terça-feira, 18 de setembro de 2012

NECESSIDADE DESNECESSÁRIA



Ela resolveu levar uma vida diferente. Hoje diz ser muito feliz. Ao contrário do apelo social de que viver com dignidade é não depender dos outros, ela preferiu mudar o termo. Na vida, tudo pode ser uma troca. A fisioterapeuta alemã declarou que dá aos outros o que ela tem, e recebe o que precisa. Faz 16 anos que não pega em dinheiro. Tudo o que precisa: alimento, roupa e teto para abrigar-se, obtém por meio do compartilhamento do que sabe fazer, em troca do que precisa para sobreviver.
Entre outras coisas, há quem associe um passeio
na praça, ao consumo de sorvete

Ela vendeu tudo o que tinha, inclusive seu apartamento e fez várias doações para quem ela dizia crer não ter nada.

Parece algo assustador diante dos apelos pelo acúmulo de riquezas e bens; soa estranho, quando consideramos que todos precisamos de segurança para viver, pensar no futuro. Para essa mulher é sempre uma experiência nova a cada manhã, pois, não faz planos e não sabe o que lhe acontecerá no dia seguinte. Aos olhos alheios parece loucura. Mas dificilmente entenderemos as ações dos outros, quando não conseguirmos mergulhar em sua realidade e sentir o que os outros sentem. É algo que certamente só quem decide é que sabe o que vive. Dificilmente conseguirá contagiar aos outros com seu comportamento, pois é algo íntimo, profundamente pessoal.

Mas isso não parece algo tão estranho. Hoje, é possível encontrar pessoas que vivem com muito pouco no contexto social, que conseguem viver com o que é extremamente necessário e que não se permitem às influências externas, das sugestões de consumo e status. De que precisamos mais além de teto, comida e roupas? Assim já dizia o Apóstolo Paulo. Tendo o que comer e o que vestir não bastaria?

Jesus quando aqui esteve, não tinha uma casa, normalmente repousava em casa de amigos e ceiava com eles. Ele tinha uma missão que era bem entendida àqueles que o conheciam. Não comprava alimentos pois comia com seus amigos, nem necessitava de dinheiro para viver.
Manipular o próprio alimento já não satisfaz
O pão comprado parece mais "gostoso".

Algumas religiões ensinam que as pessoas precisam dar para receber, assim garantindo sua prosperidade. Com isso enriquecem seus cofres para sustentar seus projetos. Outros, de maneira mais técnica e atrativa aos mais racionais, ensinam em programas de TV como administrar seu dinheiro para ter uma vida melhor e mais confortável e, este conforto esá sempre aliado equivocadamente ao luxo e a ostentação.

A nossa cultura consumista e gastronômica, acaba fazendo uma família a não se saciar com alimentos simples, com roupas simples e com mobílias modestas. O mercado da arquitetura, do design e da decoração, sugere modelos que agradam aos olhos, mas que, de fato, não fariam falta diante do que é necessário no dia a dia.

Hoje, mesmo diante dos apelos para que vivamos de maneira arregalada, por vezes até desperdiçando algo que seria útil aos menos favorecidos, podemos sobreviver com menos do que vivemos. Podemos comer menos do que comemos. Trabalhar menos do que trabalhamos. Aquele que consegue viver com simplicidade, talvez já esteja encontrando aqui e agora a felicidade que muitos tentam de maneira ilusória, pois, parece que as conquistas que somos sugestionados a adquirir, tornam-se cada vez mais distantes, fazendo-nos viver de maneira insaciável. Olhar para as aves do céu e para os lírios do campo, pode ser a saída para uma vida mais tranquila capaz de levar-nos a encontrar a tal felicidade, que não está nas coisas, mas na disposição de espírito.



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