sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O IRMÃO PALHAÇO



       
Um  homem que ganhava seu pão de cada dia como palhaço converteu-se ao evangelho. Ao chegar à igreja fantasiado, muitos ficaram surpresos pela maquiagem característica e roupas coloridas que usava em suas apresentações, também como malabarista nos sinais de trânsito.  As vezes era contratado pelas lojas comerciais, onde anunciava com um megafone as promoções. Era  o  seu ganha pão. O seu meio de vida que também lhe trazia muitas alegrias e aos outros também.
- Eu quero dar o meu testemunho! – disse ele ao dirigente da Igreja diante de todas as pessoas que lá estavam.  
              Ele disse que a única coisa que sabia fazer era ser palhaço e malabarista, e que assim, com o que tinha de mais importante, gostaria de expressar sua satisfação. O pedido foi concedido, apresentando com muita alegria o seu número. Muitos na igreja ficaram assustados; outros se escandalizaram e chamaram o pastor para reunir-se e dar explicações sobre a permissão que o dirigente deu ao irmão palhaço.
O que haveria de mal neste homem que desejou apresentar a Deus aquilo que fazia de melhor? Nada de mal. Absolutamente nada, apesar de chocante por não ser algo comum dentro de uma igreja.
O irmão palhaço entendeu, depois, que seu louvor a Deus não precisava de apetrechos externos, nem de máscaras, nem de malabarismo e  que o louvor do coração, reconhecendo a grandeza e a soberania de Deus, é que fez diferença em sua vida.

Você não deve se preocupar com o que vai oferecer a Deus.  Diante dEle você não precisa usar máscaras, porque Ele entende e conhece o seu coração e os seus motivos. Jesus lhe aceita do jeito que você está, mas ao encontrar-se com Ele, você certamente será diferente, de corpo e alma limpos!

“Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mateus 11.28-30)


QUEM SEMEIA CHORANDO

"Quem semeia em prantos, colherá com alegria." Salmos 126. 

Quando olhamos atentamente para essa frase contida na Bíblia, temos uma clara resposta de que nada na vida acontece sem esforço. "Semear chorando" denota sacrifício, dedicação ao trabalho. A alegria é a compensação pelo resultado obtido. 

A parábola do servo infiel mostra várias características do ser humano. Os que trabalham muito, pouco, e os que são tímidos. (Lucas 19:17-27).

Há poucos dias, almoçando à mesa, meu filho elogiou o arroz, que estava muito saboroso. Aproveitando o ensejo perguntei-lhe se sabia como o arroz era plantado e o caminho que percorreu para chegar à mesa. É realmente um caminho longo, desde o preparo do solo, os cuidados, o cultivo, o transporte, etc. 

O trabalho e a produção precisam ser compreendidos e valorizados. "Aquele que tratar da semente, comerá do seu fruto." Isso é fato. 

         É natural desde pequenos, aprendermos a consumir. Somos consumidores por natureza, mas quando descobrimos a importância e o valor da produção, nossa vida ganha outro sentido em muitos aspectos. É preciso entender que para o consumo de uns, é necessário a produção de outros. Quando vivemos apenas como consumidores passivos, exigentes e murmuradores por desconhecermos a origem das coisas, nossa vida parece não apresentar nada de especial que contribua com outras pessoas. 
         O despertamento para nossas potencialidades e a maneira como empregamos nossas habilidades a serviço de outras pessoas é que trará motivação à vida. 


           No aspecto que envolve ideologias políticas, há ideias que motivam pessoas a se levantarem contra determinadas classes, consideradas "dominantes e usurpadoras dos mais pobres", sem contudo, orientar que todas as conquistas materiais vem pelo trabalho, essa política acaba tornando pessoas dependentes de alguém que lhes estendam a mão. Quando desviamos o nosso olhar daquilo que o outro possui, observando o que podemos ter com nossos próprios esforços, empenharemos nossas energias para a produção de algo proveitoso que se multiplica, assim como no plantio de uma semente que germina e dá muitos frutos.  Vivemos a realidade hoje em dia em que muitos ostentam objetos e coisas que dão a impressão de poder. Mas o real poder está nas mãos de quem produz, não dos que consomem.             Orgulhar-se pela adequação aos padrões sociais do consumo é uma mostra do desprezo sobre o real valor das coisas. A exploração política ao elevar o patamar de consumo das pessoas, é roubar-lhes o incentivo à produção e ao senso crítico para avaliar-se diante das ofertas e sua necessidade. 

            Sem produzir, a tendência é o esgotamento, a escassez. Todas as conquistas na vida vem pelo trabalho, que não se resume em autobenefício apenas, mas que seja produtivo para os outros. Observe que tudo o que prospera é o que é produzido para o bem de outros. Não é preciso concorrência. Cada um de nós tem habilidades peculiares que podem ser canalizadas a serviço do semelhante. Isso envolve muitas vezes sacrifício pelo abandono da zona de conforto. O desafio não é descobrir ou saber o que você possui, mas o que faz com o que tem. 

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

QUEM É O SEU ESPELHO?

