domingo, 27 de março de 2016

O GOLPE DE LULA

Se todos os olhos se voltaram para Lula, gerando a pergunta de seus militantes: "Por que só o Lula?" existe um forte motivo. Lula tentou ousar de novo, mas errou ao "atirar a primeira pedra." Quando assim o fez, chamou acidentalmente, juízo sobre si mesmo, e agora tenta desvencilhar-se das pedras que retornam. A tentativa estratégica de mostrar que "todos são corruptos", não o imunizou do peso das consequências da responsabilidade que a ele é atribuída. Ao atirar a primeira pedra, sua tentativa foi a de proteger-se, atribuindo a si mesmo, o dom da honestidade e justiça. Ele sempre apontava "eles" como os corruptos, mas estava usufruindo das mesmas benesses, sentado na mesma cadeira. Ele atirou a primeira pedra e, hoje, o país pergunta: E agora, Lula?

Lula sabia, mais que todos os brasileiros operários. Ele estava lá, no sistema. Lula sabia como se operavam as negociações e contratos. Ele foi um retirante, de infância pobre, mas tinha malícia. Sim. Não é qualquer um que chega aonde chegou. Não é qualquer retirante, qualquer menino pobre que consegue essa proeza. Os mais inteligentes, conseguem se destacar pelos estudos. Mas, os mais astutos, precisam saber negociar e, por vezes, entram em caminhos obscuros. 
Lula era vivo, astuto, por vezes dúbio. Sabia se defender. Assim sempre fez, acusando  "eles", sem dizer quem eram. Assim, o povo o abraçava e via nele um grande guerreiro contra "eles". Criou um meio onde passou a ser indispensável. Não era qualquer pau-de -arara. O que define o futuro de alguém, não é a sua condição social, nem sua inteligência. Em algumas esferas, inteligência não é nada. É preciso astúcia.

Lula sabia como funcionava o sistema. E por isso, talvez, desejou chegar à presidência do país pois, ali, via sua grande oportunidade de enriquecer-se. Foi insistente. 
Lula sabia que as empreiteiras sempre tiveram parcerias com os governos, desde JK. Lula sabia, que empreiteiras pagavam propinas ao governo para obter vantagens em licitações. Lula sabia. E como sabia. 

E sabia que todo o sistema estava corrompido, mas desejou participar dele. Seu discurso de moralidade não conseguiu colocar em prática, talvez porque nunca intencionou fiscalizar as licitações e investigar o esquema de propina que enriquecia ilicitamente muitos operantes do poder.  Mas ele assentou-se na mesma cadeira, comeu da mesma comida. Perdeu a grande oportunidade de revisar o que dizia estar errado. As atribuições do cargo deram a Lula a oportunidade de revelar sua honestidade ou aflorar suas ambições pelo caminho da desonestidade. As atribuições do cargo deram a ele a oportunidade de "mexer nas peças" para interesses pessoais ou para interesses da Nação, mas preferiu tirar proveito, abrigando seus pares. Assim se fortaleceu "voando com as aves de mesma plumagem". 
A notícia de que empreiteiras tem parcerias com o governo há décadas, é a questão que a militância petista tem divulgado aos quatro cantos, para tentar mostrar que Lula não é o demônio da história. 
Mas convenhamos que "parceria público/privada" não justifica o abuso de poder e enriquecimento ilícito de governantes. Cada coisa em seu lugar. Pagamento de propina e superfaturamento como contrapartida para explorar obras, sim, é corrupção. Que empresa não gostaria de ter o governo como seu maior cliente? O pagamento de propina é feito pelas empreiteiras ao governo, sim, mas como uma "exigência" do governo como contrapartida para explorar as obras de infraestrutura. O superfaturamento é um bolo que é dividido entre muitos. O governo petista já chegou ao poder sabendo disso e não "consertou" o problema das propinas, das fraudes em licitações, entre outras coisas envolvendo os tentáculos da corrupção e parece ter gostado da brincadeira. O retirante pobre, se cercou de amigos ricos. Porque agora, ele tem contrapartida! 
O "demônio", de fato, não são as empreiteiras pagadoras de propina para alcançar seus objetivos (elas visam o lucro como qualquer empresa privada). A responsabilidade é de quem paga propina e tira vantagem sobre a coisa pública. Quem tem que consertar isso, não são as empresas corruptas, é o governo corruptor. Mas para que mexer nisso, se encontraram um filão para ganhar a vida? Por isso lutam para permanecer no poder, mesmo enfrentando tanto estresse físico, emocional e moral. Moral?
O que está em questão é o uso da máquina pública para obter vantagens pessoais e partidárias. E isso não vem de hoje, não é por isso que deve continuar sendo assim. Isso é muito comum, em todas as esferas governamentais. Comum, mas errado!

