Senhor,
Hoje
eu acordei pela manhã e reclamei da cama onde descansei, e do teto que me
abrigou.
Mas
quando saí para o trabalho, ao observar nas calçadas,
Vi
uma família inteira debaixo da marquise de uma loja, deitada sobre papelão,
enrolada em cobertores velhos.
Perdoe-me, Senhor.
A vida que me deste, a ti pertence. |
Ao
sair para o almoço, reclamei do tempero da comida e do preço que paguei no
restaurante;
Mas
ao sair, vi um homem revirando a lata de lixo a procura de restos de comida;
Atravessei a rua em frente a um supermercado, uma senhora de mão dada com uma criança, contava com dificuldade as moedinhas que tinha para comprar um quilo de arroz.
Atravessei a rua em frente a um supermercado, uma senhora de mão dada com uma criança, contava com dificuldade as moedinhas que tinha para comprar um quilo de arroz.
Eu te peço perdão,
Senhor.
Eu
xinguei quando tropecei e quase caí no ressalto de um degrau;
Quando
olhei para trás vi um cadeirante sendo levado por alguém, que com muita
dificuldade tentava subir numa calçada;
De
volta para casa vi uma perseguição policial; um rapaz corria com uma bolsa na
mão que acabara de roubar de uma mulher...
E
eu torcia para que o policial o alcançasse.
Quem
era aquele rapaz? De que família ele era? Quem era aquela mulher desesperada ao
ser roubada?
Quando
cheguei em casa eu queria paz;
As
crianças brincavam e corriam ao portão, gritando, correndo felizes com os
braços abertos para me receber de volta. Mas eu estava muito cansado e nem dei
atenção;
Quando
liguei a televisão,
Uma
mãe aflita falava ao repórter que o marido foi atingido por uma bala perdida
quando voltava para casa e seus filhos em prantos...
Comecei
a refletir sobre as cenas que vi e tudo o que vivi neste dia...
Percebi
que em todo o momento fui egoísta, só pensei em mim e nada fiz por ninguém.
Queria justiça, amor, paz... mas fui injusto, impaciente, intolerante.
Perdoe-me,
Senhor, por, mesmo conhecendo sua
palavra, cair em tentação.
Percebi
o quanto fui ingrato quando reclamei da minha casa e da minha cama;
E
me veio à mente como um filme, aquela família deitada na calçada;
Lembrei-me
que quando viestes aqui, Senhor, não
tinhas onde reclinar a cabeça, nem casa, nem bens e, ao morrer, seu túmulo foi-lhe emprestado; mas o Senhor
ressuscitou para me mostrar o que é mais importante nesta vida.
Quero
deixar de olhar só para mim mesmo; quero deixar de pensar só no que sofro, mas quero
ter a sensibilidade de sofrer com os que sofrem. Quero aprender a chorar com os
que choram; quero olhar para ti, que vê cada um como filho seu, e que seja o meu dever fazer ao meu semelhante
o que fizeste a mim.
Quero que me dê
espírito de gratidão, não para que eu não me veja erroneamente como melhor que os outros; mas
para que com o pouco mais que me destes eu seja útil ao meu semelhante. Quero
ver a tua face em cada irmão, em cada pessoa que eu conhecer. Quero tratar a
cada um como tu o farias; perdoar como me perdoastes. Amar como me amastes.
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