domingo, 19 de outubro de 2014

BRASIL TEM DIA DA CACHAÇA

O governo brasileiro ao mesmo tempo em que endurece a penalidade para os motoristas que dirigem sob o efeito de álcool, instituiu o Dia Nacional da Cachaça em 13 de Setembro. A data foi aprovada em Outubro de 2010 pela Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados.
A força do comércio de bebida alcoólica é tão grande no Brasil, que foi liberada nos estádios de futebol durante os jogos da copa, depois de muita polêmica criada sobre a permissão das vendas.
O alcoolismo é considerado doença pela Organização Mundial da Saúde, mas parece que o tema não tem sido tratado com a seriedade que requer, no momento em que a bebida alcoólica, especialmente a cachaça é eleita como um bem cultural do país. Mas a verdade é que o álcool é uma droga tolerada socialmente e economicamente viável, por isso, dificilmente teremos estatísticas corretas sobre o número de vítimas que o uso de bebidas alcoólicas causa no país. Não há estatística exata, nem por parte de órgãos do governo, nem de órgãos independentes. O que se tem são números de vitimas de acidentes de trânsito, muitos dos quais atribuídos ao uso de bebida alcoólica. Mas é provável que a vitimação não ocorra somente nas rodovias do país. A violência doméstica e casos de doenças provocadas pelo álcool; o número de pessoas que perdem seus empregos por causa da bebida; a desestruturação familiar por conta da bebida, não entra nas estatísticas, pois não é de interesse econômico: Mais da metade do imposto pago pelo consumidor sobre a bebida alcoólica vai para os cofres do governo.
Os flagrantes de motoristas bêbados mostrados pela mídia em operação especial da “lei seca” não servem de lição para doentes alcoólicos. É uma exposição que não consiste em mostrar o papel educativo da ação, a não ser o vexame do indivíduo flagrado em testes aos quais são submetidos, e suscitar críticas da parte de quem não faz o uso de bebidas alcoólicas, provocando um olhar de revolta e discriminação  da sociedade que associa alcoolismo a "vagabundismo."
O alcoolismo não afeta apenas a camada mais pobre da população.
Foto mostra presidente Dilma sendo amparada ao entrar no carro
supostamente embriagada.  


Por outro lado, o endurecimento da lei que impede motoristas de dirigirem alcoolizados, sugere que o governo está preocupado com a vida das pessoas nas rodovias e avenidas das cidades, mas que ao mesmo tempo, deixa de tratar o caso como deveria. Se alcoolismo é doença, deve ser tratado como caso de saúde pública e o governo tem por obrigação promover políticas que auxiliem o alcoólatra a buscar tratamento para esse tipo de doença, que segundo especialistas surge de uma tendência genética, mas dificilmente o governo investirá contra as grandes indústrias e os grandes produtores dessa droga por seus interesses econômicos.  Estudos comprovam que filhos de alcoólatras são mais propensos ao alcoolismo. Ao experimentar o álcool pela primeira vez, é possível que o indivíduo desenvolva a doença por não ter equilíbrio para conter a compulsão.

De nada vale o trabalho superficial de comunicar em peças pela televisão  após a propaganda da cerveja, que o indivíduo não deve dirigir se beber. Para o alcoólatra o recado não funciona. O caso não deveria ser tratado de maneira superficial como tem sido. As leis são apenas uma mostra de que o governo supostamente está fazendo alguma coisa, mas por outro lado, lava as mãos de responsabilidades maiores como a de recuperação do doente alcoólico e a proibição da propaganda de bebidas nos meios de comunicação e sua ostentação em novelas e atividades culturais e esportivas. Se é uma droga de malefício tão grande e cientificamente comprovado, sua divulgação e amparo legal de comercialização é mais um incentivo para que mais pessoas tenham acesso e desenvolva a dependência. Mantendo a mesma política, tudo o que se faz para combater o uso de bebida alcoólica  é hipocrisia. 

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