    


Se seu espelho for exemplo de corrupção, da corrupção será exemplo.  O ser humano acaba se parecendo com aquilo que tem acesso e, mais que isso, com aquilo com o que se identifica. Se não há referência do incorruptível, a ideia é de que não existe incorruptibilidade. Se não há referência do que é justo, não haveria justiça?  
        A sociedade vive de referências, e esse papel é cumprido pelos poderes que controlam a educação, a política, os meios de comunicação. Quando repetidas vezes ouvimos que a culpa das mazelas sociais é daquele “inimigo” criado e apresentado à sociedade, como sendo o monstro a ser combatido, deixamos de exercer o senso crítico se abraçarmos essas referências como sendo a verdade. E assim aceitamos essa bola de neve, nos envolvemos nela e dificilmente rompemos suas estruturas para observarmos do lado de fora. Quando as referências negativas da mentira e corrupção são acentuadas, a verdade tropeça, os valores se invertem. “Não pode contra eles, una-se a eles” – diz outro pensamento comodista largamente conhecido. 
       O termo “ninguém é perfeito” e “todo mundo erra”; ou “não foi só eu quem errou”,  acaba transferindo responsabilidades pessoais para algo ou alguém real ou imaginário criado na tentativa de minimizar os danos que provocamos. Essa ideologia não contribui, em nada, para mudanças de rumo, de olhar, de comportamento, a não ser um instrumento a serviço da manipulação das mentes para se tornarem condescendentes e passivas com o erro.
     Não existe homem absolutamente perfeito. Há quem usa como referência a honestidade, a coerência com o que é justo. Esses buscam alcançar a honra.
    Se entendemos que o homem tem tendências para praticar erros, esse mesmo entendimento nos serve de alerta, não como uma “licença” para errar. De outra maneira, a prática de erros conscientes, torna-se um ato deliberado, como uma escolha. Para os que erram deliberadamente, já não resta perdão, pois o perdão se processa pelo reconhecimento da prática errônea, do arrependimento e do abandono dos erros.


    Em nossa sociedade é cada vez mais notória a prática deliberada da corrupção, e muitos defendem que isso faz parte da “dimensão humana”, porém essa constatação deixa de ser produtiva no sentido de converter as ações corruptíveis.
    A decisão de não condescender com os erros já é sinal da busca da perfeição e da intenção de melhorar como ser humano. A não conformidade com as práticas que levam à desconstrução do que é justo, honesto e perfeito, aponta para o caminho da mudança de olhar e do entendimento do papel de cada indivíduo como responsável por suas próprias ações diante do universo.
Romanos 14:10-12 diz: “Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo... De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” II Coríntios 5:10 nos diz: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.


   

  

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O PASTOR UNIVERSAL

               
Disse Jesus: “E conhecereis a Verdade, e a verdade vos libertará” – João 8:32.
Esta mesma palavra não surte efeito do homem dizendo para outros homens. De mentirosos dizendo para mentirosos Essa “verdade que liberta” não está na dimensão do homem para o homem.
            É o conhecimento da verdade que liberta o indivíduo. A verdade é cristalina, pura, incontaminável. Ao encontro dela cai por terra todas as teorias, crendices, doutrinamentos.
O que se observa é que a humanidade, ao longo da história,  em diversos grupos distintos, tentam impor verdades, confrontando fatos e argumentos; emaranham-se em suas contradições.Verdades que precisam de retoques, restaurações. 
           Se a verdade da qual falamos, depende de outros elementos ou outras “verdades” para prová-la, essa verdade é discutível no âmbito terreno. Se é necessário dar explicação para a verdade, nem sempre encontrará o seu lugar.
       O conhecimento da verdade é para a libertação pessoal. “A verdade vos libertará.” Jesus falava aos judeus, o povo que o havia rejeitado porque estava preso às suas próprias verdades, mas essa verdade da qual Jesus falava, e que representava a si mesmo, é que será o crivo para que cada um julgue-se a si mesmo.
       Foi assim que Jesus tratou os fariseus que levaram diante dEle uma mulher que havia cometido adultério para que fosse apedrejada como dizia a lei. Jesus levou aqueles homens a refletirem sobre si mesmos, sem grande discussão, sem criticá-los. A verdade gera um efeito de mudança.

      Os Judeus não se sentiam escravos para ouvir alguém dizer-lhes que precisavam de libertação. Jactavam-se por serem filhos de Abraão e nunca terem sido escravos de ninguém.