quinta-feira, 24 de março de 2016

HÁ VIDA APÓS A BOLHA

Nada na vida é definitivo. Nem a vida, nem a sorte, nem o norte, nem a morte. Há muitos que chegaram a um momento de profunda reflexão. A vida parecia uma mentira. Os fatos não se encaixavam nos discursos; a expectativa que criavam era uma fraude. 
Quantas vezes fizeram você acreditar cegamente em algo que não era para ser e que precisava aceitar as "coisas" e não questionar porque era de praxe?  Nos ensinaram que devemos nos submeter à uma ordem unida para alcançarmos status ou posições privilegiadas dentro de seus muros. Mas na prática, no mundo real, somos submetidos à luta; a luta que nos fortalece. 

Na ilusão, vivemos reclusos dentro de uma bolha e achamos não haver um mundo do lado de fora. Mas há. A bolha estoura quando você não se sente mais confortável dentro dela, não por não ser confortável, mas porque você se desperta quando percebe que se trata de um plano para controlar a sua vida. As vezes você sente que alguma coisa está errada mas não sabe exatamente o quê. É esse um processo onde começa surgir as crises internas, mas quando você se permite à análise e à comparação pela libertação do pensamento, inicia-se uma revolução em seu interior. A bolha não suporta esse "estremecer" e eclode. 

É dura a experiência de ver essa bolha estourar e despencarmos para a realidade. É preciso agora, atenção redobrada, percepção aguçada e o controle das emoções. Tudo entra em alerta. O processo de retomada da vida torna-se quase que um fardo quando confrontamos nossos valores teóricos, com aquilo que precisamos fazer, na prática, para iniciar um novo ritmo, depois de um ciclo que terminou. O que aprendemos já não vale mais; o nome e a identidade que nos deram não são reconhecidos; o que disseram que somos, na realidade, era o que queriam que fôssemos, lá, dentro da bolha; o que recebemos já não tem mais valor, porque o que restou, só tem valor dentro da bolha; as amizades que construímos já não existem mais. Ficaram lá, dentro da bolha. É tudo novo, diferente, tenebroso, desafiador e até assustador. É como um "renascimento" de si mesmo, onde o que vai sustentar é a  essência de seu próprio caráter. É com ele que contará para retomar essa nova caminhada. Sua identidade real é aquela que se revela pela nudez dos valores que lhe deram um dia, e que de você foram tirados. Sim. Sair da bolha é desnudar-se. É o regenerar do que se tornou um despojo. 

O sentimento de desajuste com o novo meio é intenso. Já não está mais entre aqueles a quem considerou irmão um dia; nem junto àqueles que conheceram a sua história de vida. Tudo se apaga, mas ainda vive na própria memória. É preciso o desprendimento do passado para viver de novo. É preciso admitir que aquele tempo se foi e ele só é importante para você mesmo. Agora é um recomeço. É preciso provar que é capaz, que tem vida, que é útil, que pode fazer, planejar, realizar. Sentir-se vivo é necessário para que a vida tenha sentido. 

Sair da bolha é doloroso, mas é crescimento, libertação. É o encontro com a sua própria verdade, dando a real oportunidade de reconhecer-se. Você já não está mais dentro de casa, com os de casa; não é mais agasalhado pelos irmãos e aplaudido ou criticado por eles; a vida passa a ser como um show de calouros onde você é julgado por estranhos; já não come da mesma comida; não conversa a mesma conversa, já não se assenta na mesma cadeira, e não há nada de prodigalidade ou rebeldia nisso. É o acordar de uma anestesia. É a vida que segue, que convida, que aflora. 

Há vida após a bolha, mas quem sobreviver à queda, terá a seu favor um novo olhar do que passou, e um novo entendimento sobre si mesmo e os outros. 

