domingo, 10 de agosto de 2014

QUEM ESTÁ EM CRISTO NÃO PECA. HÃ?

Pecar, é errar o objetivo, errar o alvo.

Talvez seja chocante ouvir a frase "quem está em Cristo não peca" - num momento em que ouvimos vários sermões e mensagens que mencionam a vida de personagens Bíblicos que pecaram: entre eles Davi; Salomão; até mesmo os discípulos de Cristo como Judas e Pedro, entre outros, protagonizaram ações que os levaram a ser visto como pecadores. Mas quando observamos os fatores que levaram esses personagens a errarem, é possível avaliar sua desconexão momentânea dos ensinos e instruções do Mestre. Para proteger-se dos soldados romanos, por exemplo, Pedro revelou que não conhecia Jesus; foi o mesmo que andou sobre o mar, certa vez ao chamado de Jesus, e que afundou, levando a entender por parte de muitos que o motivo teria sido a "autosuficiência" ou pelo fato de ter desviado o olhar de Cristo. Davi caiu em pecado com uma mulher sensual ao observá-la enquanto banhava-se e alimentou no coração o desejo de possuí-la.
Se errar o alvo (pecar) ocorre por uma ação que depende da tentativa de acertar, por outro lado, o acerto também ocorre por tentativas, por exercício pessoal da vontade e do querer individual. É o caminho inverso do erro. O conselho que lemos em "Porfiai por entrar pela porta estreita, porque muitos procurarão entrar e não conseguirão" - Lucas 13:24. Observe que nesse caso há ação. Ação individual e que não garante que todos vão conseguir entrar. Mas jamais conseguirá entrar pela porta estreita sem esforço. 

Isso não tem ligação com salvação, que só ocorre pela graça de Cristo por meio de seu sacrifício. Isso tem a ver com a escolha humana, a obediência, a aceitação da palavra que de Deus testifica; o desafio que tem muito a ver com a perseverança, com a permanência nesse exercício (da vontade). A ação de Cristo na vida é uma intervenção para o fortalecimento daqueles que estão no caminho do acerto. "No mundo tereis aflições, esforça-te, tende bom ânimo; eu venci o mundo" -  (João 16:33). O poder de Deus em nós para vencer o mundo, depende de nossa disposição em aceitá-lo. Mais uma vez, entra o nosso querer. "Permanecei em mim" - isso é um vocativo. Não há outro que faça isso em seu lugar. (João 15:4) 

Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

João 16:33
Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

João 16:33


Pecar é atitude, apesar de termos nascido com o pecado geneticamente impresso em nosso sangue. É possível que a comunhão com Jesus nos livre do pecado voluntário, aquele que praticamos atendendo a uma tendência natural que cada um de nós traz dentro de si. Não é aceitável o fato de alguém estar com Jesus e ao mesmo tempo praticar atos pecaminosos. Não é possível que façamos a nossa vontade, se aprendemos qual é a vontade de Deus.
"Quem está em Cristo nova criatura é; as coisas velhas passaram e tudo se fez novo" (2 Coríntios 5:17). Trata-se de conversão, a ponto de o pecado não surtir os efeitos que antes surtiam na vida do pecador. Aqui não entra a questão das marcas que a prática do pecado deixa, as cicatrizes, a consequência. Trata-se do refreio de seu desejo de pecar, de praticar as coisas do passado. 
A maturidade espiritual nos leva a entender que ainda não fomos completamente revestidos da incorruptibilidade, pois a isso se atribui a deterioração da carne.. Somos corruptíveis, como natureza pecaminosa com a qual conviveremos até que sejamos revestidos da incorruptibilidade e da imortalidade, pois com o fim do pecado, não haverá mais morte.  1 Coríntios 15:54. O Próprio Cristo quando esteve aqui, em carne, foi tentado pelo diabo e não pecou, pois estava ligado à palavra que sai da boca de Deus.  É possível que se a sombra do "velho homem" nos persegue, pode ser um sinal de que ainda não fomos libertos.
Certa vez perguntei a um ex-fumante, se o cheiro do cigarro aguçava sua vontade de fumar. A resposta foi: "Eu sinto repulsa; sinto-me mal". 
A libertação que Cristo faz em nós, leva-nos a sentir repulsa à escravidão que o pecado nos traz.   