   
Pregar uma verdade “esquecida” não deve ser preocupação que ocupe a vida em primeiro lugar. Viver essa verdade para que resplandeça como luz em nós mesmos não se perde em meio às falácias dos que reivindicam ser os “guardiães” da verdade a qual o mundo precisa conhecer. Verdade esquecida é aquela outrora praticada e que, por diversos motivos, aos poucos, foi deixada de lado pelas misturas com outras verdades. Essa verdade nunca será esquecida definitivamente. Mas observe: uma verdade só é esquecida por quem um dia teve conhecimento dela. Atualmente observa-se que as religiões estão entrando em diversas áreas para chamarem a atenção para suas verdades. As igrejas falam de comportamento, sexo, família, finanças; saúde e beleza. Usam determinada verdade para refutar outras. Mas nada disso é a verdade que liberta. É a discussão sobre comportamentos, teses, antíteses na esfera imperfeita do ser humano que busca adequar-se ao que lhe é confortável. A verdade que liberta é a que muda a vida em todos os seus aspectos, e é dessa verdade que nos afastamos e acabamos nos confortando com assuntos periféricos.  Discutem o que o mundo discute, mas sem nenhum chamamento para a verdade da qual Jesus disse. E ainda há tantos agindo como aqueles que se diziam livres: “Vocês coam uma mosca e engolem um camelo.”  Ainda continuamos discutindo efeitos; pormenores humanos; criamos teses e sermões com base no comportamento da sociedade no mundo, e isso pouco resultado traz. Aliás, o mundo se especializa muito mais nas áreas que muitos crentes se arriscam entrar. Acabamos nos confortando por acreditarmos nas mesmas coisas, em possuímos a mesma verdade, mas não produz frutos em nós mesmos. Caímos na tentação dos Judeus: “Temos como pai Abraão; nunca fomos escravos de ninguém.” Mas foi a estes que Jesus disse: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Enquanto a verdade que conhecemos for usada para contrapor “as verdades do mundo” e mostrar que temos a razão, essa verdade estará apenas sendo discutida e continuaremos “gritando” para que o mundo nos ouça. Esse papel não cabe a nós.
          Alardeamos que as “pedras estão gritando” quando o mundo descobre e divulga verdades que julgamos conhecer a mais tempo. Mas, de que valeu isso? Não estaríamos sendo orgulhosos e jactanciosos? Os propósitos de Deus para a humanidade tem sido cumpridos ao longo dos tempos e precisamos entender que o plano de Deus é com a humanidade e, ao mesmo tempo, com cada indivíduo que conhece a Jesus – A verdade. Se Deus usou a mula de Balaão para que ele O reconhecesse, é Deus quem cuida de sua verdade, porque ela diz a seu respeito. E Ele usa a quem lhe aprouver.  
Preguemos, pois, o Evangelho. Vivamos os ensinamentos de Jesus e seus mandamentos. Resgatemos em nossa vida os sermões que Jesus pregou a seus discípulos. Seus ensinamentos ultrapassam gerações. Não estão escondidos com um povo, mas Ele se revelou aos homens.
"E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim". João 12:32.
Jesus é a Verdade. O pastor Universal que a todos diz: “Vinde a mim...” 

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

TÃO IMPORTANTE QUANTO VOCÊ, É O SEU PRÓXIMO!

Quando vejo campanhas na televisão de gente envolvida pelo bem de outras pessoas, emociono-me ao perceber de que maneira um meio de comunicação pode ser usado. Não para ajudar a empresa a se sustentar para que continue fazendo a mesma coisa, mas como uma ponte para ligar os que podem ajudar, àqueles que necessitam. Necessidades físicas, não imaginárias, que muitas vezes são sugestionadas por argumentos emocionados que provocam sensações diversas. Esses dias ouvi um pastor na televisão quase chorar pedindo oferta especial para manter seu programa. O argumento era que aquela era uma obra de Deus e não podia parar.
        Vivenciei uma experiência que nunca esqueci. Em meu início de carreira no rádio trabalhei numa emissora mista, que também alocava horários de programa. Certa vez um pastor estava no ar com seu programa e chegou uma pessoa na rádio para fazer um apelo. O homem estava desempregado e precisava de cesta básica. Ouvi a resposta: “Aqui eu não posso fazer pedido para as pessoas no ar. Aqui eu só prego o Evangelho.”  Esse pastor era um dos tantos que pediam ofertas no ar para manter seu programa.
Diante disso, imaginei que ele faria alguma coisa pelo homem pessoalmente, mas nada foi feito.
        Tão importante quanto você, é o seu próximo.  Isto ficou bem claro quando um novo mandamento foi dado por Deus, que resume todas as regras de convivência no mundo: o amor a Deus e ao próximo. Quando avançou nessa questão, Deus pediu para que cada um amasse ao próximo quanto a si mesmo revelando a igualdade do amor. O amor a todos nivela. Se dizemos que amamos a Deus, a ponto de fazermos algo para Ele, em nome dEle, para uma instituição ou organização que acreditamos pertencer a Ele, mas retemos a mão em ajudar ao semelhante necessitado, nossa oferta a Deus não é aceita. Se devolvemos dízimos e ofertas para ajudar a obra de Deus e damos as costas ao nosso irmão, o nosso próximo, nossa aparente generosidade para com Deus é interesseira.  Se os instrumentos que temos em mãos, que podem ser usados para o benefício social e físico do semelhante, a exemplo do que Cristo fez em sua missão na Terra, e usamos todos os recursos para um crescimento corporativo, seremos como servos infiéis.
          O que você faz a você, em seu benefício, a roupa que veste, a comida que come daria ao próximo anônimo, desconhecido, como a si mesmo? Ou faria o seu esforço para doar a órgãos ou instituições porque são de “credibilidade” que poderiam ovacionar seu nome em gratidão nominal?  



“Ai de vós, doutores da Lei e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas tendes descuidado dos preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé. Deveis, sim, praticar estes preceitos, sem omitir aqueles!” – Mateus 23:23.  
           Essa mensagem não é reflexiva apenas aos líderes ou a alguém com poder de comandar pessoas e operar o amor, a justiça e a misericórdia para com os outros. No plano do amor de Deus, todos estão nivelados: para o amor, não há grandes ou pequenos, líderes ou comandados. Para Deus não importa o que você é ou o que você faz. Para Deus importa se você ama a Ele, e ao próximo como a si mesmo.
“Mesmo que eu dê aos necessitados tudo o que possuo e entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, todas essas ações não me trarão qualquer benefício real”. - I Coríntios 13:3.