Quando a bolha não estoura, somos condenados a uma vida sem sentido, sem a descoberta daquilo que podemos ser, não daquilo que dizem que somos. Dentro da bolha, tornamo-nos reféns de nós mesmos, indefesos e escravos do pão que nos "cevam" dentro dos "currais" daqueles que nos cativaram pelos sonhos que prenderam o entusiasmo; pelos limites que cercaram o autruísmo; pelo trabalho de frutos minguados que nos fizeram plantar em solo errado. 

sexta-feira, 18 de março de 2016

QUEM FUGIRÁ DA JUSTIÇA?

Por mais que o homem tenta buscar meios para retardar as consequências de seus atos errôneos deliberados, os mais resistentes acabam, finalmente, tendo que enfrentar a si mesmos diante da vergonha da "nudez" de uma moral desmascarada ao ser encurralada pelos fatos. 

Muitas vezes nos tornamos "amigos" de nossos erros e nos damos bem com ele, até sermos "traídos" pelas consequências inevitáveis desses atos. É sempre assim, quando procuramos "empurrar nossos problemas com a barriga", protelando a oportunidade de darmos uma chance para nós mesmos de resolver esses problemas que nos afligem. Quando nos tornamos escravos de nossos vícios, o que fazemos é buscar justificativas para tentar minimizar o seu peso, e abraçá-lo como a nossa verdade e acreditamos nela a ponto de defendermos com veemência as nossas razões. Podemos maquiar os sintomas de uma doença para mostrar que estamos saudáveis, mas não dá para esconder quando a doença eclode. Como escapar da verdade? Não seria o momento de avaliarmos nossas condições e em vez de viver reagindo passemos a agir para mudar a situação? 

Deus olhou para a Terra e não viu um justo sequer (Romanos 3). 

Olhando depois, viu a Noé, Ló, Jó, entre outros. O que Deus considerou era que esses homens tinham características comuns, que os colocavam em estado de justiça. Eram tementes a Deus e se desviavam do mal.

A Bíblia fala dos limpos de mão e puros de coração. Salmo 24:4 diz:"Aquele que tem as mãos limpas e o coração puro, e não se entrega à mentira, nem age com falsidade." Este subirá ao monte do Senhor. 

O fato de "não haver um justo sequer" não é uma espécie de licença ou condescendência com a injustiça. É uma constatação que mostra haver, por outro lado, a escolha que podemos fazer pela justiça. "Quem nunca pecou, atire primeira pedra", como defendeu Jesus a pecadora, não promove o pecado, mas leva cada indivíduo a refletir sobre suas mais profundas intenções e suas atitudes consumadas. 

"Vai e não peque mais", foi o pedido de Cristo àquela mulher, livre da morte. 

Não há margem para desculpas quando lemos: "Pode o etíope mudar a cor da sua pele e o leopardo suas manchas?

Mas nós podemos escolher fazer o bem, mesmo tendo tendências para fazer o mal". (Jeremias 13:23). Sobre cada indivíduo recai a responsabilidade por suas escolhas. 
Não existe "justiça de Deus" e "justiça dos homens". Existe justiça. Ela é definida por sua própria essência que ultrapassa as argumentações humanas ou teses de defesa de um réu. A justiça acusa no "tribunal da consciência" onde nenhum advogado, juiz ou promotor tem acesso. "Cada um julgue-se a si mesmo." Essa é a essência da justiça. 

Se praticássemos a justiça, com base no amor ao próximo, que é a lei universal, jamais teríamos causas levadas aos tribunais e nossa honra colocada em dúvida. 

O momento em que vivemos como cidadãos ativos na sociedade, ao mesmo tempo em que dizemos amar a verdade, é dramático. Quando o Cristão toma algum partido nessa hora, acaba sepultando em vala comum a honra daqueles que se desviam do mal e não agem de maneira fraudulenta. A diferença não é a possibilidade de errar, mas a escolha de desviar-se do mal e manter-se limpo em meio à corrupção e mentiras. É isso que temos observado dos partidários políticos. O cenário não é satisfatório para levantarmos bandeiras, seja elas quais forem. A defesa da justiça e da honra, contudo, deve ser o alvo de todo aquele que se desvia do mal e que ama a verdade. 


