sábado, 24 de outubro de 2015

GESTO HEROICO

         
Ilustração dos 3 jovens na fornalha 
 Pode ser visto como um gesto heroico, digno de aplauso, até mesmo de solidariedade, o fato de, aproveitando a liberdade religiosa, e em alguns casos até por força de liminares ou articulações políticas, a submissão de jovens observadores do  sábado que passam o dia esperando o horário para fazerem suas provas.
         Lembro-me da divulgação massiva na mídia nos anos 80 em que o dia das eleições caiu num sábado e os sabatistas não foram às urnas.
         Até que ponto causa perturbação o fato de o “cerco estar se fechando”, levando a uma percepção de que as profecias estão se cumprindo, como se pudesse por algum esforço frear a marcha do tempo? Por outro lado não pareceria uma pretensão de fazer com que a fé contrária à essa marcha prevalecesse no mundo? Quantos há que não seriam capazes de dar tudo o que tem para continuar fartando-se dos bens que este mundo ainda oferece? Empunhamos bandeiras exigindo míseros direitos nessa terra? Ainda lutamos por espaço junto aos reis deste mundo para tentar provar quem somos?
Esse gesto tem servido apenas como divulgação de que existem grupos religiosos que não tratam de seus interesses no dia de sábado e para orgulharem-se da fé que possuem em detrimento de outros grupos religiosos?
       O que isso tem mudado na vida das pessoas que se tornam expectadoras desse gesto de fé? O que mais tem gerado impacto na vida dos guardadores do sábado e do mundo, não apenas questões de interesses humanos que “pegam carona” nos fatos corriqueiros do mundo,  para fazer resplandecer a luz do evangelho?
      O fato é que ainda há muitos lutando por seus interesses temporais, diante das facilidades que existem por causa de uma convicção religiosa, não por princípio de fé. Faz-se questão de evocar a lei da liberdade para continuar fincando suas raízes na terra e ainda fartar-se das iguarias do mundo, porque as leis terrenas ainda permitem.

Paulo e Silas foram presos por causa da fé
sem garantias humanas. 

       Praticar a fé em tempo de paz é diferente de praticá-la em tempo de guerra. Declarar fé enquanto as fornalhas do rei ainda não estão acesas não é tarefa difícil. Manter viva a fé diante dos decretos e determinações que poderão fechar as portas para a prática da fé, é que vai nos fazer posicionar de que lado estamos. Mas isso já tem acontecido com muitos dos guardadores do sábado, pois não se trata de algo explícito. Há muitos praticantes da fé que são levados às “fornalhas” do reino deste mundo e sofrido em silêncio e sem a quem recorrer a não ser o socorro do Deus Eterno. Há muitos sofrendo por serem amigos de Deus, o que contraria o mundo; que praticam as boas obras; que amam ao próximo, a honestidade e a justiça, cuja religião ultrapassa o rito comportamental sugestionado de maneira organizada e orientada, mas arraigada no coração que se manifesta nas pequenas práticas diárias, sem holofotes, sem autoafirmações, sem a necessidade de mostrar conceitualmente a crença, mas praticando as boas obras, que não se resumem a contextos isolados.

São essas ações do evangelho no dia a dia, que contagia e faz a diferença no mundo. Que esse desejo seja constante em cada coração. Que as ações de hoje, sejam o reflexo das ações vindouras, e que esse testemunho seja presente em todos os aspectos dos atuais discípulos de Cristo. 

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