domingo, 25 de outubro de 2015

DIGA SIM, QUE AS PORTAS SE ABREM

         
 Conheci e conheço muita gente que diz: “Eu não sei pedir nada para mim, mas consigo pedir para os outros.”
Essas pessoas acabam colaborando como instrumentos do bem, porque se tornam canais para abençoar a vida de outras pessoas. “Não vire as costas aos que lhe pedirem algo” parece ser uma vocativa levada bem a sério por esses agentes do amor. Se você não estiver disposto a comprometer-se, não diga sim. Se disser sim, suas portas se abrem para que o espírito do amor faça de você um servo.  
Recentemente entrevistei em programa de rádio um secretário de promoção social de um município. Ele foi chamado ao cargo por seu histórico de serviço às pessoas que o procuravam. Perguntei a ele começou a fazer esse trabalho.
-As pessoas me procuravam porque eu era um farmacêutico e tinha uma farmácia. Minha cidade era pequena e as pessoas me procuravam em busca de ajuda.
       Foi assim que acabou se envolvendo no serviço pelas pessoas que careciam de sua ajuda. Ele estava ciente do que podia fazer. Sabia que o que as pessoas buscavam por meio dele, ele tinha condições de atender.
      É nesse ponto que muitos descobrem sua missão e utilidade no mundo. Conhecer suas habilidades e potencialidades e por meio delas, dispor-se ao serviço.
-Eu nunca disse não. – continuava o farmacêutico. –Mas quando eu dizia sim, sabia que estava abraçando uma missão que deveria ser levada até sua conclusão.
      É assim que as portas se abriam. Ele acabou formando uma corrente que crescia, pois seus feitos eram vistos e acompanhados por outras pessoas que também passavam a ajudá-lo a ajudar.
          Tive a oportunidade de vivenciar algo semelhante. Em meus programas de rádio eu fui procurado uma vez por uma pessoa que precisava de ajuda. Eu coloquei no ar aquela pessoa, que, conversando comigo no estúdio teve a oportunidade de dizer ao meu público o que estava precisando. A partir daquele dia, comecei a ser procurado por várias pessoas e todas eram atendidas. Sempre que tenho a oportunidade de estar no ar com um programa de rádio e onde permitem que assim eu faça, as portas se abrem novamente.

        Se fizer o bem a alguém, de coração, com generosidade e espírito de amor e solidariedade, sabendo o que pode fazer e usar todas as influências para realizar algo a favor de um necessitado, saiba que enquanto disser sim, você será um canal de bênção para outras pessoas.  E cada indivíduo sabe o que pode, e o passo que pode dar a mais nessa direção. Usar o argumento de que se fizer a um terá que fazer a todos, é a maneira mais cômoda de virar as costas a uma oportunidade de ser instrumento de amor na vida de outras pessoas. Isente-se de conceitos ou preconceitos. Imagine que um instrumento não trabalha nem olha para si mesmo. É isso que dá sentido ao que Cristo ensinou na dimensão do amor a Deus e ao próximo. 


sábado, 24 de outubro de 2015

GESTO HEROICO

         
Ilustração dos 3 jovens na fornalha 
 Pode ser visto como um gesto heroico, digno de aplauso, até mesmo de solidariedade, o fato de, aproveitando a liberdade religiosa, e em alguns casos até por força de liminares ou articulações políticas, a submissão de jovens observadores do  sábado que passam o dia esperando o horário para fazerem suas provas.
         Lembro-me da divulgação massiva na mídia nos anos 80 em que o dia das eleições caiu num sábado e os sabatistas não foram às urnas.
         Até que ponto causa perturbação o fato de o “cerco estar se fechando”, levando a uma percepção de que as profecias estão se cumprindo, como se pudesse por algum esforço frear a marcha do tempo? Por outro lado não pareceria uma pretensão de fazer com que a fé contrária à essa marcha prevalecesse no mundo? Quantos há que não seriam capazes de dar tudo o que tem para continuar fartando-se dos bens que este mundo ainda oferece? Empunhamos bandeiras exigindo míseros direitos nessa terra? Ainda lutamos por espaço junto aos reis deste mundo para tentar provar quem somos?
Esse gesto tem servido apenas como divulgação de que existem grupos religiosos que não tratam de seus interesses no dia de sábado e para orgulharem-se da fé que possuem em detrimento de outros grupos religiosos?
       O que isso tem mudado na vida das pessoas que se tornam expectadoras desse gesto de fé? O que mais tem gerado impacto na vida dos guardadores do sábado e do mundo, não apenas questões de interesses humanos que “pegam carona” nos fatos corriqueiros do mundo,  para fazer resplandecer a luz do evangelho?
      O fato é que ainda há muitos lutando por seus interesses temporais, diante das facilidades que existem por causa de uma convicção religiosa, não por princípio de fé. Faz-se questão de evocar a lei da liberdade para continuar fincando suas raízes na terra e ainda fartar-se das iguarias do mundo, porque as leis terrenas ainda permitem.

Paulo e Silas foram presos por causa da fé
sem garantias humanas. 

       Praticar a fé em tempo de paz é diferente de praticá-la em tempo de guerra. Declarar fé enquanto as fornalhas do rei ainda não estão acesas não é tarefa difícil. Manter viva a fé diante dos decretos e determinações que poderão fechar as portas para a prática da fé, é que vai nos fazer posicionar de que lado estamos. Mas isso já tem acontecido com muitos dos guardadores do sábado, pois não se trata de algo explícito. Há muitos praticantes da fé que são levados às “fornalhas” do reino deste mundo e sofrido em silêncio e sem a quem recorrer a não ser o socorro do Deus Eterno. Há muitos sofrendo por serem amigos de Deus, o que contraria o mundo; que praticam as boas obras; que amam ao próximo, a honestidade e a justiça, cuja religião ultrapassa o rito comportamental sugestionado de maneira organizada e orientada, mas arraigada no coração que se manifesta nas pequenas práticas diárias, sem holofotes, sem autoafirmações, sem a necessidade de mostrar conceitualmente a crença, mas praticando as boas obras, que não se resumem a contextos isolados.

