sua posição social, pelos bens adquiridos, pelas roupas que
usa. A mulher é avaliada pelo corpo, por suas curvas exuberantes, e há
quantas sentindo-se mal, fazendo de tudo
para adequar-se às medidas daquela que aparece
nos comerciais de cerveja, da dançarina daquele
programa de auditório. O sentimento de
baixa auto-estima, a sensação de rejeição ou o desejo de conquistar está
comumente relacionado à questões externas. O tratamento para resolver essas
questões dificilmente começa de dentro para fora, mas de fora para dentro,
exatamente porque passamos a nos condicionar a isso. É o resultado da
manipulação generalizada. Antes de tudo é preciso que cada um esteja bem
resolvido consigo mesmo, assim a tomada de decisões virá por uma condição
consciente, não apenas porque foi sugerida.
Consumismo pode manifestar desajuste na alma. |
Certa vez ouvi de um artista nordestino
uma frase muito marcante: “Por que eu tenho que comer caviar só porque
tenho dinheiro pra comprar? Eu gosto de sardinha frita e como sardinha frita”. Por outro lado vemos pessoas querendo
algo que está fora de seu alcance e se esforçam de tal modo a adquirir, a
consumir, a possuir, só para estar na moda. Naturalmente a sugestão é que o
status valoriza as pessoas. Pelo contrário: você é quem valoriza o status, é
você quem dá o tom, é você quem direciona suas ações diante do status. Pode continuar
dirigindo um carro popular, mesmo tendo condições de dirigir um importado sem se importar com isso; ou
dirigir um importado, mantendo a mesma postura de quando dirige um popular. É
você quem direciona o seu comportamento. ”É comer sardinha frita porque gosta, a
comer caviar só por que dizem que é chique”.
Isso certamente faz uma grande
diferença em nossa vida. O contentamento com o nosso corpo valoriza-o. O
contentamento com a nossa condição de vida, torna-a menos problemática e com
disposição prazerosa. Porque é algo que
vem de dentro para fora. É preciso assumir o que somos para valorizar o que
temos, seja o que for, não importando de que maneira o olhar alheio nos julgue. E se desejarmos algo mais, o faremos por uma necessidade real, não por
uma sugestão ilusória. Do contrário, vamos viver de aparências, nada mais!
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