terça-feira, 25 de dezembro de 2012

APARÊNCIAS, NADA MAIS?


Antes de tudo, é preciso que cada um esteja bem resolvido consigo mesmo, assim a tomada de decisões virá por uma condição consciente, não apenas porque foi sugerida.
O que pode te fazer feliz?

A  motivação deve estar além das palavras mágicas, eu quero, eu posso, eu consigo. Essas sugestões podem até ajudar, mas não se bastam. Este é um assunto que ganha terreno em todas as esferas, inclusive no mundo religioso.   O sucesso na vida não dependeria apenas desse exercício mental, se paralelamente o indivíduo não estar consciente de suas verdadeiras querências, sonhos e motivações. Se trabalharmos dentro do campo das possibilidades, jamais viveremos a vida desejando algo que queremos, mas usufruindo tudo aquilo que necessitamos.

Num mundo onde as aparências  são  a  referência para se classificar o indivíduo, deixamos de lado as percepções em relação a nós mesmos, o que há de valor em nós e lutamos para nos identificarmos com as expectativas impostas pelo meio no qual vivemos. É preciso parar para ouvir a voz do coração, diante dos burburinhos gerados pela sociedade moderna, que cada vez mais retrocede nos princípios do que realmente tem valor para o ser  humano. Os padrões de beleza e moda são ditados pelo mercado, que se enriquece, estimulando mudança de estética, de hábitos, de comportamento. Tentam impor que aceitemos o que eles determinam como nova “mentalidade” sugerindo que faz parte da modernidade.
O que é necessário, torna-se ostentação.
Em muitos casos, passamos a querer o que não podemos, pois o nosso querer pode ser formatado por "querências" sugestionadas. Assim  tornamo-nos "escravos" de um trabalho intenso para alcançar o que aprendemos a desejar, pelo exercício do sonho, da imaginação. Esse aspecto é bem trabalhado pelas agências de publicidade que vendem seus produtos, sugerindo não uma necessidade real, mas imaginária. Outros conseguem adquirir pela facilidade de seu poder aquisitivo, mas como todos, acabam buscando ostentação. Não importa o grau alcançado na escala social, cada um busca adequar-se como pode às sugestões que recebe. Mas qual o problema em sonhar? Na verdade devemos estar cientes e plenamente convictos de nossa aceitação, por isso é importante olhar para nós mesmos não com o olhar superficial ou meramente estético. Precisamos sair da superfície e nos reconhecermos como pessoas plenamente atuantes e capazes de fazer a diferença numa sociedade embebedada e quase controlada à distância por controles desconhecidos manuseados por mãos invisíveis. É preciso parar um pouco, observar, considerar, questionar, para não corrermos o risco de engrossarmos o coro da ignorância, da subserviência. Um homem é avaliado por seu status, por sua posição social, pelos bens adquiridos, pelas roupas que usa. A mulher é avaliada pelo corpo, por suas curvas exuberantes,  e  há quantas  sentindo-se mal, fazendo de tudo para adequar-se às medidas daquela que  aparece  nos comerciais de cerveja, da dançarina daquele programa de auditório. O sentimento  de baixa auto-estima, a sensação de rejeição ou o desejo de conquistar está comumente relacionado à questões externas. O tratamento para resolver essas questões dificilmente começa de dentro para fora, mas de fora para dentro, exatamente porque passamos a nos condicionar a isso. É o resultado da manipulação generalizada. Antes de tudo é preciso que cada um esteja bem resolvido consigo mesmo, assim a tomada de decisões virá por uma condição consciente, não apenas porque foi sugerida.

Consumismo pode manifestar desajuste na alma.
Certa vez ouvi de um artista nordestino uma frase muito marcante: “Por que eu tenho que comer caviar só porque tenho dinheiro pra comprar? Eu gosto de sardinha frita e como sardinha frita”.  Por outro lado vemos pessoas querendo algo que está fora de seu alcance e se esforçam de tal modo a adquirir, a consumir, a possuir, só para estar na moda. Naturalmente a sugestão é que o status valoriza as pessoas. Pelo contrário: você é quem valoriza o status, é você quem dá o tom, é você quem direciona suas  ações diante do status. Pode continuar dirigindo um carro popular, mesmo tendo condições de dirigir um importado sem se importar com isso; ou dirigir um importado, mantendo a mesma postura de quando dirige um popular. É você quem direciona o seu comportamento. ”É comer sardinha frita porque gosta, a comer caviar só por que dizem que é chique”.    

Isso certamente faz uma grande diferença em nossa vida. O contentamento com o nosso corpo valoriza-o. O contentamento com a nossa condição de vida, torna-a menos problemática e com disposição prazerosa.  Porque é algo que vem de dentro para fora. É preciso assumir o que somos para valorizar o que temos, seja o que for, não importando de que maneira o olhar alheio nos julgue.  E se desejarmos algo mais,  o faremos por uma necessidade real, não por uma sugestão ilusória. Do contrário, vamos viver de aparências, nada mais!




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