São essas ações do evangelho no dia a dia, que contagia e faz a diferença no mundo. Que esse desejo seja constante em cada coração. Que as ações de hoje, sejam o reflexo das ações vindouras, e que esse testemunho seja presente em todos os aspectos dos atuais discípulos de Cristo. 

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A LUTA DO MAL CONTRA O MAL

       
Meu filho me perguntou esses dias ao olharmos uma figura de imagem antagônica: - O que é o bem e o que é o mal? 
É o que fazemos. Nem o bem, nem o mal ganham lugar sem as nossas ações. São necessários instrumentos para que se manifestem. O mal é tudo o que destrói, mata, corrompe, engana, e tudo isso se manifesta pelas ações humanas. Fazer o bem ou o mal é algo que aprendemos sobre o que é fazer o bem, e o que é fazer o mal. Por outro lado, todos os homens nascem com a consciência do bem e do mal. É essa consciência que dá aos homens a possibilidade de escolher. O produto do mal é como "castelo de areia" em que dois brigam para conquistá-lo. Os malfeitores destroem a si mesmos, uns aos outros, e o ambiente que ocupam. Os que praticam o mal caem na própria armadilha que criam, porque o malfeitores se sustentam a não ser tentando prolongar articulando outras práticas malévolas que se tornam mais destrutivas a si mesmos e ao lugar que ocupam. Em vez de aplacar o orgulho, assumem seus erros como verdade. 

        Mesmo ao nos desculparmos de termos nascido num ambiente predisposto ao mal e de que nossas inclinações pendem para o mal, é necessário que parta de nós a ação para que o mal se multiplique. Do mesmo modo o bem. Podemos praticar o bem, mesmo tendo inclinações para fazer o mal. 

Ouvimos sempre falar da luta do bem contra o mal. Pensando friamente, o que observamos é que o bem, em tempo algum, nunca se posicionou como um "lutador", pois a grande característica do bem é o amor.  O bem é o princípio. O mal estabeleceu-se a partir do bem desintegrando-se de sua origem, iniciando uma luta para manter-se e conquistar simpatizantes. Mas o mal, ao logo da história, criou outros males que disputam entre si, maior espaço. O mal luta entre si, o bem, não. O que é princípio, originado do amor e da luz não precisa autoafirmar-se para se tornar aceito. O bem não se impõe, enquanto que o mal precisa propagandear-se, defender-se, acusar. O mal causa desordem em todas as esferas onde atua, pois sua razão de existir é a disputa, o desejo exagerado pelo poder.


         Jesus quando esteve no mundo causou insegurança aos poderes da época, que viram nEle um opositor, uma ameaça aos seus interesses terrestres, mas deixou claro que seu reino não era terreno. Ele não veio para derrubar impérios, destruir os que praticavam a injustiça, nem ameaçar com espada àqueles que não aderissem aos seus ensinamentos, mas para dar ao indivíduo a possibilidade de entender que para o reino da luz ninguém precisaria disputar um lugar. 
            Se Jesus viesse disputar o poder dentre os homens, sua bondade, justiça e misericórdia estariam ameaçadas. Se concordasse com o discípulo Pedro ao cortar a orelha do soldado que o ameaçava, estaria agindo com as mesmas armas dos maus. 
           Observe que o mal se propaga no mundo por causa dos poderes que os homens buscam conquistar. A mentira, o engano, as injustiças são praticadas de uns para com os outros como elementos para resistência e subsistência. "Matar para não morrer" é palavra de ordem; destruir os que cruzam seu caminho passa a ser uma ordem natural do império do mal. Aqueles que conquistam os poderes terrenos precisam usar as armas dos terrenos, e a luta do mal contra o mal se estabelece, não apenas para aniquilar o mal, como sendo um propósito justo, mas para ampliação do poderio a todos que parecem ser ameaça aos seus intentos. 

         Os filhos da luz jamais lutarão contra os filhos das trevas. São dois paralelos, duas dimensões, cada qual com seu caráter e suas ações. A luz jamais usará sua força para aniquilar as trevas, pois as trevas é ausência de luz, e em sua presença, as trevas apenas se dissipam, sem traumas, sem demandas, sem dores, sem clamores. Aqueles que empunham armas pelo bem, aliam-se ao mal, e tornam-se maus entre si. Seguir a luz é adotar a mente do Cristo: "Amai os vossos inimigos; orai pelos que vos perseguem." Se Cristo assim orientou a seus discípulos, Ele assim se revela diante dos malfeitores.  