Não é raro ouvirmos e lermos repercussão de frases de efeito e acusações de um lado corrupto para defender o outro lado, também corrupto. Estar ao lado de homens, levando para o pessoal o que deveria ser analisado profundamente na esfera espiritual, é disseminarmos pedras pelo caminho, nas quais tropeçamos por confiarmos naqueles que se autodenominam justos e inimputáveis. O orgulho faz com que levemos para o pessoal essas discussões e passamos a defender crimes de uns, pelos crimes de outros, e assim, permanecemos na escala das trevas. É uma luta de jogo de palavras que em nada contribui para a busca de soluções. 

Todo homem tem tendências ao erro, por isso erra. Porém, o reconhecimento de seus erros, independentemente das consequências que pode sofrer, ocorre quando abre espaço para o espírito da justiça e da verdade. Aqueles que se desviam do mal, mantendo suas mãos limpas e coração puro, que não acusam com mentiras. 


Avaliemos nossa condição e observemos a inclinação que adotamos em temas que nos afetam diretamente. O que seria praticar justiça? Quando a injustiça nos beneficia, deixaria de ser perniciosa em sua essência? 

O mal não é só mal pelos efeitos que produz, mas pela causa, ainda que de algum modo, aceitemos nos beneficiar dele. Por outro lado, a bondade e a justiça, o amor, a compaixão e solidariedade não necessitam dar explicações para suas ações. Quem erra precisa de advogado. Mas a justiça advoga-se a si mesma, pois se respalda na verdade. Cada ser humano, em suas faculdades mentais sadias, pode julgar-se a si mesmo. Não poderá deparar-se no espelho da alma mantendo suas mentiras. De que lado você está? O amor, a verdade e a justiça não tem lado.  


segunda-feira, 14 de março de 2016

O SEU MAIOR INIMIGO


As diferenças sociais não importam muito. O que impota são os valores pessoais. Ser rico honesto, ou pobre honesto, os igualam nos valores imateriais. Ser rico ou pobre desonesto, os igualam de igual modo. O pobre honesto não se vitimiza por sua condição nem busca culpados por sua situação social e econômica. O pobre honesto é aquele que reconhece que sem trabalho e oportunidades não é possível avançar; é aguerrido e busca seus objetivos com verdade e sinceridade. O que pesa não é o que você tem ou não tem, mas o que fez para adquirir e conquistar, ou o que pretende fazer para mudar sua própria condição.  


O rico honesto não pode ser sonegador; não mente para o fisco, nem adquire bens e escamoteia informações de sua origem, não explora o pobre; reconhece seu dever humano de amar e compartilhar. O grave problema que vivemos nos dias atuais é a tentativa de colocar pessoas guerreando contra pessoas, enquanto que a motivação individual pelos sonhos, planos e objetivos, se encerra nas discussões sobre quem é o culpado. É preciso rever os valores espirituais, não apenas os materiais. O orgulho, a vaidade, e outros tantos vícios morais é que tem destruído a humanidade em todos os sentidos.Em suma, ser honesto é saber quem você é e o que são os outros, e o que você pode fazer por si mesmo e pelos demais.É saber qual é a sua parte e cumpri-la. Descobrir os inimigos em si mesmo, e combatê-los. 

O seu maior inimigo é aquele que domina a sua mente e seus pensamentos. O que fazemos com nossas mãos e com nossos atos, é apenas uma resposta do comando imaterial do ser. Dificilmente uma mente dominada pelo engano se sentirá culpada de possíveis erros cometidos. 

domingo, 13 de março de 2016

"NÃO HÁ UM JUSTO SEQUER"

Deus olhou para a Terra e não viu um justo sequer (Romanos 3). 

Olhando depois, viu a Noé, Ló, Jó, entre outros. O que Deus considerou era que esses homens tinham características comuns, que os colocavam em estado de justiça. Eram tementes a Deus e se desviavam do mal.

A Bíblia fala dos limpos de mão e puros de coração. Salmo 24:4 diz: "Aquele que tem as mãos limpas e o coração puro, e não se entrega à mentira, nem age com falsidade." Este subirá ao monte do Senhor. 

O fato de "não haver um justo sequer" não é uma espécie de licença ou condescendência com a injustiça. É uma constatação que mostra haver, por outro lado, a escolha que podemos fazer pela justiça. "Quem nunca pecou, atire primeira pedra", como defendeu Jesus a pecadora, não promove o pecado, mas leva cada indivíduo a refletir sobre suas mais profundas intenções e suas atitudes consumadas. 

"Vai e não peque mais", foi o pedido de Cristo àquela mulher, livre da morte. 