Quando observamos alguns relatos Bíblicos que orientam contra a prática do pecado, a responsabilidade é colocada em nossas mãos, ou seja, depende de nossa escolha.
 
Veja o conselho descrito em João: "Filhinhos meus, isto vos escrevo para que não pequeis. Mas, se alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo". 1 João 2:1 - Quem porventura daria um conselho para alguém não pecar se essa possibilidade fosse uma utopia? "Mas se alguém pecar" - não se trata de uma "licença" para atos de iniquidade, mas uma "válvula de escape" para o pecador que se arrepende após a prática de algum pecado. 
Não podemos mudar por nossas forças a condição de pecador 
Jesus foi provado na tentação no deserto, onde sua fé foi colocada a prova. Mas a Bíblia nos ensina que ninguém é provado além do que possa suportar. Neste ponto entra a convicção, a certeza do caminho que está trilhando, a boa resolução de sua vida como um servo de Cristo. O deixar de pecar deixa de ser um peso, um sacrifício - "Pois as coisas velhas passaram."
Não é raro ouvirmos nos púlpitos, de que "Deus não quer pessoas perfeitas e que podemos cair e pecar, mas não deixar de segurar nas mãos de Jesus." Mas como poderemos cair e pecar se Cristo segura as nossas mãos e preenche todas as nossas necessidades. O que poderia nos distrair para pecar, estando nós, seguros nas mãos de Cristo? O argumento como gentil e generoso quando se fala publicamente para uma platéia mista, e pelo fato de ensinarem que "ninguém é perfeito." É verdade que não há perfeição absoluta, mas diante dos ensinos que Deus deixou para a nossa orientação, estar sob suas práticas, haveremos de ser perfeitos, puros e justificados diante dEle por sua graça e misericórdia, não por nossos esforços como um fim. Como poderemos então aceitar a mensagem em que Cristo sugere aos seus discípulos: "Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito" Mateus 5:48.

O Episódio do perdão à mulher prostituta que seria apedrejada por aqueles homens que criaram uma cilada para justificar sua morte por apedrejamento, nos dá essa lição. Jesus não fez vista grossa para o pecado, porém ordenou que ela fosse embora dalí, onde a ameaça rondava sua vida: "Vai e não peques mais."  Porventura Jesus diria a uma pessoa para não pecar mais, se a prática do pecado não fosse algo vencível? Podemos até considerar que haverá de desprender esforços alguém que passou tanto tempo enraizado em atos pecaminosos; podemos considerar, que a conversão e mudança de vida pode ser muito doloroso até que a alma esteja liberta das tentações que fazem cair. Mas neste ponto, também, é preciso que a vontade de Deus esteja incorporada na vida de quem deseja a libertação do pecado. 

A prática do pecado é uma atitude individual. Nem Deus pode evitar que você peque. Se Deus interferisse nesse contexto, certamente a Bíblia não traria vários episódios de pessoas que tinham o conhecimento de Deus e de sua palavra, nem por isso estavam imunes do pecado, pois sua prática é uma atitude que excede o conhecimento do que é certo ou errado; o que agrada e o que desagrada a Deus e às pessoas. 
Vencer o pecado, ou seja, a prática do pecado, é possível pelo exercício da prática da sujeição à Deus. Sede submissos a Deus. Resisti ao demônio, e ele fugirá para longe de vósTiago 4:7.
"O nosso exemplo não deveria ser o de pessoas que eram santas e pecaram, assim como nós estamos sujeitos" mas o destaque deve ser dado aqueles que passaram pelo processo de santificação e deixaram de pecar pelo arrependimento e abandono de suas práticas pecaminosas. 
A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos em todas as vossas ações, pois está escrito: 1 Pedro 1:15.

A Salvação é de Cristo por sua graça. A mudança de pensamento; a conversão; uma vida sem pecado é o desejo que Cristo implanta em nosso coração. E é impossível concordar que quem está em Cristo pratica a iniquidade, pois estes representam uma classe de pessoas que receberão o brado no último dia, para "apartar-se" eternamente. 
Aquele que é nascido de novo tem a mente de Cristo. "A mente de Cristo pecaria?"

"Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tira­rei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne.Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis". Ezequiel 36.26-27.
Quem anda em Cristo não é condenado, porque anda segundo o Espírito: "Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito". Romanos 8:1. 

É difícil admitir que pecamos apenas quando desviamos o olhar de Jesus. 


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