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

A MELHOR DEFESA É RESPONSABILIZAR-SE

        
Aprendemos que a melhor defesa é o ataque. É um pensamento comum que permeia gerações. Aprendemos a nos defender atacando algo ou alguém que consideramos inimigo ou alguma situação que nos ameaça. Não é raro um errante apontar os erros de outros errantes como uma arma para minimizar sua responsabilidade. Apesar de mostrar a corruptibilidade humana, aponta também a malícia dos que deliberadamente decidem aproveitar o ensejo ou as brechas, ou as condições favoráveis para que o caráter de cada indivíduo se manifeste. O avô de um velho amigo disse certa vez: “A ocasião não faz o ladrão, apenas o revela.”
       Assumir responsabilidades é, em muitos casos, “colocar o pescoço na guilhotina” ou acabar com uma carreira profissional ou política, ou expor-se à vergonha. É preciso dignidade para tal atitude. A zona de conforto da posição e dos cargos assumidos parecem pesar na hora em que a verdade se defronta com o errante, e a negativa parece ser a saída mais óbvia. Apesar de os erros fazerem parte de um contexto com o envolvimento de outros agentes, é preciso que o desencadear do desastre moral partir de um ponto central, de um núcleo, principalmente de quem tem maior poder de liderança. Ainda assim nenhum indivíduo está isento de suas responsabilidades, ainda que justifique seus erros pela pressão de um grupo. Se existe essa consciência, o erro se torna uma escolha deliberada.
      Tive uma experiência no início de carreira como locutor noticiarista de uma emissora do Rio de Janeiro. Era um jovem principiante com 17 anos de idade. Pouco antes de ler o boletim de notícias no ar, passei na sala de redação para pegar as laudas. Durante a leitura no ar, pronunciei uma palavra com erro de grafia e o diretor de jornalismo me chamou para perguntar o que havia acontecido.
-Estava escrito daquele jeito! – disse. – Não foi erro do redator? – inquiri.
-Sim – respondeu. Ele ainda acrescentou:
-Elias, vou lhe dizer uma coisa que vai servir para tudo na sua vida, não só nesse caso. Nosso trabalho é feito em equipe, mas a responsabilidade é individual. O redator errou, sim, mas você deve ler o texto antes de ir ao ar.
Vivemos numa sociedade em que poucos escolhem assumir suas responsabilidades. Cada qual torna-se advogado de si mesmo, apontando o erro alheio. Isso tem sido comum no cenário político e se tornou um comportamento “epidêmico” em toda a sociedade, abrindo brechas para a inversão de valores. Errado é sempre quem cobra explicações daqueles que no exercício de suas atividades não cumprem devidamente seu papel. Explicam seus desmandos, erros e desastres a fatores externos. E assim caminhamos em rumo incerto. 


PÃO QUEIMADO

-Você levaria esse pão para casa se estivesse em meu lugar? - perguntou o cliente ao atendente do outro lado do balcão da mercearia. O pão estava queimado, mas a resposta do atendente foi de que não podia perder a fornada. 
       Pensar na qualidade do que se oferece aos outros parece que ainda é uma mentalidade difícil de ser adotada aos que querem lucrar a curto prazo. Querem apenas vender um produto que não existe pela defasagem de sua eficácia, ou pela qualidade duvidosa. 
     Tornar-se um vendedor apenas com cabeça de vendedor, não a de comprador, para muitos pode significar prejuízo no momento em que a venda é vista como um meio de sobrevivência. Perguntar-se a si mesmo se compraria ou se indicaria a um amigo o que está vendendo, em muitos casos pode trazer um peso na consciência inicialmente, mas ao adotar a ideia de que está cumprindo sua parte como vendedor torna-se com o passar do tempo um anestésico para a dor da consciência. Aliás, compra quem quiser comprar! Esse é o argumento defensivo. Mas há quem diga: - Muitos gostam de pão queimado! E é um argumento de quem não quer admitir que o pão passou do ponto, de fato. Admitir as falhas é assumir que precisa mudar, fazer diferente, o que exige mais perícia, conhecimento, análise, avaliação.
Não é possível progredir
vivendo a doce ilusão do passado
É possível que uma árvore plantada dê frutos várias vezes, mas se ela não for cuidada e protegida, com o tempo se esgotará o seu vigor, influenciando diretamente na saúde dos frutos e sua aceitação. Não é suficiente viver na doce lembrança de que no passado os frutos eram viçosos e saudáveis. A reflexão deveria ser a de observar desde quando as pragas começaram a atingir seu empreendimento e corrigir as falhas. A nossa aprendizagem começa a partir do ponto em que conseguimos identificar em que ponto erramos. É assim que passamos a assumir o controle de nossas ações, e sair do "piloto automático." 

           Há os que não desejam ser desonestos com a própria consciência por oferecer um produto que não traz o resultado proposto. Seria como vender com cabeça de comprador. Por outro lado, o cliente que abre mão de seu produto após tê-lo experimentado e não sentir sua falta ou prejuízo por não obtê-lo, já é uma mostra de que o que vendeu é desnecessário. 
           -Já falou com aquele empresário sobre a publicidade? - perguntou a gerente comercial.
          -Que produto estamos oferecendo a ele? O que podemos trazer como benefício que o convença de que o nosso produto é necessário para ele como um instrumento que trará resultado? 
       É preciso que essa questão seja levada em consideração. Não se deve pensar apenas em ganhar como fim, sem considerar a qualidade do resultado para aqueles a quem oferecemos nosso produto, seja ele qual for. Você conhece, de fato o que está oferecendo? Pensa apenas em ganhar sem antes investir na qualidade do produto que oferece? Se assim não for, seu empreendimento está fadado ao fracasso. Esteja disposto a ouvir o que seu cliente diz a respeito de seu produto. Não se justifique. Avalie. Pois o que você produz não é para si mesmo. 

           

          


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

OCUPE-SE!