Não há margem para desculpas quando lemos: "Pode o etíope mudar a cor da sua pele e o leopardo suas manchas?
Mas nós podemos escolher fazer o bem, mesmo tendo tendências para fazer o mal". (Jeremias 13:23). Sobre cada indivíduo recai a responsabilidade por suas escolhas. 

Não existe "justiça de Deus" e "justiça dos homens". Existe justiça. Ela é definida por sua própria essência que ultrapassa as argumentações humanas ou teses de defesa de um réu. A justiça acusa no "tribunal da consciência" onde nenhum advogado, juiz ou promotor tem acesso. "Cada um julgue-se a si mesmo." Essa é a essência da justiça. 

Se praticássemos a justiça, com base no amor ao próximo, que é a lei universal, jamais teríamos causas levadas aos tribunais e nossa honra colocada em dúvida. 

O momento em que vivemos como cidadãos ativos na sociedade, ao mesmo tempo em que dizemos amar a verdade, é dramático. Quando o Cristão toma algum partido nessa hora, acaba sepultando em vala comum a honra daqueles que se desviam do mal e não agem de maneira fraudulenta. A diferença não é a possibilidade de errar, mas a escolha de desviar-se do mal e manter-se limpo em meio à corrupção e mentiras. É isso que temos observado dos partidários políticos. O cenário não é satisfatório para levantarmos bandeiras, seja elas quais forem. A defesa da justiça e da honra, contudo, deve ser o alvo de todo aquele que se desvia do mal e que ama a verdade. 

Não é raro ouvirmos e lermos repercussão de frases de efeito e acusações de um lado corrupto para defender o outro lado, também corrupto. Estar ao lado de homens, levando para o pessoal o que deveria ser analisado profundamente na esfera espiritual, é disseminarmos pedras pelo caminho, nas quais tropeçamos por confiarmos naqueles que se autodenominam justos e inimputáveis. O orgulho faz com que levemos para o pessoal essas discussões e passamos a defender crimes de uns, pelos crimes de outros, e assim, permanecemos na escala das trevas. É uma luta de jogo de palavras que em nada contribui para a busca de soluções. 

Todo homem tem tendências ao erro, por isso erra. Porém, o reconhecimento de seus erros, independentemente das consequências que pode sofrer, ocorre quando abre espaço para o espírito da justiça e da verdade. Aqueles que se desviam do mal, mantendo suas mãos limpas e coração puro, que não acusam com mentiras. 

Avaliemos nossa condição e observemos a inclinação que adotamos em temas que nos afetam diretamente. O que seria praticar justiça? Quando a injustiça nos beneficia, deixaria de ser perniciosa em sua essência? 

O mal não é só mal pelos efeitos que produz, mas pela causa, por sua natureza, ainda que, de algum modo, nos beneficiemos dele. Por outro lado, a bondade e a justiça, o amor, a compaixão e solidariedade não necessitam dar explicações para suas ações. Quem erra precisa de advogado. Mas a justiça advoga-se a si mesma, pois se respalda na verdade. Cada ser humano, em suas faculdades mentais sadias, pode julgar-se a si mesmo. Não poderá deparar-se no espelho da alma mantendo suas mentiras. De que lado você está? O amor, a verdade e a justiça não tem lado, porque é algo que está acima de nós. 

sexta-feira, 11 de março de 2016

REVENDO CONCEITOS

O que ocorre depois de revermos nossos conceitos? Até quando vamos nos debruçar no meio termo do politicamente correto e deixar de lado questões pontuais e decidir entre a vida e a morte, entre o certo e o errado, entre o bem e o mal? 
Jesus já havia orientado com muita precisão no passado sobre isso, dizendo: "Ninguém pode servir a dois senhores e agradá-los ao mesmo tempo; se agradar a um, desagradará ao outro."  

Tomar posição exige "desapego" a um, para apegar-se a outro. Não existe decisão sem perda, por mais dolorosa que essa decisão seja. É preciso abrir mão de algo para obter outro. A lei da física prevê que "dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo". A presença de um, expele o outro. 

