sexta-feira, 13 de maio de 2016

O QUE É PAU, O QUE É PEDRA.

Se Deus tivesse aceitado o argumento de Adão de que foi Eva quem o induziu ao erro, Deus teria cometido um erro contra sua própria ordem. 

Existe uma ordem inicial, original, principal, a qual deve reger os nossos atos. Essa ordem é natural na essência do ser humano, independentemente das culturas e do ensino que recebe. Os desajustes emocionais ou espirituais podem estar relacionados ao choque com essa ordem. 
"Ordem" não tem a ver com ensinamentos. Ela é preexistente. É essa ordem que rege a vida e todo o universo. É por ela que se desencadeia o processo da ação e reação. Foi exatamente o afastamento dessa ordem que fez com que, despertando a consciência, Adão sentiu-se culpado e, por isso, buscou uma justificativa para o que tinha feito. O primeiro passo foi encontrar um motivo para o seu ato, atribuindo à mulher a participação em seu erro, acusando-a por tê-lo induzido. Mas ele também não conhecia a ordem? 

Como podemos ser "induzidos" ao erro, se existe uma ordem? Ou o erro é consciente (e por causa disso busca-se advogar a causa, abrindo janelas de escape) ou ele ocorre por uma experiência pessoal nova, pela busca daquilo que não conhecemos, apesar de não haver "nada novo debaixo do sol" que não nos sirva de ensinamento sobre os resultados. 

Mas são as consequências ruins, que nos sinalizam que uma ordem natural foi transgredida. 

Mesmo pelos ensinamentos que recebemos, é através da experiência de vida e as experimentações práticas que executamos, que nos mostram, através dos resultados a curto, médio e longo prazos, se as nossas ações seguiram a ordem que deveria seguir ou se foi desviada pelo caminho. 

Quem poderá dizer que foi induzido ao erro, se é senhor de suas escolhas, no pleno exercício de sua capacidade mental, com o senso do bem e do mal? 

Afinal de contas, não há um "castigo" que pode ser operado contra nós, que não aquele proveniente do não cumprimento ao que nos foi apresentado como um princípio.