Observe que, quanto menos ocupados, mais preocupados nos tornamos. A preocupação é imaginária, mas tão densa, que tem o poder de paralisar a vida. A ocupação é produtiva a ponto de fazer desenvolver as diversas áreas que envolvem as relações humanas. Cada ação, vai resultando em reações que provocam novas ações em cadeia crescente e constante como uma fonte que não se esgota. A ocupação consciente pelo reconhecimento do papel que podemos assumir é que dá motivação a vida. Não se preocupe com o que não pode fazer. Ocupe-se com o que pode, apenas. É a partir desse ponto que as peças se encaixam perfeitamente para formar o que parecia sem sentido, em algo realmente útil e proveitoso. 

          Esses dias observei no suporte de lixo do prédio vizinho o comportamento de dois catadores. O primeiro, minuciosamente revirou a lixeira para ver se havia algo de seu interesse. Depois de ter visto tudo o que pôde, saiu sem levar nada consigo. Alguns minutos depois, chegou outro catador, revirando a mesma lixeira. Este conseguiu encontrar o que parecia ser importante para seus objetivos.  Estar ocupado é tão importante do que saber com o que se ocupar e saber selecionar o que traz resultados satisfatórios. No caso narrado, nem o lixo, nem a lixeira mudou. Mudou os catadores, os olhares, os objetivos. Mas nenhum deles ficou parado pensando sobre o que teria na lixeira. O que era importante para um, não era para o outro. 
            
           Grande parte das preocupações que temos poderia ser resolvida se apenas nos ocupássemos, mesmo sem saber ao certo se o que fazemos trará o resultado que esperamos, pois, de fato, não há como ter prova de uma resposta sem provocá-la. 

             Certa vez uma mãe me ligou em programa de rádio falando de sua preocupação com sua filha. Dizia ela: "Meu genro está maltratando a minha filha; não deixa ela sair de casa, e até me proibiu de visitá-la. Mas ela diz que o ama e que quer evitar mais confusão. Estou muito preocupada com ela; estou me acabando, perdendo noites de sono". 

-O que a senhora pode fazer para ajudar a sua filha? - Perguntei.
Houve silêncio. Parecia procurar palavras. 
-A senhora acha que a sua preocupação é produtiva. O que a senhora pode fazer? 

           Se há algo que pode ser feito, ocupe-se, não se preocupe. Se já não existe saída, ocupe-se onde estiver. Faça de seu lugar o seu espaço. Aceite-o, renovando o que puder para confortar-se. A relutância em não aceitar determinada situação, causa mais sofrimento do que admitir que tudo o que ocorre é reação do que fazemos, não fazemos e o que impedimos de fazer. Verifique se há alguma coisa que ainda pode fazer. Se há possibilidade, ocupe-se. O resultado será proporcional ao seu esforço. 

O QUE A CIGARRA LEVOU DE MIM

 
         Há uma crença dominante, até mesmo por constatações, de que o ser humano precisa de carinho. Mas, por outro lado, o ser humano parece o único no universo de seres criados, que se furta ao desfrute do amor pelo orgulho, arrogância e vaidades. Esse pode ser um forte sinal da marcha que a humanidade vem seguindo ao longo dos séculos: a rejeição do amor. Aprendem que tudo deve ser do seu jeito, da maneira que sua cabeça pensa e, assim, muitos correm o risco de se afastarem da “dimensão” do amor e caírem em suas próprias armadilhas.

          A presença de pessoa torna-se ameaça para outra em determinados locais ou situações. Os entreolhares mostram desconfiança e medo. Os acontecimentos violentos entre pessoas criam uma barreira onde o amor e a confiança não podem entrar, senão pelos canais que abrimos em nós, para que esse dom se manifeste. Enquanto estivermos envolvidos pelo medo, a rejeição torna-se um escudo de proteção, e a falta de amor fará parte da vida de maneira justificável, a tal ponto, de fazer com que, desejar mal àquilo que parece ameaça, ser razoável.

        Uma cigarra entrou pela janela do quarto e se fixou no lençol da cama, batendo as asas com aquele som característico. Peguei a cigarra com todo cuidado unindo suas duas asas para que não sofresse algum dano. Naturalmente ela se debatia, tentando movimentar as asas, e mexendo com rapidez suas patas para se desvencilhar de minha mão. Mas a virei frontalmente para mim, observei alguns detalhes que não tinha visto antes. Comecei a falar com ela. O dia foi quente, não é? E você cantou nos troncos de muitas árvores? Você é uma criaturinha de Deus, sabia?
        Certamente ela não me entendia, mas enquanto eu falava com ela, foi se acalmando. Meu filho observava ao meu lado e admirou-se quando a cigarra se acalmou.
Comecei a acariciar a cabeça da cigarra com o meu dedo indicador lentamente enquanto falava e ela se aquietou completamente. Logo depois, levei-a até à janela e soltei. 
        O que a cigarra levou de mim, eu não sei. Para a dimensão dela eu sou um gigante. Talvez seus olhos não me viram como sou, ou como as pessoas me veem. Pode ter sido uma experiência única para ela o que aconteceu. “O que aquele estranho tentava ao me tomar pela mão? Ele é de uma outra natureza, de uma outra camada; enxerga diferente". Certamente não teve a ideia maliciosa de que eu poderia esmagá-la, pois que noção teria dessa "ciência do mal?". Mas uma coisa ficou estabelecida entre nós: o amor e o carinho gerou confiança e entrega. O amor nos iguala a outros seres vivos, pois o amor a todos criou.