A campanha de "desconstrução" de valores e a relativização da verdade, respaldando-se na depreciação do gênero humano, nivelando a todos na mais baixa escala, como se não houvesse mais saída, acaba "educando" uma geração no campo da mornidão e permissividade, tornando-a vulnerável a todos os ventos de argumentos e posições, sem o senso crítico, sem uma base sólida para defender-se diante dessas imposições administradas de maneira sutil.  
Mas será que estamos preparados para tomar mesmo decisões, preferimos viver displicentes, apenas reagindo aos acontecimentos que ocorrem em nossa vida? Até que ponto as informações e conhecimento que adquirimos, ou as percepções que acumulamos nos tem feito tomar posições? 

Talvez seja isso que vem fazendo a diferença na vida das pessoas, seja de que lado estejam. O meio termo, a "mornidão" é o esconderijo de nosso real caráter, ou de nosso desconhecimento de causa sobre o que está exposto diante de nós.  Observe as suas referências. Após rever conceitos é preciso o próximo passo. Substituir conceitos, mudar de atitude, renovar o entendimento. Não há ninguém que fará isso em seu lugar. 

quinta-feira, 10 de março de 2016

COMIGO NÃO ACONTECEU NADA

Por mais "em paz" que estejamos, não estamos longe de conflitos e tragédias humanas e isso nos afeta e comove. Mas é preciso ir além disso. 

É um grande alívio quando há certeza de que aquele acidente não afetou seu parente. Que aquela notícia que alguém lhe passou a respeito do desastre estava equivocada,  e o que parecia um grande drama, deu lugar ao riso de alegria e abraços de comemoração.  É preciso ter grande cuidado e cultivar uma maturidade espiritual para que a esperança não nos torne pessoas frias, achando que tudo é assim mesmo, e que a vitória é lá no fim.  Como pode, por exemplo um pastor de igreja dormir tranquilamente, sabendo que um membro de sua igreja foi para a cama sem poder dar de comer a seus filhos? Precisa ter "inteligência emocional." É isso que a psicologia moderna ensina? 

É um grande alívio quando aquele ônibus que você perdeu e o deixou irritado por não tê-lo alcançado, não chegou ao seu destino; quando a enchente que passou arrastando tudo perto de sua casa, passou longe de seu portão. Mas, quem foi mesmo a vítima que se acidentou? E aquela família que teve que sair às pressas da casa invadida pela água da enxurrada? E a família que aguarda a confirmação dos nomes da lista de passageiros que foram internados no hospital?

Comemora-se quando o alarme é falso. Quando o diagnóstico está errado; quando o telefonema avisando o sequestro do filho  era um trote. Comemora-se porque o amor que une a família naturalmente é  centrado ao núcleo familiar, ao círculo de amizades. É natural as pessoas serem afetadas diretamente naquilo que tem relação com seus interesses.
Mas ao considerar o fato de que  todos somos  parentes, do mesmo modo comemoramos o alívio do outro. A dor que dói no outro, também dói em você. Mas há os que perdem a sensibilidade a tal ponto  que não conseguem  se tocar nem com o sofrimento, nem com a alegria dos que estão a sua volta. Seria isso normal?
-Mas olha como está o  seu amigo, cheio de hematomas pelo corpo, disse o repórter de uma rádio local ao homem na sala da delegacia de polícia.
-Comigo não aconteceu nada, respondeu de imediato ao repórter.
Os dois haviam acabado de escapar pulando o muro da clínica psiquiátrica onde estavam internados. Recolhidos pela polícia, aguardavam a chegada do responsável por eles na delegacia para depor e liberá-los.
Curiosa a resposta daquele paciente psiquiátrico ao repórter: “comigo não aconteceu nada.” Sim, havia o que se comemorar. Mas o companheiro de fuga dele estava machucado.
Será que é loucura pensar assim? Passar adiante, mesmo percebendo que alguém, no canto da rua se queda? Manter os passos velozes pela pressa, e muitas vezes fugir de situações que não quer enfrentar? Assistir o sofrimento alheio, ao mesmo tempo em que diz: “comigo não aconteceu nada?”
Os extremos são perigosos.  Tanto não se solidarizar com o sofrimento do outro, quanto abalar-se demasiadamente. Mas ninguém tem um botãozinho liga/desliga para acionar ou neutralizar as emoções. O que vale agora é a reflexão no momento em que aparentemente está tudo normal. O que você pensa a respeito disso? É exatamente o que vai se manifestar na hora do enfrentamento da situação. Ao fazer uma simulação mental a respeito de alguma possibilidade, imagine-se na cena construída. O que você visualiza é o que assimilou e que provavelmente será refletido em sua reação.