terça-feira, 20 de outubro de 2015

ESFORÇO INÚTIL

  
Há quem vive em movimento, mas não sai do lugar.
Hiperatividade e proatividade, apesar de possuirem os mesmos sufixos, são diferentes em sua estrutura. É possível que cada vez que alguém se mostra “hiperativo” em  determinadas ações, mostra-se também sem a noção exata de quê e como fazer. É possível que até circule, mas parece sempre voltar para o mesmo lugar, exausto, atordoado, sem nada na mão. 
Não basta apenas estar em movimento sem uma ordem que determine a direção a tomar. Há muita gente se movimentando o tempo todo, trabalhando sobremaneira, desprendendo muitos esforços, sem ao menos conseguir obter resultado proporcional. Há muitos reclamando de “trabalhar muito”, sem se dar conta de estar trabalhando errado. É preciso estabelecer um norte. Até as aves tem um plano de voo para chegar ao lugar que pretendem. Não há nada aleatório, nem na natureza, nem nas práticas humanas. Há uma ordem natural, mesmo dentro de algum plano que elaboramos. Se agirmos aleatoriamente sem ter noção exata de causa e efeito, ação e reação, passaremos a não ter prazer no trabalho que se tornará um enfado. O cansaço não afetará apenas as forças físicas, mas a força espiritual da motivação.
Até quando ficará como "ramster" na rodinha?

          Avalie se sua “hiperatividade” é resultado de sua habilidade insuficiente em determinadas áreas, ou se provém de uma ansiedade exagerada por alguma coisa que fugiu de seu controle e ainda não admitiu porque não quer assumir a responsabilidade de fazer o que é realmente necessário. Ainda espera que coisas novas aconteçam comportando-se da mesma maneira, sem, contudo, admitir que deve render-se, ao invés de viver uma vida de intensas reclamações, culpando a Deus ou a sorte por resultados não obtidos? Uma vida aparentemente em movimento, para muitos, é uma demonstração ilusória de que está cumprindo sua parte, mas sem realizá-la com orientação, planejamento e ação concreta. Aos poucos, a situação passa para uma dimensão “patológica”, em que suas razões tornam-se a baliza de suas críticas ao que se manifesta do lado de fora, cujos resultados não se compadecem de sua incapacidade de gerenciar suas próprias falhas, o que exigiria ação inversa.

     Quem lida com números, não deve apenas entender de números, mas de suas razões e aplicabilidade. Quem lida com números apenas para fazer conta e pôr na ponta do lápis apenas as despesas, poderá cair no vício de não saber como multiplicar resultados. Quem lida com gente, não deve apenas entender de gente genericamente, mas de seus pormenores individuais e como cada indivíduo pode ser útil em cada aptidão que possui.  

Não é apenas o “movimento” suficiente para operar mudanças, mas um movimento organizado, planejado. Aí está o grande desafio para todos,  e onde começa a se desprender as diferenças entre atitudes e realizações de uns e outros. O proativo age, mas com cautela, apesar de agressivamente. Ele se arrisca mas com planos bem elaborados. Não se debruça sobre o passado, mas aproveita todas as oportunidades do presente com clareza e pé no chão. 

RÁDIO VELHO, RÁDIO NOVO

         
 O que há de novidade no rádio?  O que ele representa na comunidade da qual faz parte? 

           Esse veículo de comunicação de massa deve representar seu povo! O rádio pode perder sua identidade em meio a uma mistura de mídias, acomodando-se, estagnado pela tradição e nome. 


          O rádio local precisa identificar-se com questões que envolvem igualmente seu público local. Sem essa interação com a comunidade torna-se dispensável, e acaba por cair num círculo vicioso que cria raízes profundas tornando as mudanças necessárias cada vez menos atrativas. Não basta apenas que uma emissora esteja no ar. É preciso que tenha propósitos alinhados com a necessidade de seus consumidores. Para quem está falando? Que resposta obtém de seu público? 
      Sem afinar e alinhar sua equipe com essa filosofia, o rádio torna-se substituível por outras mídias, ainda mais com o avanço das redes sociais que acabam assumindo um papel informativo pela opção de compartilhar notícias. 

Se localmente uma emissora transmite o que nacionalmente é farto noutros meios de comunicação, que motivo há de a população acompanhar seus programas?  E se apenas abre espaço para os órgãos e instituições oficiais de uma cidade sem o confronto com a realidade da comunidade (como mediadora) sem a pretensão de "julgar" as causas, acaba caindo no descrédito. Por outro lado, uma emissora local que não investe em programas que atendam às necessidades de seu público com inteligência necessária para tornar-se ponte e se colocar como intermediária dos temas e assuntos comunitários defrontando-os com temas políticos locais, já não há mais sentido de existir. 
O que pesa não é apenas investimento, apesar de necessário. É preciso ideia, projeto, planejamento. Ação e deixar agir. Não depende do meio, mas de quem o media. Não do caminho, mas de quem faz o percurso. Os créditos do passado se acabam. É preciso reavaliar os caminhos. Não é necessário mudar equipe ou tirar programas do ar. O mesmo recurso que se investe em programa de rádio que não se identifica com os anseios populares, é o mesmo que pode ser investido com programas que atendam à necessidade dos cidadãos. A questão é gestão inteligente que não se preocupa com resultados financeiros, sob reclamos e pressões, antes de cumprir o seu papel com a sociedade. Uma emissora local que não atrai audiência local e que deixou de ser um hábito da população, é motivo de atenção. É preciso repensar as propostas. Copiar e colar, apesar de ser uma medida cômoda e passar a sensação de que está tudo bem, do lado de dentro, é preciso saber que efeito o movimento interno causa do lado de fora, porque é do lado de fora que a comunicação se estabelece e se expande.